Entenda o que foi o Renascimento Urbano

Thiago Souza
Thiago Souza
Professor de Sociologia, Filosofia e História

O Renascimento Urbano está associado ao florescimento e desenvolvimento das cidades medievais, os “burgos”, que eram cidades que na maioria das vezes pertenciam a grandes senhores feudais.

No fim da Idade Média, a vida urbana voltou a ganhar força na Europa. Isso porque, no período medieval, o continente viveu um período de intensa ruralização.

O Renascimento Urbano representou uma das vertentes que formaram o movimento Renascentista, ao lado do Renascimento Cultural e Comercial.

Renascimento UrbanoCidade Medieval de Carcassonne, França

Renascimento Comercial e sua importância no Renascimento Urbano

O Renascimento Urbano está intimamente associado ao Renascimento Comercial, na medida que o crescimento dos burgos só começou a surgir quando o comércio se expandiu, a partir das feiras-livres (encontros para realização de comércio).

Assim, o sistema autossuficiente feudal, baseado nas trocas (escambo), foi substituído pelas relações comerciais (venda de produtos).

Essas relações foram fortalecidas pelo desenvolvimento das cidades e do sistema econômico (surgimento da moeda e dos bancos), na medida em que ampliaram as fontes de renda e as relações de produção.

Ademais, o caráter agrário e estamental do feudalismo deu lugar à urbanização e estrutura de classes, com mobilidade social.

Contexto histórico: o declínio do Feudalismo

No último período da Idade Média, denominado Baixa Idade Média (século X ao século XV), a Europa passava por diversas transformações nos campos político, econômico e social, de forma que a Tomada de Constantinopla, em 1453, representou o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna.

Esse período esteve marcado pela decadência do sistema feudal, formado basicamente de dois grupos sociais:

  • os senhores (proprietários de terras, os feudos)
  • os servos (trabalhavam e viviam nos feudos).

A sociedade feudal era estamental, posto que não possuía mobilidade social, ou seja, se nasceu servo, morrerá servo.

Acima do senhor feudal estavam o Rei, a Nobreza e o Clero, os três grupos que detinham o poder.

Dessa forma, o Rei representava o poder supremo, seguido da nobreza (importante figuras) e o Clero, associado ao poder religioso da Igreja Católica.

Esse último grupo dominante possuía claros privilégios em relação ao povo, de modo que somente eles tinham acesso aos assuntos políticos, econômicos e religiosos, bem como ao conhecimento dos livros, posto que representavam a parcela mínima que sabia ler e escrever.

As Cruzadas e a explosão demográfica: a Europa em busca de novos lugares para ocupação

A explosão demográfica oriunda das Cruzadas, gerou uma população marginalizada que foi em busca de libertar a Terra Santa. Ao retornar, essa população ficou sem emprego, terras e dinheiro.

Outro fator relacionado a esse aumento populacional nos feudos foi a melhoria das técnicas agrícolas. Entre elas, podemos destacar:

  • rotação de culturas;
  • moinho hidráulico;
  • charrua.

Diante disso, o desenvolvimento das rotas comerciais europeias a partir das Cruzadas e da intensificação do comércio, sobretudo de especiarias no Mar Mediterrâneo, tornaram evidente o florescimento dos Burgos.

Os burgos eram pequenas cidades medievais fortificadas que, anteriormente, estavam ligados ao feudo apenas como centros religiosos e militares donde habitavam os reis, nobres, bispos e alguns comerciantes.

Com o passar do tempo, se tornaram importantes centros comerciais e de vida urbana, em contraposição aos feudos que, aos poucos, foram caindo em decadência.

Diante desse contexto, alguns servos, insatisfeitos com as condições rudes e estáticas do sistema feudal, fugiam (ou eram expulsos pelos senhores) para os burgos, em busca de melhores condições de vida, desde o trabalho livre assalariado.

A burguesia e as corporações de ofício

Junto a isso, surge a burguesia, uma nova classe social empenhada em adquirir melhores condições de vida por meio do trabalho.

Ela era formada por comerciantes: ferreiros, alfaiates, sapateiros, artesãos, dentre outros.

Os nomes “burguês” e “burguesia” derivam do termo “burgos”, posto que os burgueses passaram a ser chamados assim por serem os habitantes dos burgos.

Foi nesse contexto de efervescência comercial, cultural e urbana que os artesãos criaram as “Corporações de Ofício” (organizações que reuniam pessoas que exerciam a mesma profissão).

Is comerciantes estabeleceram as “Guildas Medievais” (associação de pessoas de diversas profissões) e as “Hansas” (associação de comerciantes), da qual se destaca a Liga Hanseática.

Por fim, o “Movimento Comunal”, demostrou a luta dos burgueses a fim de emanciparem os burgos que ainda pertenciam aos senhores feudais.

Cidades francesas e italianas participaram do confronto, sendo denominadas de "comunas". Dessa forma, aos poucos, as cidades foram conquistando sua autonomia, pondo fim ao sistema rural do feudalismo.

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Thiago Souza
Thiago Souza
Graduado em História e Especialista em Ensino de Sociologia pela Universidade Estadual de Londrina. Ministra aulas de História, Filosofia e Sociologia desde 2018 para turmas do Fundamental II e Ensino Médio.