Incas, astecas e maias

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

As civilizações inca, asteca e maia foram as mais desenvolvidas das Américas, do ponto de vista material.

Também são chamadas de "pré-colombianas", pois se desenvolveram antes da chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1492.

Habitaram em territórios diferentes e, portanto, nunca conviveram. Sua herança é visível até hoje nos países da América Central e do Sul.

Vejamos as características de cada uma delas.

Civilização Inca

A civilização inca ocupava o território que hoje corresponde ao Peru, Colômbia, Equador, oeste da Bolívia, norte do Chile e noroeste da Argentina. Sua capital era Cusco.

Calcula-se que o Império Inca tenha reunido oito milhões de pessoas e durado aproximadamente de 1450 a 1519.

Sociedade inca

A sociedade inca era fortemente hierarquizada e dividida entre o Sapa Inca e seus parentes, a nobreza (dirigentes e militares), os camponeses e os escravizados.

O Inca, palavra que significa “chefe”, era considerado filho do deus do Sol e, por isso, venerado como uma divindade. Sob sua autoridade estavam centenas de tribos que deviam lhe servir através do trabalho obrigatório, do pagamento de tributos e do serviço militar.

A população se organizava em torno ao “ayllu” (comunidade, na língua quéchua), onde os homens tinham obrigação de trabalhar em terras e obras públicas periodicamente. Quanto às mulheres, as mais bonitas eram enviadas para servir ao Inca, seja como amante ou tecendo sua roupa.

História dos incas

A tribo dos incas instalou-se no séc. XI em Cusco, numa região cheia de aldeias rivais. Ao conseguirem repelir um ataque, os Incas começaram a conquistar às terras em volta do Lago Titicaca e assim iniciaram seu grandioso Império.

À medida que o Império crescia, a capital recebia melhoramentos, como templos, armazéns e a fortaleza de Sacsayhuaman cujas ruínas são visíveis até hoje.

Para unificar este império foram construídas estradas que partiam de Cusco. Ao longo do caminho foram edificados albergues para abrigar os viajantes e seus animais.

Quando os espanhóis chegaram às Américas, os incas estavam mergulhados em lutas internas. Isto enfraqueceu o Império e os europeus souberam usar a rivalidade a seu favor.

Economia inca

A base da economia era a agricultura e a distribuição de terras era feita de acordo com o tamanho da família. Por isso, quanto mais filhos, mais terras a família recebia.

O comércio era realizado nas principais cidades através de feiras periódicas.

Cultura e religião inca

Os incas eram politeístas (adoravam a vários deuses) e acreditavam que o universo estava organizado em três mundos: HananPacha (mundo de cima), KaiPacha (mundo do meio) e UkuPacha (mundo subterrâneo).

A comunicação entre esses mundos era feita através de elementos da natureza, como a chuva; e os animais, como o condor.

Civilização asteca

A civilização asteca se estendeu pelo território que vai, atualmente, do centro do México até a Guatemala.

Desenvolveu-se no período entre 1325 e 1519 e sua população contava com 15 milhões de pessoas no séc. XVI.

Sociedade asteca

O imperador não era considerado filho ou a encarnação dos deuses, como nas culturas inca e maia. No entanto, seu poder consistia na crença de que ele era um intermediário entre os deuses e os homens.

O Imperador governava seu vasto domínio, auxiliado por nobres e sacerdotes. O exército era de fundamental importância tanto para vigiar como para punir as tribos que se rebelavam contra o seu poder.

A sociedade asteca estava dividida em unidades familiares ligadas por laços de sangue e ancestrais comuns. Os camponeses eram os mais numerosos, mas havia um grande número de artesãos (fabricante de roupas e utensílios) que constituíam a base social asteca.

História dos astecas

A civilização asteca, também conhecida como "mexica", tem origem em várias culturas, como a tolteca, entre outras.

O deus Huitzilopochtli ordenou-lhes se estabelecerem na terra onde encontrassem uma águia devorando uma serpente. Depois de viajarem duzentos anos, os astecas encontraram este sinal no meio do lago Texcoco.

Ali, em 1325, começaram a construir uma das cidades mais espetaculares do mundo, Tenochtitlán, a partir da edificação de diques que continham as inundações. Dali também partiram para subjugar as tribos vizinhas e garantir o comércio e abastecimento de produtos em troca de proteção e alimentos em tempos difíceis.

A civilização asteca, porém, iria sofrer uma grande mudança a partir da chegada dos espanhóis em seu território, no séc. XVI.

Os espanhóis já estavam instalados na ilha de Cuba e desembarcaram num porta, que batizarão de Veracruz. Ali, os indígenas indicaram que havia uma grande cidade ao norte, cheia de riquezas, onde os espanhóis encontrariam ouro.

A conquista dos astecas, pelos espanhóis, durou dois anos e foi possível porque eles se aliaram a tribos inimigas dos astecas.

Economia asteca

Os astecas cultivavam milho, abóbora, feijão, tomate e cacau. Para aumentar a área de cultivo na capital, criaram as “chinampas”, pequenas ilhas artificiais onde podiam semear os alimentos de que precisavam. Também domesticaram alguns animais, como o peru.

A fim de comercializar com todos os pontos do império, criaram duas rotas de comércio: uma junto ao Golfo do México e outra na costa pacífica.

Cultura e religião astecas

Os astecas eram politeístas e adoravam seus deuses em templos em forma de pirâmide.

Para manter as divindades contentes, praticavam sacrifícios humanos, pois acreditavam que esta era a maneira de fazer com que o sol sempre voltasse a nascer.

Trabalhavam a cerâmica com estruturas geométricas e usavam as plumas de aves para fazer coroas que seriam usadas pelo Imperador nas cerimônias religiosas.

Civilização Maia

A civilização maia floresceu no México, nas região da Península de Yucatán, e também em Honduras, Guatemala e Belize. Constituiu-se numa sociedade de cidades-estados, com centros urbanos importantes, como Culakmul, Tikal e Copán. Calcula-se que a população maia pode ter chegado a 1,5 milhão de pessoas.

De todas as civilizações pré-colombianas foi a que existiu por mais tempo como um Estado estruturado: do séc. VI a.C. ao X d.C.

Sociedade maia

A sociedade maia era hierarquizada e no topo da pirâmide social estavam seus governantes. Sua função, além de política, era religiosa, pois as festas e sacrifícios aos deuses deveriam ocorrer sempre na sua presença.

Havia sacerdotes e funcionários responsáveis pela cobrança de tributos.Também havia os camponeses, responsáveis pela agricultura, e os artesãos, que deviam transformar a matéria-prima em objetos úteis.

História dos maias

A civilização maia se desenvolveu durante quinze séculos entre VI a.C. e X d. C. Assim, quando os espanhóis chegaram à região, os maias haviam desaparecido enquanto sociedade organizada, deixando apenas suas enormes pirâmides como testemunho de seu esplendor.

No entanto, sua cultura e seu idioma sobrevivem até hoje nestas regiões como atestam os milhões de descendentes.

Ao contrário dos incas e astecas, os maias não organizaram um império centralizado e a população vivia em cidades independentes entre si. Compartilhavam costumes semelhantes, desde a arquitetura, o idioma e a organização social.

Economia maia

Cultivavam principalmente o milho, que era a base da alimentação, mandioca, algodão e girassol. Criavam aves, como peru e patos.

Cultura e religião maia

Os maias eram politeístas e realizavam festas e sacrifícios para suas divindades. Construíram templos em forma de enormes pirâmides que até hoje podem ser visitadas nos países da América Central.

Igualmente, por conta da agricultura, desenvolveram um sofisticado calendário circular que os permitia marcar o tempo e não perder o momento adequador ao plantio e a colheita.

Veja também:

Referências Bibliográficas

C'est pas sorcier: Incas, l'empire du Soleil. France 3. Consultado em 18.12.2020.

C'est pas sorcier: mayas. Emitido 28.05.2013. France 3. Consultado em 18.12.2020.

Brooks, Dario - Aztecas o mexicas: ¿quiénes fundaron México (y por qué causa confusión)?. BBC.com. Publicado em 02.09.2020. Consultado 22.12.2020.

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.