Conheça a história do Renascimento Comercial

Thiago Souza
Thiago Souza
Professor de Sociologia, Filosofia e História

O Renascimento Comercial foi marcado pela intensificação das relações comerciais entre as nações nos momentos finais da Idade Média, pondo fim ao sistema feudal e dando início ao capitalismo comercial.

Ele foi uma das vertentes do Renascimento Italiano, movimento cultural, econômico e político surgido na Itália, no século XIV, ao lado do Renascimento Cultural e Urbano.

O contexto histórico do Renascimento Comercial: feudalismo, Cruzadas e comércio marítimo

O fim do sistema feudal e o surgimento do sistema capitalista foram fundamentais para consolidar a expansão do comércio.

Entretanto, foi a partir das Cruzadas (entre os séculos XI e XIII), expedições militares de caráter econômico, político e religioso, que as relações comerciais foram fortalecidas com o Oriente.

Além disso, a abertura do Mar Mediterrâneo foi essencial para o aumento das rotas comerciais entre os países, levando ao fim do período da Idade Média e o início da Idade Moderna.

De tal modo, além da crise do sistema feudal, as grandes navegações ultramarinas do século XVI, donde Portugal foi um dos pioneiros, altera e expande a mentalidade dos homens.

Isso, aliado ao cientificismo da Teoria Heliocêntrica (Sol no centro do mundo), proposta pelo matemático e astrônomo Nicolau Copérnico, em detrimento do Geocentrismo aceito pela Igreja, donde a terra era o centro do Universo.

As novas visões renascentistas e sua influência no renascimento comercial

O Renascimento, aliado ao cientificismo e ao humanismo vigentes, consagraram novas formas de ver o mundo.

Assim, o antropocentrismo substituiu o teocentrismo medieval. Para tanto, a “Idade das Trevas” (cunhada por alguns humanistas para indicar o período sombrio e estático da Idade Média), perdurou durante muito tempo na Europa, do século V ao século XV, e estava baseado numa sociedade monárquica onde o rei era o senhor mais soberano, seguido da nobreza e do clero.

Os servos, eram os últimos da estrutura hierárquica medieval, e que decerto não possuíam poder e/ou as mesmas possibilidades que os estamentos acima (nobreza e clero).

Apoiados à crise do regime feudal, os humanistas italianos alegavam que o período anterior do Medievo esteve marcado por um grande retrocesso humano, em relação às produções clássicas.

Para tanto, a ideia central desses intelectuais, artistas e pensadores humanistas era a valorização do homem.

Essas ideias representavam uma nova visão de mundo, a qual emergia aliada às transformações sociais, políticas e econômicas da Europa.

Esse novo prisma alterou significativamente a mentalidade dos homens, questionando os velhos valores num impasse desenvolvido entre a fé a razão.

A burguesia e os burgos: a base do Renascimento Comercial

Além desses fatores essenciais para a transformação da sociedade medieval, o aparecimento de uma nova classe social, denominada burguesia, consolidam o novo sistema social, econômico e político.

Os burgueses que viviam nas pequenas cidades medievais amuralhadas denominadas “burgos”, começaram a desenvolver o comércio interno, impulsionadas pelas feiras livres, locais de compra e venda de produtos diversos.

O sistema feudal não conseguiu suprir as necessidades de todos os seus habitantes, de forma que uns fugiam e outros eram expulsos pelos senhores de terra.

Com efeito, esse grupo de marginalizados seguia para as cidades (burgos) em busca de melhor qualidade de vida.

Chegando lá, se dedicaram ao comércio ambulante, foram aos poucos constituindo a nova classe social que, mais tarde, substituirá o sistema anterior, detendo os meios de produção e o acúmulo de capital: a burguesia.

As feiras medievais e as cidades comerciais

Assim sendo, as feiras-livres (donde se destacam a feira de Champagne, na França, e a de Flandres, na Bélgica) foram essenciais para o desenvolvimento de atividades manufatureiras, aumento da circulação de mercadorias, o retorno das transações financeiras, o reaparecimento da moeda e formação de associações de controle de produção e comércio.

Ainda que as cidades italianas de Veneza, Florença e Gênova se destacaram com a abertura do Mar Mediterrâneo, no século XV e XVI, posto que utilizaram o mar como rota marítima de comércio, sobretudo de especiarias vindas do Oriente, a expansão ultramarina tornou o mar uma nova rota comercial, substituindo, dessa maneira, o eixo comercial do Mediterrâneo para o Oceano Atlântico, com a descobertas das terras no novo mundo.

Para saber mais sobre aspectos das feiras medievais, leia o artigo: Feiras Medievais: história e origem

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Thiago Souza
Thiago Souza
Graduado em História e Especialista em Ensino de Sociologia pela Universidade Estadual de Londrina. Ministra aulas de História, Filosofia e Sociologia desde 2018 para turmas do Fundamental II e Ensino Médio.