Povos Germânicos

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

Os povos germânicos são etnias indo-europeias originalmente estabelecidas na Europa setentrional.

A maior fonte de conhecimento que temos dos germânicos data do governo de Júlio César (100 a.C - 44 a.C), quando o imperador romano empreendeu várias guerras contra estes povos.

Origem

Os povos germânicos habitavam o norte da Europa, onde hoje estão localizados países como a Alemanha, Áustria, Dinamarca, Noruega, Suécia, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Reino Unido e parte da França.

Como não possuíam alfabeto, não há fontes escritas pelas próprias tribos germânicas. Por isso, as evidências arqueológicas são essenciais para descobrir como viviam ditos povos.

Confira no mapa abaixo onde se localizavam os principais reinos germânicos:

Povos germânicos mapa
Os reinos germânicos após a queda do Império Romano

Tribos Germânicas

As principais tribos germânicas são:

Organização Social

Encontramos a divisão de trabalho por sexo com a mulher sendo responsável pelo trabalho no campo, na casa e por tecer. Usavam roupas de lã ou pano, que podia ser branca, negra e até tingidas de vermelho.

Os homens, por sua vez, se ocupavam do pastoreio, da caça e da guerra. Esta era uma atividade constante, pois as tribos viviam guerreando entre si.

Apesar da divisão de trabalho entre sexos, as mulheres ocupavam um lugar especial dentro da hierarquia tribal, pois eram sacerdotisas, curandeiras, parteiras e videntes.

Povos Germânicos
Aspecto de guerreiros germânicos numa ilustração dos século XX

Organização Política

Antes da consolidação dos Reinos Germânicos – após a queda do Império Romano – a organização das tribos não possuía uma hierarquia rígida.

Os reis, os chefes de guerra e os sacerdotes, tinham um poder circunstancial e baseado no consenso. Era comum as decisões serem tomadas por unanimidade através de aclamações em assembleias de homens livres.

O grupo familiar era muito solidário e responsável coletivamente, especialmente para exercer a vingança ou pagamento do wergeld.

Este consistia numa característica marcante do direito germânico. Se uma pessoa fosse morta ou sofresse algum ferimento, o clã poderia fazer o mesmo com o agressor. Caso o wergeld não fosse concretizado, as tribos contraíam uma dívida de sangue com o outro clã.

Casas e Alimentação

As tribos germânicas viviam em casas comunais, construídas de madeira e barro, onde viviam homens e animais. Uma tribo não tinha mais que 20 casas.

Alimentavam-se de nozes, raízes e tubérculos. Sua atividade principal era o pastoreio, mas raras vezes comiam carne.

Os povos germânicos praticavam a agricultura e deixavam grandes espaços de terreno livre ao redor de suas tribos, que lhes serviam de pasto para o gado.

Mitologia Germânica

A mitologia germânica é muito semelhante à mitologia nórdica, a ponto de alguns estudiosos usarem os termos como sinônimos.

Eles adoravam vários deuses que personificavam a natureza, virtudes e defeitos dos homens como era costume no paganismo.

Por esta razão, encontramos as Valquírias, e os deuses Odin, Thor e Freya, tal como existem nas lendas escandinavas.

Contato com o Império Romano

As primeiras fontes escritas sobre os germânicos vêm da observação do Imperador Júlio César e do historiador Tácito, autor do livro "Germânia".

O imperador Júlio César descreveu os Suevos desta maneira:

Os germânicos são incrivelmente altos e incrivelmente valentes; habilidosos com suas armas e seu olhar, inclusive, é insuportável de encarar.

Foi César que chamou a todos os habitantes do leste do rio Reno de "germânicos". No entanto, as tribos germânicas estavam longe de ser um bloco homogêneo e algumas eram até inimigas entre si.

Queda do Império Romano

Apesar das constantes guerras e invasões, algumas tribos germânicas fizeram parte do Império Romano como membros federados ou eram contratados como mercenários.

No entanto, o enfraquecimento do Exército romano e a própria expansão das tribos germânicas, acabam por derrotar o Império quando Roma é conquistada no ano de 476.

Cada tribo se instala em diversos pontos do antigo império, adaptam o direito romano à sua realidade e pouco a pouco são cristianizadas. Esta fusão vai dar origem ao Sacro Império Romano Germânico.

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.