Características do Pré-Modernismo

Daniela Diana
Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

As características do pré-modernismo evocam o nacionalismo e o regionalismo por meio do espírito de renovação artística que se desenvolvia na época.

Trata-se de um movimento literário de transição entre o simbolismo e o modernismo que ocorreu no Brasil no início do século XX.

Contexto histórico do pré-modernismo

O Pré-modernismo surge nas duas primeiras décadas do século XX e vai até 1922, quando começa o modernismo.

O país está inserido na Belle Époque. É uma época de renovação e de avanços científicos e tecnológicos, causados pela influência francesa nas grandes cidades brasileiras, sobretudo no Rio de Janeiro.

É o momento de consolidação da República no país, quando muitas revoltas populares despontaram: Revolta da Vacina (1904), Revolta da Chibata (1910), Guerra do Contestado (1912-1916), dentre outras.

Principais características do pré-modernismo

  • Rompimento com o academicismo
  • Inspiração naturalista
  • Nacionalismo e regionalismo
  • Sincretismo estético
  • Renovação artística
  • Linguagem coloquial
  • Denúncia social
  • Temas históricos e cotidianos
  • Marginalização das personagens
  • Contemporaneidade

Exemplo de obra pré-modernista

Para compreender melhor a linguagem do pré-modernismo, segue abaixo trecho da obra “O Triste Fim de Policarpo Quaresma” de Lima Barreto:

A Lição de Violão

Como de hábito, Policarpo Quaresma, mais conhecido por Major Quaresma, bateu em casa às quatro e quinze da tarde. Havia mais de vinte anos que isso acontecia. Saindo do Arsenal de Guerra, onde era subsecretário, bongava pelas confeitarias algumas frutas, comprava um queijo, às vezes, e sempre o pão da padaria francesa.

Não gastava nesses passos nem mesmo uma hora, de forma que, às três e quarenta, por aí assim, tomava o bonde, sem erro de um minuto, ia pisar a soleira da porta de sua casa, numa rua afastada de São Januário, bem exatamente às quatro e quinze, como se fosse a aparição de um astro, um eclipse, enfim um fenômeno matematicamente determinado, previsto e predito.

A vizinhança já lhe conhecia os hábitos e tanto que, na casa do Capitão Cláudio, onde era costume jantar-se aí pelas quatro e meia, logo que o viam passar, a dona gritava à criada: “Alice, olha que são horas; o Major Quaresma já passou.”

E era assim todos os dias, há quase trinta anos. Vivendo em casa própria e tendo outros rendimentos além do seu ordenado, o Major Quaresma podia levar um trem de vida superior aos seus recursos burocráticos, gozando, por parte da vizinhança, da consideração e respeito de homem abastado.

Não recebia ninguém, vivia num isolamento monacal, embora fosse cortês com os vizinhos que o julgavam esquisito e misantropo. Se não tinha amigos na redondeza, não tinha inimigos, e a única desafeição que merecera fora a do Doutor Segadas, um clínico afamado no lugar, que não podia admitir que Quaresma tivesse livros: “Se não era formado, para quê? Pedantismo!”

Para saber mais sobre o tema:

Daniela Diana
Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.