O que foi a Reforma Gregoriana?

Também conhecida como “Reforma Papal” ou “Revolução Papal”, a Reforma Gregoriana foi uma série de medidas iniciadas pelo Papado no século XI para livrar a Igreja da interferência laica dentro da Igreja, resolvendo a tensão entre Estado e Igreja, ao mesmo tempo em que buscou moralizar o próprio clero.

Essa luta entre o poder temporal e o poder espiritual durou cerca de dois séculos, até a vitória do poder monárquico diante do poder Papal.

Contexto Histórico: Resumo

Com efeito, esta foi uma resposta institucional tomada pela Igreja, diante das necessidades políticas e econômicas advindas do renascimento comercial e do renascimento urbano.

Não obstante, a nobreza, com destaque para o Sacro Império Romano-Germânico, detinha uma enorme influência sobre a Santa Sé, donde alguns nobres, reis e imperadores exerciam autoridade sobre o clero, interferindo ativamente na nomeação de cargos eclesiásticos, inclusive na dos prelados que exerceriam os cargos eclesiásticos mais importantes.

Nessa mesma esteira, o Império Bizantino possuía uma estrutura política que favorecia a união entre o poder secular e o espiritual, materializados na figura do imperador, no que ficou conhecido como “cesaropapismo”.

Assim, para afirmar a fé católica, bem como a autonomia do clero, o papa Gregório Magno I (590-604) teria apresentado as primeiras formulações que estabeleciam a infalibilidade papal, bem como a supremacia da Igreja Católica.

Posteriormente, o papa Leão IX (1049-1054), continua sua obra e seu sucessor, o papa Gregório VII (1073 e 1085), dá um passo decisivo ao erigir o Dictatus Papae (1074- 1075), uma epístola que estabelecia uma série de regras e determinações que buscavam consolidar uma teocracia papal. Por esse motivo, este movimento foi identificado como o Reforma Gregoriana.

De partida, isso acirra ainda mais a Querela das Investiduras (aquela luta pela afirmação do poder papal diante do poder feudal), bem como inicia o Grande Cisma do Oriente (1054), quando as Igrejas do Ocidente e Oriente se excomungam mutuamente.

A Reforma Gregoriana será consolidada pelos eclesiásticos da Abadia de Cluny, que irão condenar e combater as práticas heréticas de investidura leiga, bem como as influências do paganismo bárbaro no cristianismo.

Contudo, este processo irá perdurar por muitos anos e será resolvido mediante a realização de quatro concílios em Latrão, um bairro de Roma - Latrão I (1123); Latrão II (1139); Latrão III (1179) e Latrão IV (1215) -, assim como pelo Primeiro Concílio de Lião (1245).

Principais Características

Dentre as principais medidas tomadas pela Igreja Católica na Reforma Gregoriana, destacam-se:

  • A infalibilidade papal em assuntos de moral e fé;
  • Autoridade papal para excomungar o imperador e assim depô-lo;
  • A exclusividade a Igreja na nomeação para cargos eclesiásticos;
  • O combate à simonia (venda de cargos eclesiásticos e objetos “sagrados”) e ao nicolaísmo (concubinato dos padres católicos).
  • A “Ecclesia Primitivai Forma”, um conjunto de medidas para restaurar a Igreja ao cristianismo primitivo do tempo dos Apóstolos;
  • Imposição do celibato (Código de Direito Canônico -1123).

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