História da escrita: entenda como foi inventada

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Professor de História

A escrita foi inventada há milhares de anos, por volta de 3.300 a.C., como consequência do desenvolvimento das sociedades humanas. Conforme se tornavam mais organizadas, as sociedades precisavam cada vez mais registrar e transmitir informações importantes.

Esse processo teve início após o domínio da agricultura e a sedentarização dos seres humanos, durante a Revolução Neolítica. Tais avanços permitiram o crescimento da população e o surgimento de sociedades mais complexas.

Assim, com o passar do tempo, tornou-se cada vez mais necessário registrar dados como trocas comerciais, leis e decisões coletivas. Também era importante registrar ideias e transmiti-las para as futuras gerações. A comunicação oral, usada até então, já não era suficiente para atender a essas novas necessidades.

Assim, a escrita surgiu como um conjunto de símbolos com significados definidos e combinados.

Dada a sua importância, a escrita marca o fim da Pré-História e o início da Idade Antiga.

Evolução do surgimento da escrita

Ao longo da História, houve diversas formas de escrita. Conforme se transformaram, deram origem à escrita como a conhecemos atualmente. Vejamos sua evolução.

Pictogramas

Os mais antigos registros humanos são desenhos encontrados em cavernas, também chamadas de pintura rupestres.

No entanto, elas não podem ser consideradas a escrita propriamente dita, pois não seguiam uma forma padronizada de representação.

As pinturas rupestres eram desenhos simbólicos, que buscavam representar coisas, quer sejam animais, objetos ou pessoas. Como não havia organização ou regras definidas, cada pessoa registrava o que pretendia expressar de uma forma diferente.

Por isso, esses primeiros registros, apesar de servirem para a comunicação, não eram compreendidos por todos. Afinal, cada pessoa podia interpretar os desenhos de forma diferente. Com o tempo, esses sinais deixaram de ser suficientes para as novas necessidades de comunicação.

Escrita cuneiforme

História da Escrita
Escrita cuneiforme

Por volta de 3300 a.C. surge a primeira forma de escrever - a escrita cuneiforme - a qual tem origem na antiga Mesopotâmia com os sumérios. Seu surgimento ocorreu pela necessidade que a informação fosse compreendida de maneira organizada.

Inicialmente, era uma escrita pictográfica, com desenhos representando objetos e ideias. Com o tempo, evoluiu e passou a usar para símbolos mais simples e abstratos.

O nome "cuneiforme" vem do formato em cunha dos sinais, que eram feitos com um estilete em tábuas de argila. Em sua forma mais antiga, contava com cerca de dois mil símbolos.

Essa escrita era feita geralmente da esquerda para a direita e foi usada por vários povos da região, como os babilônios e os assírios, durante muitos séculos.

Escrita hieroglífica

A escrita cuneiforme influenciou o surgimento de outro tipo de escrita: os hieróglifos. Não se sabe, todavia, onde e quando exatamente a escrita egípcia teria começado.

Na escrita hieroglífica, alguns sinais assumiram uma representação fonográfica, às vezes de uma letra, outras vezes de palavras inteiras. Trata-se de uma escrita complexa e era utilizada em representações religiosas.

Além dessa, os egípcios desenvolveram sucessivamente outras formas de escrita, a Hierática - utilizada especialmente em textos literários, administrativos e jurídicos, bem como a Demótica - semelhante à hierática, porém mais simples, utilizada também em documentos jurídicos.

Escrita chinesa

História da Escrita
Escrita chinesa

A forma mais antiga de escrita na China remonta a 1200 a.C. e, embora tenha sofrido alterações, ela resiste até os nossos dias.

A escrita chinesa é composta por cerca de 40 ou 50 mil caracteres, mas nem todos são necessariamente utilizados. Tais caracteres podem representar um som, uma palavra inteira ou mesmo um conceito.

A escrita chinesa é uma arte e para tanto requer habilidade e equilíbrio.

Glifos da América Central

Na América Central foram encontrados registos de escrita deixados pela civilização maia, os quais se referiam especialmente a registos de dados históricos, tais como guerras e casamentos.

Alfabeto

A ideia de representar sons por meio de símbolos foi desenvolvida pelos fenícios, que criaram um sistema de escrita com 22 sinais. Esse sistema era fonético, ou seja, cada sinal representava um som.

Posteriormente, os gregos adotaram esse modelo, fizeram adaptações e criaram o alfabeto grego. Eles acrescentaram as vogais e abandonaram as letras cujos sons não existiam nessa cultura e língua. Como resultado, o alfabeto grego passou a ser representado por 24 sinais.

A partir dessa evolução surge o nosso alfabeto, que tem origem no sistema greco-romano.

Saiba mais:

Referências Bibliográficas

PINSKY, Jaime. As Primeiras Civilizações. São Paulo: Editora Contexto, 2003.

REIS, Caroline Kirsten. História da escrita: uma contextualização necessária para o processo de alfabetização. 2019. 56 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2020.

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2013), com mestrado em Ensino de História pela mesma instituição (2020). Atua como professor de História na educação básica e em cursos pré-vestibulares desde 2013. Desde 2016, também desenvolve conteúdos educativos na área de História.