Renascimento Cultural

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

O Renascimento Cultural foi um movimento que se iniciou na Península Itálica no século XIV e se estendeu por toda a Europa até o século XVI.

Esta fase coincide com a prosperidade das cidades da Península Itálica, especialmente Florença, onde a riqueza permitiu investimentos na produção de obras de arte.

Os artistas e pensadores renascentistas expressavam em suas obras a nova visão de mundo trazida com o Humanismo e a revalorização da Antiguidade Clássica.

Origem do Renascimento

Vista de Florença com destaque para a cúpula da catedral
Florença, berço do Renascimento artístico devido a sua prosperidade econômica

No final da Idade Média, a burguesia, ou seja, os comerciantes e artesãos se enriqueceram e se tornaram mecenas, patrocinando a construção de palácios e igrejas. Suas encomendas poderiam ser individuais ou realizadas através dos grêmios profissionais que demandavam esculturas e pinturas para exibir sua prosperidade.

As obras existentes na Península Itálica, favorecida por haver sido a sede do Império Romano, inspirou os artistas do Renascimento. A literatura, a escultura e a filosofia da Antiguidade greco-romana serviram de referência para os escritores renascentistas e contribuíram para a formação de seus valores e ideais.

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Características do Renascimento: Resumo

Os renascentistas rejeitavam os valores feudais como o teocentrismo, o misticismo, o geocentrismo e o coletivismo. Na Idade Média, grande parte da produção intelectual e artística estava ligada à religião. Já na Idade Moderna, a arte e o saber se voltaram para o mundo concreto e a capacidade do ser humano em transformá-lo.

No entanto, isto não quer dizer que a religião foi desvalorizada, mas sim questionada. Por isso, surgiram novas formas de devoção neste período e houve grande renovação das ordens religiosas, por exemplo.

Um dos traços marcantes do Renascimento era o racionalismo. Baseado na convicção de que tudo se podia explicar pela razão e pela observação da natureza, se tentava compreender o universo de forma calculada e matemática.

Um elemento crucial foi o humanismo, no sentido de valorizar o ser humano, considerado a obra mais perfeita do Criador. Daí surge o antropocentrismo renascentista, ou seja, a ideia do homem como centro das preocupações intelectuais e artísticas.

A filosofia de Platão foi reinterpretada e ganha o nome de neoplatonismo. Este defendia a elevação espiritual, a aproximação com Deus através de uma interiorização em detrimento de qualquer busca material.

Renascimento artístico

As primeiras manifestações artísticas surgiram com Giotto di Bondoni (1266-1337). Suas obras representavam figuras humanas com grande naturalismo, inclusive Cristo e os santos.

O Quattrocento (1400), segundo período do renascimento italiano, surge em Florença com o pintor Masaccio (1401-1429), um mestre da perspectiva.

Igualmente é preciso mencionar Sandro Botticelli (1445-1510), que acreditava que a arte era mesmo tempo uma representação espiritual, religiosa e simbólica. Ele é o autor do primeiro nu feminino realizado desde a Antiguidade, "O Nascimento de Vênus" (1483).

Destacou-se também o arquiteto Felippo Brunelleschi, autor da cúpula da catedral de Santa Maria del Fiore, o escultor Donatello e os pintores Paolo Uccello, Andrea Mantegna e Fra Angelico.

Outros pintores renascentistas são:

  • Leonardo da Vinci (1452-1519), autor de obras como a "Mona Lisa" e a "A Santa Ceia";
  • Rafael Sanzio (1483-1520) conhecido como o "pintor das madonas";
  • Ticiano, o mestre da cor, que imprimiu sua marca na escola de Veneza;
  • Michelangelo, escultor e pintor conhecido como "o gigante do Renascimento", responsável pelos monumentais Afrescos da Capela Sistina. São também dele as esculturas de "Davi", "Moisés" e a "Pietá".

Renascimento literário

A consolidação do Renascimento na Itália ocorreu basicamente no século XIV, período conhecido com Trecento, ou seja nos anos 1300.

Um grande precursor do Renascimento literário na Itália foi Dante Alighieri (1265-1321), autor da "A Divina Comédia". Apesar de criticar a Igreja, sua obra ainda apresenta forte influência medieval.

Na literatura generalizou-se a utilização do dialeto toscano, que seria matriz da língua italiana contemporânea. Mas foi Francesco Petrarca (1304-1374) o "pai do humanismo e da literatura italiana". Foi ele o autor de "África" e "Odes a Laura", conciliando a inspiração greco-romana com a religiosidade medieval.

Outro grande nome do Trecento foi Bocaccio e sua obra "Decameron", onde seus contos satíricos criticavam o ascetismo medieval.No terceiro período, o Cinquecento (1500), Roma passou a ser o principal centro da arte renascentista. Foi construída a basílica de São Pedro, no Vaticano, projeto do arquiteto Donato Bramante.

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Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.