Independência da América Espanhola
A Independência das colônias espanholas na América ocorreu após quase 300 anos de domínio colonial e resultou na formação de 18 novos países.
Antecedentes
Os movimentos de emancipação estiveram divididos em três fases denominadas:
- Movimentos precursores - 1780 a 1810
- Rebeliões fracassadas - 1810 a 1816
- Rebeliões vitoriosas - 1817 a 1824
O império colonial espanhol, desde o século XVIII, estava dividido em quatro vice-reinados e quatro capitanias gerais:
- Nova Espanha: composto pelo México e parte dos Estados Unidos.
- Nova Granada: integrada pelos atuais territórios de Colômbia, Panamá e Equador,
- Peru: correspondente ao Peru;
- Rio da Prata: constituía a área equivalente à Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia.
Por sua parte, as capitanias-gerais equivalem territórios de Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile.
Causas
As independências das colônias da América Espanhola ocorrem no século XVIII, quando as ideias como liberalismo e autonomia começavam a conquistar as elites criollas.
Além disso, podemos citar como causas:
- A influência da Independência dos EUA;
- O desejo de substituir o pacto colonial pelo livre comércio;
- A expansão do Império napoleônico que ocupou a Espanha e destituiu o rei Fernando VII;
- O apoio militar do Haiti;
- O apoio financeiro da Inglaterra.
As primeiras ações militares receberam duras repressões da metrópole. Embora tenham ocorrido de maneira desorganizada e intempestiva, ajudaram os moradores das colônias a questionarem o sistema de exploração e criaram as condições para as futuras guerras.
Entre os mais importantes movimentos está o liderado por Tupac Amaru II, que lutou a partir de 1780 pela independência do território peruano.
No primeiro levante, 60 mil indígenas foram mortos pelos espanhóis e Tupac Amaru foi preso e executado. A partir de 1783, revoltas semelhantes ocorreram e foram igualmente reprimidas na Venezuela e no Chile.
O principal líder venezuelano foi Francisco de Miranda (1750-1816) que, em 1806, deu os primeiros passos para a independência das colônias da Espanha. Miranda seguiu o modelo norte-americano e também o haitiano, quando os escravos se libertaram da França.
Rebeliões Fracassadas (1810 a 1816)
A ascensão de José Bonaparte (1778-1844) ao trono espanhol, em 1808, intensificou o processo de libertação. Os espanhóis fiéis ao rei se reuniram em Cádiz para resistir ao domínio francês.
Por sua parte, os criollos, através dos cabildos, garantiram sua lealdade ao rei Fernando VII, ao não reconhecer José Bonaparte como rei da Espanha.
O movimento dos criollos, porém, passou de lealdade para o entendimento de que podiam ser emancipados e movimentos por liberdade se intensificaram a partir de 1810.
Ao contrário do que ocorreu com o Brasil, neste primeiro momento, os movimentos de independência não contavam com o auxílio da Inglaterra. Afinal, este país estava em luta contra o Império Napoleônico.
Somente em 1815, quando Napoleão foi derrotado pelas tropas inglesas, as colônias espanholas receberam apoio para a independência concedido pela Grã-Bretanha.
Com o interesse em novos acordos comerciais, a Inglaterra apoiou os levantes que começaram em 1817 e perduraram até 1824.
Rebeliões Vitoriosas (1817 a 1824)
Entre as principais lideranças está Simón Bolívar (1783-1830) cuja campanha militar resultou na independência de Colômbia, Equador e Venezuela.
Em troca do apoio militar fornecido pelos haitianos, Bolívar se comprometeu em abolir a escravidão em todos os territórios que conquistasse.
A independência da Argentina, Chile e Peru foi comandada por José de San Martín (1778-1850). Ambos os líderes se encontraram em Guayaquil, em 27 de julho de 1822, a fim de combinar estratégias políticas para os novos países.
Quando a maioria das colônias espanholas já havia feito sua independência, os Estados Unidos proclamaram a Doutrina Monroe.
Com o lema "América para os Americanos", a doutrina resumia-se no combate a intervenções de caráter militar dos países europeus às nações do continente americano.
Décadas mais tarde seriam os americanos que fariam o mesmo expulsando os espanhóis de Porto Rico e Cuba.
Consequências
- Apesar de ser o desejo de líderes como Simón Bolívar, as colônias espanholas se fragmentaram em vários países após a Conferência do Panamá.
- A aristocracia criolla passou a governar os Estados soberanos emancipados.
- A economia continuou a se basear na exportação de matérias-primas e ser dependente da produção industrializada das nações europeias.
- Manutenção da estrutura colonial onde os brancos eram a elite e indígena e mestiços eram considerados inferiores.
Resumo
Confira abaixo as datas de emancipação das colônias do continente americano:
- Estados Unidos - 1776
- Canadá - 1867
- Haiti - 1804
- Argentina - 1810
- Paraguai - 1811
- Chile - 1818
- México - 1821
- Peru - 1821
- Brasil - 1822
- Bolívia - 1825
- Uruguai - 1828
- Equador - 1830
- Venezuela - 1830
- Nova Granada - 1831
- Costa Rica - 1838
- El Salvador - 1838
- Guatemala - 1838
- Honduras - 1838
- República Dominicana - 1844
- Colômbia - 1886
- Cuba - 1898
- Panamá - 1903
Curiosidades
A maioria das bandeiras dos países da América Espanhola foi criada na época da independência.
Leia também:
- América Espanhola
- Independência do Haiti
- Independência dos Estados Unidos
- Cuba: dados sobre o país, suas características e história (com mapas)
Para praticar:
- Exercícios sobre América Espanhola (com gabarito explicado)
- Exercícios sobre Independência da América Espanhola (com gabarito explicado)
BEZERRA, Juliana. Independência da América Espanhola. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/independencia-da-america-espanhola/. Acesso em: