Fluxos migratórios mundiais
A migração, ou seja, a movimentação de pessoas entre lugares, tem seus primeiros registros há mais de 2 milhões de anos. Em todo esse tempo, a lógica da migração humana se transformou e segue em constante mudança.
Os principais fluxos migratórios atuais acontecem por causa de desigualdades socioeconômicas, guerras, crises humanitárias, políticas e ambientais.
Por causa disso, existem países que são grandes receptores de imigrantes, e países de onde saem muitas pessoas (emigrantes).
Neste conteúdo você encontra:
- Principais fluxos migratórios atuais
- Migração no Brasil atual
- Causas dos fluxos migratórios
- Consequências da migração
Principais fluxos migratórios atuais
Os fluxos migratórios podem acontecer por motivos socioeconômicos, guerras e crises climáticas e ambientais, e modificam-se ao longo do tempo.
Atualmente o principal corredor migratório do mundo é entre México → Estados Unidos. De acordo com dados do Relatório Mundial sobre Migração 2024 (ONU), aproximadamente 11 milhões de pessoas atravessaram do México para os Estados Unidos.
Em segundo lugar, o corredor migratório mais movimentado é entre Síria → Turquia. A Guerra da Síria forçou milhões de pessoas a atravessarem fronteiras para se refugiarem em outros países. De acordo com a ONU, foram aproximadamente 4 milhões de sírios migrando para a Turquia.
Em terceiro lugar, a migração de pessoas da Ucrânia para a Rússia. A Guerra da Ucrânia forçou aproximadamente 4 milhões de ucranianos a migrarem para a Rússia. Isso ocorreu principalmente entre grupos com menos recursos, que não tiveram a possibilidade de migrar para outros países europeus. Como a fronteira com a Rússia é mais próxima e acessível, foi a opção para milhões de pessoas.
O quarto corredor migratório mais intenso do mundo é entre Índia → Emirados Árabes Unidos. O país árabe passou por um rápido e intenso processo de modernização a partir de 1970, impulsionado pela exploração do petróleo. Isso gerou grande demanda de mão de obra. Pela proximidade e salários altos, as redes migratórias indianas para o país tornaram-se intensas e consolidadas.
E em quinto lugar aparece o corredor Rússia → Ucrânia. Apesar desse fluxo ter diminuído consideravelmente após a Guerra da Ucrânia, muitos russos iam atrás de oportunidades de emprego e para estudarem em boas universidades do país.

O país que mais recebe migrantes atualmente são os Estados Unidos, seguido pela Alemanha, Arábia Saudita, Rússia e Reino Unido. Veja a seguir os principais fatores de atração dessas nações:
- Estados Unidos: oportunidades de trabalho, redes consolidadas de imigração, educação e pesquisa de excelência;
- Alemanha: estabilidade econômica, alto padrão de vida, posição central na Europa;
- Arábia Saudita: alta demanda por trabalhadores estrangeiros para a construção, indústria, serviços domésticos, além do sistema de migração temporária;
- Rússia: oferta de emprego para mão de obra pouco qualificada, proximidade geográfica e laços históricos com ex-repúblicas soviéticas, políticas de residência temporária para migrantes do leste europeu;
- Reino Unido: mercado de trabalho diversificado, programas de imigração seletiva.
Já os países de onde mais saem migrantes são Índia, México, Rússia, China e Síria. Veja a seguir os principais fatores de repulsão desses locais:
- Índia: desemprego e subemprego, desigualdade social, baixos salários, superpopulação e pressão sobre os serviços, impactos climáticos e dependência do campo;
- México: baixos salários, violência, informalidade, falta de perspectiva para os jovens, pobreza rural;
- Rússia: guerra e mobilização militar, autoritarismo e censura, crise econômica e sanções internacionais, fuga de cérebros;
- China: desigualdade regional, censura e autoritarismo político, mercado qualificado saturado, problemas ambientais;
- Síria: guerra civil, crise humanitária, violência, escassez de recursos, destruição da infraestrutura básica.
Migração no Brasil atual
O Brasil é o principal destino para migrantes latino-americanos, como os venezuelanos e os haitianos. Nos últimos anos também cresceu o número de refugiados sírios no país.
De acordo com dados de 2024 da ONU, o Brasil possui cerca de 622.000 refugiados e migrantes, e a maioria é proveniente da Venezuela. Esse fluxo de pessoas entra principalmente pelo estado de Roraima.
Do Brasil também saem muitos migrantes, especialmente para os Estados Unidos e Europa.
Os principais fatores de atração do Brasil são: política de acolhimento e proteção de refugiados, a língua (para os latino-americanos) e o mercado de trabalho para imigrantes de locais mais vulneráveis.
Dentre os fatores de repulsão estão: desigualdades regionais, baixa oferta de emprego em certas regiões e falta de infraestrutura.
Causas dos fluxos migratórios
Ao mesmo tempo em que a globalização conectou lugares, pessoas e fluxos diversos, também intensificou e ampliou a desigualdade socioeconômica entre nações.
Alguns países são zonas de atração de pessoas, por apresentarem oportunidades, estabilidade política e qualidade de vida. Já outros países são zonas de repulsão de pessoas, por conflitos, instabilidade política, altos índices de desemprego, etc..
Vamos analisar especificamente cada motivo que pode levar às migrações globais:
Desigualdade socioeconômica
As diferenças na vida das pessoas que vivem em países desenvolvidos e países pouco desenvolvidos é um dos principais motivos atuais para os fluxos migratórios.
Enquanto os países desenvolvidos têm estabilidade política, oportunidades de trabalho, alto desenvolvimento social, nos países pobres e subdesenvolvidos a situação é outra. Sofrem com instabilidade política, guerras civis, conflitos étnicos, desemprego, violência e crises econômicas.
Muitas vezes isso cria o fluxo migratório chamado de Sul-Norte, ou seja, pessoas migrando dos países do Sul global subdesenvolvido, para o Norte desenvolvido.
Exemplo atual da migração Sul-Norte é a saída da população de Honduras, Guatemala e El Salvador, na América Central, para os Estados Unidos, fugindo da violência, instabilidade política e econômica e em busca de oportunidades.
Conflitos e tensões políticas
Em boa parte do mundo existem conflitos locais, guerras civis e perseguições políticas ou étnico-religiosas que provocam migrações forçadas.
Em casos como estes, o migrante é chamado de refugiado. Significa que ele foi obrigado a se retirar de seu país de origem por motivos de força maior.
De acordo com dados recentes (2024) da ONU, existem mais de 114 milhões de refugiados no mundo.
Exemplo de migração forçada é a Guerra da Síria (2011-2024), que atingiu milhões de pessoas, obrigando-as a fugirem de seu país de origem para outros locais. O corredor migratório Síria → Turquia é o segundo com mais fluxo atualmente.
Crises climáticas e ambientais
O terceiro fator da lista é um dos que mais tende a aumentar nos próximos anos, devido ao aquecimento global e suas consequências - especialmente para os países menos desenvolvidos.
O termo "refugiado climático" tem sido cada vez mais utilizado para falar de grupos de pessoas forçadas a saírem de suas terras de origem por questões ambientais e/ou climáticas.
Um exemplo atual são os moradores do Sahel (zona de transição entre o deserto do Saara e a África Subsaariana). Originalmente os habitantes dessa região viviam da agricultura de subsistência e da pecuária adaptada à região semiárida. Porém, a desertificação e a escassez de água na região tem forçado a migração dessa população.
Consequências da migração
A migração produz consequências tanto nos países de saída quanto nos países de entrada de pessoas. Veja as principais consequências para os países de origem e de destino:
Países de origem
- Perda de mão de obra ativa, principalmente de jovens e de profissionais qualificados (fuga de cérebros);
- Movimentação da economia local através das remessas de dinheiro que os familiares dos emigrantes recebem;
- Redução da pressão social e da superpopulação;
Países de destino
- Compensação da falta de mão de obra;
- Diversidade étnica e trocas culturais;
- Xenofobia e tensões sociais;
- Pressões sobre habitação, saúde e educação;
- Compensação do envelhecimento da população em países de baixa natalidade.
Os desafios atuais em relação à migração são muitos: humanitários, políticos, socioeconômicos e ambientais. As políticas públicas muitas vezes não acompanham a demanda migratória que chega e que sai dos países, piorando a situação.
Veja também: Migração: entenda o que é e os principais tipos
Para praticar: Exercícios sobre migrações (com gabarito explicado)
Referências Bibliográficas
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR MIGRATION (IOM). World Migration Report 2024. Genebra: IOM, 2024. Disponível em: https://brazil.iom.int/sites/g/files/tmzbdl1496/files/documents/2024-05/world-migration-report-2024.pdf. Acesso em: 03 nov. 2025.
SCOFANO, Amanda. Fluxos migratórios mundiais. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/fluxos-migratorios-mundiais/. Acesso em: