Movimento Armorial

Daniela Diana
Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

O movimento armorial, surgido na década de 70 no Brasil, foi uma vertente artístico-cultural de valorização das artes populares nordestinas.

O objetivo central era criar uma arte brasileira singular baseada nas raízes populares.

Idealizado pelo escritor paraibano Ariano Suassuna, essa manifestação abrangeu a literatura, música, dança, teatro, artes plásticas, arquitetura, cinema, etc.

Origem do movimento armorial

De 1969 a 1974, Ariano Suassuna atuou como Diretor do Departamento de Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Foi com apoio desse Departamento que Suassuna, ao lado de outros artistas, criou o movimento armorial em 18 de outubro de 1970.

movimento armorial de Ariano Suasssuna
Caricatura de Ariano Suassuna, idealizador do movimento armorial

Na ocasião, realizada na Igreja de S. Pedro dos Clérigos no centro da cidade de Recife, houve uma exposição de artes populares e ainda, um concerto.

A ideia central do movimento era criar uma arte erudita a partir de elementos populares. Nessa perspectiva, o sertão nordestino é valorizado mediante a riqueza de valores culturais e artísticos.

Embora tenha sido iniciado no âmbito acadêmico, o movimento se expandiu. Posteriormente, teve apoio da Prefeitura do Recife e da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco.

Nas palavras de Ariano Suassuna:

A Arte Armorial Brasileira é aquela que tem como traço comum principal a ligação com o espírito mágico dos "folhetos" do Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura de Cordel), com a Música de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus "cantares", e com a Xilogravura que ilustra suas capas, assim como com o espírito e a forma das Artes e espetáculos populares com esse mesmo Romanceiro relacionados.” (Jornal de Semana, 20 de maio de 1975)

A literatura de cordel

A literatura de cordel, importante manifestação literária típica do Nordeste, foi um elemento propulsor para a consolidação do movimento armorial.

Com uma linguagem simples e descompromissada, a literatura de cordel explora temas cotidianos e populares.

Além disso, esse gênero literário regional se afasta dos cânones literários na medida em que é comercializado em folhetos pendurados numa corda (daí seu nome “cordel”).

Literatura de cordel
Venda de Literatura de Cordel no Rio de Janeiro, 2010

Importante destacar que essa manifestação literária reúne outras formas artísticas, como a música e a xilogravura.

Isso porque a literatura de cordel, geralmente é comercializada pelos próprios escritores em feiras populares.

Uma maneira de vender seu produto é cantando os versos. Além disso, os folhetos são ilustrados com xilogravuras.

Assim, ao reunir diversas manifestações artísticas numa só, a literatura de cordel foi um elemento fundamental de valorização da arte popular brasileira.

Note que, além dela, muitas outras manifestações populares ganharam força com o movimento armorial. Destacam-se o folclore, as festas e as danças populares, a moda de viola, o teatro popular de rua e de bonecos, dentre outros.

Principais artistas do movimento armorial

Xilogravura de Gilvan Samico, uma expressão do Movimento Armorial
Xilogravura de Gilvan Samico, uma expressão do Movimento Armorial

Alguns artistas que tiveram destaque no movimento armorial foram:

  • Ariano Suassuna (1927-2014): idealizador do movimento e escritor paraibano.
  • Francisco Brennand (1927): artista plástico e ceramista pernambucano.
  • Gilvan Samico (1928-2013): gravurista, desenhista e pintor pernambucano.
  • Raimundo Carrero (1947): jornalista e escritor pernambucano.
  • Antônio Madureira (1949): músico e compositor potiguar.
  • Antônio Nóbrega (1952): artista e músico pernambucano.

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Daniela Diana
Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.