Exercícios sobre o ciclo do café no Brasil (com gabarito)
O ciclo do café foi um dos períodos mais marcantes da história econômica e social do Brasil, responsável por impulsionar o desenvolvimento do Sudeste e consolidar a posição do país no mercado internacional durante o século XIX.
Este conjunto de exercícios com gabarito comentado vai ajudá-lo a compreender os principais aspectos da cafeicultura brasileira — desde a expansão das fazendas e o uso da mão de obra escravizada até as transformações que levaram à imigração europeia e à modernização econômica.
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Questão 1

A partir da análise da imagem e de seus conhecimentos sobre o Ciclo do Café no Brasil, é correto afirmar que:
a) A produção de café no Brasil foi acompanhada de um rápido avanço das alforrias e implementação do trabalho livre no Brasil, resultado da pressão britânica e da urbanização da sociedade brasileira.
b) A cafeicultura no Brasil provocou um aumento na demanda da mão de obra escravizada na região Sudeste, além de fortalecer as elites agrícolas do Sudeste no cenário nacional.
c) Regiões como o Recôncavo Baiano e a Zona da Mata nordestina experimentaram um período de rápido progresso econômico ligado à cafeicultura, superando o contexto de crise vivido devido à redução da produção agrícola.
d) O avanço da produção de café esteve ligado à implementação de práticas agroecológicas e de associação direta com as espécies nativas da Mata Atlântica, o que reduziu a ocorrência de pragas e doenças na cultura da rubiácea.
e) O trabalho aplicado na produção cafeeira foi predominantemente livre, tendo em vista a rápida implementação da legislação abolicionista brasileira no século XIX.
a) Incorreta. As alforrias e o trabalho livre só ganharam nítida força nas últimas décadas do século XIX, e a cafeicultura manteve forte dependência do trabalho escravizado durante o Império.
b) Correta. O cultivo do café ampliou a demanda por mão de obra escravizada no Sudeste e consolidou o poder econômico e político das elites agrárias da região.
c) Incorreta. As regiões citadas já estavam em declínio econômico, e o centro dinâmico da economia cafeeira deslocou-se justamente para o Sudeste.
d) Incorreta. A expansão cafeeira provocou intenso desmatamento da Mata Atlântica, sem preocupações ambientais ou práticas agroecológicas.
e) Incorreta. A legislação abolicionista foi lenta e gradual, e a produção de café manteve-se baseada na escravidão até 1888.
Questão 2
Texto para as questões 2 e 3.
"Durante o primeiro quartel do século XIX, porém, à medida que o gosto do café foi se desenvolvendo entre as populações urbanas da Europa Ocidental e da América do Norte, e as suas possibilidades comerciais se tornaram mais aparentes, o arbusto do café foi sendo espalhado pelas terras altas e virgens do norte do Rio de Janeiro e do sul de Minas Gerais, penetrando eventualmente em São Paulo. (...) O valor da terra inflacionou, a posse de grandes extensões de terras consolidou-se e o sistema de fazendas (...) foi reproduzido na nova região cafeeira do Sudeste do Brasil".
(BETHELL, Leslie. A Abolição do Tráfico de Escravos no Brasil. São Paulo: EDUSP, 1976. p. 81)
Atualmente, sabe-se que a cafeicultura tornou-se a principal fonte de renda e exportação da economia brasileira na virada do século XIX para o século XX. A partir da leitura do texto, é correto afirmar que o avanço do cultivo de café foi resultado:
a) Das transformações internas dos costumes e das demandas do mercado europeu, cada vez mais afeito ao consumo de café.
b) Da valorização da terra no Sudeste brasileiro, o que atraiu grandes cafeicultores e empreendedores para investimentos na região.
c) Da consolidação do sistema de fazendas no Sudeste brasileiro, que replicou o modelo de sucesso já experimentado no nordeste açucareiro e na região das Minas Gerais.
d) Da pressão norte-americana na abolição do tráfico negreiro, o que forçou o Brasil a buscar produtos alternativos para fortalecer sua economia.
e) Da abundância de cativos disponíveis no mercado brasileiro, o que permitiu a própria abolição do tráfico de escravos em 1831, sem qualquer prejuízo para a cafeicultura nacional.
a) Correta. O texto aponta a expansão do café como resultado do crescimento da demanda europeia e norte-americana, impulsionada por mudanças culturais e de consumo.
b) Incorreta. A valorização da terra foi consequência, e não causa, da expansão cafeeira.
c) Incorreta. Embora o sistema de fazendas tenha sido reproduzido, essa alternativa descreve apenas o resultado, não a causa do avanço do café.
d) Incorreta. Embora a abolição do tráfico negreiro tenha relação direta com a cafeicultura, a principal pressão por sua abolição vinha da Grã-Bretanha, e não da América do Norte.
e) Incorreta. A abundância de escravizados não explica a abolição do tráfico. Ao contrário, a cafeicultura continuou a depender do trabalho escravo por décadas, a despeito da lei de 1831.
Questão 3
Texto para as questões 2 e 3.
"Durante o primeiro quartel do século XIX, porém, à medida que o gosto do café foi se desenvolvendo entre as populações urbanas da Europa Ocidental e da América do Norte, e as suas possibilidades comerciais se tornaram mais aparentes, o arbusto do café foi sendo espalhado pelas terras altas e virgens do norte do Rio de Janeiro e do sul de Minas Gerais, penetrando eventualmente em São Paulo. (...) O valor da terra inflacionou, a posse de grandes extensões de terras consolidou-se e o sistema de fazendas (...) foi reproduzido na nova região cafeeira do Sudeste do Brasil".
(BETHELL, Leslie. A Abolição do Tráfico de Escravos no Brasil. São Paulo: EDUSP, 1976. p. 81)
Para o autor, o desenvolvimento da cafeicultura consolidou a reprodução de um modelo fundiário na região Sudeste, chamado de "sistema de fazendas". Sobre o assunto, é correto afirmar que:
a) A produção cafeeira foi marcada por um sistema de minifúndios agrícolas, trabalhado pela mão de obra familiar complementada pelo trabalho escravo.
b) A cafeicultura estruturou-se no modelo de colônias agrícolas, nas quais lotes de terras eram distribuídos para pequenos produtores oriundos da Europa.
c) O sistema de fazendas baseava-se na pequena propriedade rural destinada ao cultivo de subsistência, com eventual comercialização de excedentes nos mercados locais.
d) A estrutura fundiária cafeeira caracterizou-se pela descentralização da produção em cooperativas de trabalhadores livres, que detinham a propriedade coletiva das terras.
e) O sistema de fazendas consolidou a concentração fundiária através de grandes propriedades monocultoras voltadas para a exportação, baseadas inicialmente no trabalho escravizado.
a) Incorreta. A cafeicultura não se organizou em minifúndios, mas em grandes propriedades escravistas.
b) Incorreta. As colônias agrícolas com pequenos lotes só se difundiram mais tarde em regiões específicas, com a imigração europeia após a Abolição.
c) Incorreta. O sistema de fazendas era voltado à exportação, e não à subsistência.
d) Incorreta. Não havia cooperativas ou propriedade coletiva.
e) Correta. O sistema de fazendas significava grandes propriedades monocultoras, voltadas à exportação e sustentadas pelo trabalho escravizado.
Questão 4
No Brasil, timidamente, as novidades do tempo estarão presentes desde a década de 1860. Antes mesmo de abolir a escravidão, que (...) desmentia a reputação de progressista perseguida pelo Império (...), aqui chegaram alguns lampejos suntuários das conquistas modernas. A fotografia, o telefone, o telégrafo e o fonógrafo causaram espanto e maravilha. A rede de estradas de ferro estendeu-se, unindo aos portos de escoamento para o mercado externo as grandes fazendas do Oeste paulista, onde o trabalho livre ganhava espaço e os proprietários pretendiam ser empresários modernos…”
(NEVES, Margarida de Souza. Os cenários da República. O Brasil na virada do Século XIX para o século XX. IN FERREIRA, Jorge. DELGADO, Lucilia. O tempo do liberalismo oligárquico - Vol. 1: Da Proclamação da República à Revolução de 1930. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. p. 25)
A partir da análise do texto e de seus conhecimentos sobre o período, é possível identificar uma contradição no projeto de modernização brasileiro do final do século XIX. Essa contradição se expressa:
a) Na implementação de tecnologias modernas antes da industrialização completa do país, o que gerou dependência de técnicos estrangeiros e impediu o desenvolvimento tecnológico nacional autônomo.
b) Na expansão da malha ferroviária voltada exclusivamente para o mercado interno, enquanto a economia brasileira permanecia prioritariamente exportadora de produtos primários.
c) Na adoção de inovações tecnológicas nas áreas urbanas, enquanto as fazendas de café mantinham métodos tradicionais de produção incompatíveis com a modernidade almejada.
d) No discurso liberal dos proprietários rurais que se autoproclamavam empresários modernos, mas que mantinham práticas protecionistas que impediam a livre concorrência no mercado cafeeiro.
e) Na incorporação de tecnologias e símbolos de progresso material, enquanto a estrutura social permanecia baseada no trabalho escravizado, revelando uma modernização conservadora e excludente.
a) Incorreta. O texto não menciona dependência técnica como contradição, e sim o contraste entre progresso material e atraso social.
b) Incorreta. As ferrovias tinham como principal objetivo o escoamento do café para exportação, não o mercado interno.
c) Incorreta. O trecho destaca que as fazendas também buscavam modernização, embora mantivessem práticas sociais retrógradas.
d) Incorreta. Não há menção a políticas protecionistas ou à concorrência no mercado cafeeiro.
e) Correta. A contradição central está na coexistência de símbolos de modernidade com a permanência da escravidão.
Questão 5
“A introdução de trabalhadores livres em um país cujas terras eram doadas segundo o velho princípio colonial, ou simplesmente ocupadas, se afiguraria um problema na medida em que se desejava que aqueles trabalhadores se dirigissem às fazendas de café. Assim no mesmo ano de 1850 foi votada a chamada Lei de Terras, que estabeleceu o princípio da propriedade privada.”
(ARIAS NETO, José Miguel. Primeira República: Economia cafeeira, urbanização e industrialização. IN FERREIRA, Jorge. DELGADO, Lucilia. O tempo do liberalismo oligárquico - Vol. 1: Da Proclamação da República à Revolução de 1930. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. p. 204)
A Lei de Terras de 1850 representou uma mudança significativa na estrutura fundiária brasileira. Considerando o contexto histórico e a leitura do texto, é correto afirmar que:
a) A lei democratizou o acesso à terra ao estabelecer a propriedade privada, permitindo que trabalhadores livres e imigrantes pudessem adquirir suas próprias terras através do cultivo e da ocupação.
b) A legislação visava modernizar a estrutura agrária brasileira através da redistribuição de terras improdutivas para pequenos agricultores, fortalecendo a agricultura familiar.
c) O estabelecimento da propriedade privada teve como objetivo principal regularizar a situação dos posseiros que ocupavam terras devolutas desde o período colonial, garantindo seus direitos.
d) A lei restringiu o acesso à terra ao estabelecer a compra como única forma de aquisição, garantindo que trabalhadores livres e imigrantes, sem recursos para adquirir propriedades, se dirigissem às fazendas de café como mão de obra.
e) A propriedade privada foi instituída para facilitar a vinda de imigrantes europeus proprietários de terras, que traziam capital para investir na modernização da agricultura brasileira.
a) Incorreta. A Lei de Terras de 1850 não democratizou o acesso à terra — ao contrário, dificultou a aquisição por trabalhadores livres, exigindo a compra.
b) Incorreta. A lei não previa redistribuição de terras nem fortalecimento da agricultura familiar.
c) Incorreta. A regularização dos posseiros não era o foco central. Muitos foram, inclusive, prejudicados pela nova exigência de compra.
d) Correta. A lei impôs a compra como única forma de acesso à terra, excluindo trabalhadores pobres e imigrantes, que acabaram dependentes do trabalho nas fazendas de café.
e) Incorreta. A legislação não foi criada para atrair imigrantes proprietários, mas para impedir que os recém-chegados se tornassem donos de terras.
Questão 6
”Com a liberação de capitais resultantes da abolição do tráfico negreiro, os investimentos dirigiram-se a outros setores, especialmente à economia cafeeira. Na medida em que esta se expandia, promovia uma ocupação de terras cada vez mais interiores, em especial São Paulo e Minas Gerais.”
(ARIAS NETO, José Miguel. Primeira República: Economia cafeeira, urbanização e industrialização. IN FERREIRA, Jorge. DELGADO, Lucilia. O tempo do liberalismo oligárquico - Vol. 1: Da Proclamação da República à Revolução de 1930. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. p. 207)
A relação entre o tráfico negreiro e a economia cafeeira no Brasil do século XIX foi marcada por uma histórica indissociabilidade. A partir do texto e de seus conhecimentos, é correto afirmar que:
a) O fim do tráfico internacional de escravizados em 1850 redirecionou capitais anteriormente investidos nessa atividade para a expansão cafeeira, dinamizando a economia do Sudeste e impulsionando a ocupação de novas áreas produtivas.
b) A abolição do tráfico negreiro em 1831 liberou recursos para a cafeicultura, permitindo a rápida substituição da mão de obra escravizada por trabalhadores imigrantes nas fazendas paulistas.
c) Os capitais oriundos do tráfico negreiro foram investidos prioritariamente na industrialização das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, relegando a cafeicultura a um segundo plano econômico.
d) A proibição do tráfico atlântico gerou uma crise na economia cafeeira devido à escassez de mão de obra, sendo necessária a importação emergencial de trabalhadores asiáticos para as fazendas.
e) O redirecionamento de capitais após o fim do tráfico concentrou-se na modernização dos portos exportadores, sem impactar significativamente a expansão territorial da cafeicultura.
a) Correta. O fim do tráfico em 1850 liberou capitais que foram aplicados na cafeicultura, estimulando sua expansão e a ocupação de novas áreas no interior paulista e mineiro.
b) Incorreta. A abolição do tráfico em 1831 foi ineficaz por décadas, e a substituição por imigrantes só ocorreu bem mais tarde, após a abolição da escravidão.
c) Incorreta. Os investimentos priorizaram o setor agrário exportador, não a industrialização urbana.
d) Incorreta. A proibição do tráfico não causou colapso imediato na cafeicultura, pois o tráfico interno e o uso contínuo de escravizados mantiveram o sistema por décadas.
e) Incorreta. A modernização portuária foi importante, mas os investimentos principais concentraram-se na expansão territorial e produtiva do café.
Questão 7
“Quando afirmamos que o colonato estabilizou as relações de trabalho [na cafeicultura], não pretendemos dizer que os problemas entre colonos e fazendeiros terminaram. Ocorreram constantes atritos individuais e mesmo greves. Além disso, os colonos não eram escravos e tinham intensa mobilidade geográfica (...) em busca de melhores oportunidades.”
(FAUSTO, Boris. A História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2013. p. 244)
O sistema de colonato implementado nas fazendas de café paulistas no final do século XIX buscava substituir o trabalho escravizado. Sobre as condições e características desse sistema, é correto afirmar que:
a) Apesar de juridicamente livres, os colonos enfrentavam condições precárias de trabalho e conflitos recorrentes com os fazendeiros, que mantinham práticas autoritárias herdadas da mentalidade escravista.
b) O colonato garantiu plenos direitos trabalhistas aos imigrantes, que se organizavam em sindicatos fortes e conquistaram melhorias salariais através de negociações pacíficas com os proprietários.
c) Os colonos europeus foram plenamente integrados à sociedade brasileira, recebendo terras próprias após período de trabalho nas fazendas e ascendendo rapidamente à condição de pequenos proprietários.
d) A estabilidade do colonato decorreu da ausência de conflitos entre trabalhadores e fazendeiros, resultado da modernização das relações de trabalho e do abandono completo das práticas do período escravista.
e) A mobilidade geográfica dos colonos só era possível devido à manutenção da escravidão em São Paulo após a proclamação da República, o que garantia uma substituição do trabalhador em caso de abandono do posto de trabalho.
a) Correta. O colonato representou uma transição do trabalho escravo ao livre, mas manteve práticas autoritárias e gerou frequentes conflitos entre colonos e fazendeiros.
b) Incorreta. Os colonos não possuíam direitos trabalhistas reconhecidos, além de enfrentarem exploração e instabilidade.
c) Incorreta. Poucos colonos conseguiram ascender socialmente. A maioria permaneceu dependente dos trabalhos precários nas fazendas.
d) Incorreta. O sistema não eliminou os conflitos nem superou o legado escravista, apenas o adaptou às novas formas de trabalho.
e) Incorreta. A escravidão já havia sido abolida antes da Proclamação da República.
Continue praticando com exercícios sobre o ciclo do açúcar no Brasil (com respostas explicadas).
PEREIRA, Lucas. Exercícios sobre o ciclo do café no Brasil (com gabarito). Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/exercicios-sobre-o-ciclo-do-cafe-no-brasil-com-gabarito/. Acesso em: