Hidrovias: o que são e as principais do Brasil

Vinícius Marques
Vinícius Marques
Professor de Geografia

As hidrovias (ou transporte hidroviário) são os locais navegáveis que ocorrem os transportes aquáticos ou aquaviários realizado por embarcações (barcos, navios, barcas). Estas, por sua vez, podem ser: marítimas (mares), fluviais (rios) e lacustres (lagos).

O termo Hidrovias é a união dos termos “hidro” referente à água, e “vias” referente a rota, caminho, ou seja, são "vias navegáveis".

HidroviasHidrovia utilizada para transporte de carga no rio Mekong, Vietnã

As hidrovias fazem parte da história das civilizações antigas, que já utilizavam rotas pelos rios e mares para deslocar cargas ou pessoas. No início, o transporte era feito em grandes troncos de árvores, até a invenção das primeiras embarcações.

Atualmente, com o avanço da cartografia e da tecnologia, surgiram muitos tipos de embarcações, os quais atravessam rios e mares, desde navios, transatlânticos, barcos, dentre outros.

Hidrovias no Brasil

A despeito de o Brasil possuir cerca de 4 mil quilômetros de costa atlântica navegável (com uma costa litorânea total de aproximadamente 7 mil quilômetros) e reunir as maiores bacias hidrográficas do mundo.

O potencial do transporte hidroviário no país ainda é pequeno, na medida em que não há muito investimento na área, tal qual ocorre com o transporte rodoviário.

No caso do Brasil, as construções das hidrovias no país ganharam força a partir da década de 80.

A concentração das hidrovias mais utilizadas está na região sudeste e sul do país, por exemplo nos trechos das hidrovias Tietê-Paraná e Taguari-Guaíba.

Note que a grande parte dos rios do Brasil apresentam dificuldade de navegação (Rio Grande, Tietê, Paraná, São Francisco, etc.), por serem rios de planaltos, e os rios de planícies, por exemplo, o rio Paraná e o rio Amazonas estão longe dos maiores centros industriais.

Outro fator, é que as hidrovias do Brasil não desembocam no oceano, o que encarece o custo do transporte, uma vez que a carga passa por outros portos antes, demorando para chegar ao destino final.

Para além disso, muitos deles vêm sofrendo com as alterações climáticas nos últimos anos, como é o caso do Rio São Francisco (Velho Chico). Um dos mais importantes rios do país, que atravessa 5 estados brasileiros, posto que nas últimas décadas tem apresentado grande redução do volume de água.

Estudos recentes apontam que num período de 40 anos, o volume total de água do rio chegou a 35%, o que já apresenta, em alguns pontos, dificuldade de navegação.

Para saber mais: Bacia Hidrográfica, Rios do Brasil e Hidrografia do Brasil

Principais Hidrovias do Brasil

As 5 principais hidrovias do Brasil são:

Hidrovia Tocantins-Araguaia


A Hidrovia Tocantins-Araguaia é uma importante via fluvial no Brasil, situada na região Norte e Centro-Oeste. Com extensão de cerca de 1.641 km, oferece potencial econômico para o transporte de cargas, impulsionando atividades comerciais e industriais na região.

Sua relevância se estende à integração regional, proporcionando acesso a áreas remotas e beneficiando a população local.

Contudo, enfrenta desafios ambientais, como assoreamento e impactos na biodiversidade, demandando medidas de preservação para equilibrar seu uso econômico com a conservação do ecossistema.

Hidrovia Solimões-Amazonas

A Hidrovia Solimões-Amazonas é uma extensa via fluvial que percorre a região Norte do Brasil. Com aproximadamente 3.550 km, representa uma importante rota de transporte, possibilitando o escoamento de cargas, principalmente grãos e minérios.

Essa hidrovia desempenha um papel crucial na integração econômica e social, conectando comunidades e facilitando o acesso a serviços essenciais.

No entanto, sua utilização intensiva gera desafios ambientais, incluindo impactos na fauna e flora amazônicas, exigindo estratégias de gestão sustentável para conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação do ecossistema.

Hidrovia São Francisco

A Hidrovia do São Francisco se estende ao longo do rio homônimo, abrangendo parte do Nordeste brasileiro. Com cerca de 2.700 km, essa hidrovia é utilizada para transporte fluvial, sendo crucial para a integração econômica e social da região.

Sua importância se destaca na facilitação do escoamento de produtos agrícolas e insumos, promovendo o desenvolvimento local.

Contudo, desafios ambientais estão associados à sua exploração, incluindo questões como assoreamento e impactos na biodiversidade, exigindo abordagens sustentáveis para garantir a preservação do ecossistema.

Hidrovia da Madeira

A Hidrovia da Madeira está situada na região Norte do Brasil, percorrendo o rio Madeira. Com aproximadamente 1.450 km, desempenha um papel vital no transporte fluvial, facilitando o escoamento de mercadorias e a integração econômica na Amazônia.

Essa via fluvial é fundamental para as comunidades locais, promovendo o desenvolvimento e a integração regional.

No entanto, a exploração da hidrovia também enfrenta desafios ambientais, incluindo impactos na fauna e flora amazônicas, destacando a necessidade de práticas sustentáveis para conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental.

Hidrovia Tietê-Paraná

A Hidrovia Tietê-Paraná está localizada no interior do Brasil, conectando os rios Tietê e Paraná. Com cerca de 2.400 km de extensão, é uma importante rota de transporte fluvial, facilitando o escoamento de cargas e contribuindo para a integração econômica das regiões por onde passa.

Essa hidrovia desempenha um papel significativo no transporte de mercadorias e na geração de empregos, promovendo o desenvolvimento local.

Entretanto, enfrenta desafios ambientais, como a poluição da água e a alteração dos ecossistemas ribeirinhos, exigindo a implementação de práticas sustentáveis para equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental.

Vantagens e Desvantagens

O transporte aquático é vantajoso na medida em que transportam grandes quantidades de cargas a longas distâncias, sendo um transporte muito utilizado para comércio interno e externo, bem como para o turismo (viagens de barco, cruzeiros, etc.) e transporte de pessoas (barcos, bascas, navios).

Além disso, é considerado o transporte de menor impacto ambiental, visto que em relação aos outros, apresenta baixos índices de poluição.

Em relação a outros meios, os transportes feitos pelas hidrovias são mais demorados que outras modalidades de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo), posto que muitas vezes dependem das condições climáticas (maritimidade, ventos, etc.).

No entanto, como ponto positivo, seu custo de implementação, transporte e manutenção é muito inferior aos outros, o que faz com que seja um transporte muito utilizado até os dias atuais.

Tipos de Hidrovias

Existem diferentes tipos de hidrovias, que variam de acordo com suas características e localizações. Aqui estão alguns tipos principais:

Rios e Lagos Navegáveis: São corpos d'água naturais, como rios e lagos, que foram adaptados para a navegação. Essas hidrovias são frequentemente melhoradas com estruturas como barragens e eclusas para melhorar a navegabilidade.

Canais Artificiais: São vias d'água criadas pelo homem para conectar corpos d'água ou para criar rotas de navegação mais eficientes. Exemplos notáveis incluem o Canal do Panamá e o Canal de Suez.

Áreas Costeiras e Estuários: Certas áreas costeiras e estuários também podem ser usados como hidrovias, permitindo a navegação ao longo da costa ou em áreas onde rios se encontram com o oceano.

Hidrovias Interiores: Em alguns lugares, especialmente em regiões planas, podem ser criadas hidrovias interiores artificiais. Essas são frequentemente utilizadas em países onde os rios são navegáveis por longas distâncias.

Águas Oceânicas: Algumas rotas oceânicas, especialmente aquelas que passam por estreitos importantes, são consideradas hidrovias internacionais. Exemplos incluem o Estreito de Malaca e o Estreito de Ormuz.

Vinícius Marques
Vinícius Marques
Formado pela UNESP - Rio Claro (2016), é professor de Geografia e Ciências Humanas. Atua na educação básica (Ensino Fundamental II e Médio) e cursos pré-vestibular desde 2012, tendo experiência em projetos sociais, escolas públicas e privadas.