Como fazer uma conclusão

Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora licenciada em Letras

Para fazer a conclusão de um trabalho ou de uma redação precisamos ler o que escrevemos para organizarmos o seu fechamento.

A ideia principal e os argumentos devem ser retomados na conclusão, apresentando as suas consequências de forma coerente.

No caso da redação dissertativa-argumentativa, também devemos apresentar a solução para um problema que foi apresentado no tema.

Dicas para fazer uma boa conclusão

1. Leia e organize o fechamento do seu texto

Leia o que escreveu na introdução e no desenvolvimento e organize como fará a sua conclusão. Isso é muito importante para construir um texto coerente.

2. Seja claro e objetivo

Uma conclusão não deve ser longa, porque nesta parte não podemos introduzir dados novos. A apresentação dos argumentos é feita no desenvolvimento, parte mais extensa de um trabalho ou de uma redação.

Numa redação, geralmente a conclusão tem o mesmo número de parágrafos que a introdução, que pode ser apenas um.

3. Retome a ideia principal do texto

Retome a ideia principal e os argumentos. Apresente um resumo do que foi dito ao longo do seu texto.

4. Apresente consequências e soluções para o que foi abordado

Apresente as consequências para os seus argumentos. Pense, também, de quê maneira você solucionaria os problemas que apresentou.

Uma boa conclusão deve ter uma proposta de valor, ou seja, ela deve conter soluções e apresentar melhorias para o tema abordado. Ofereça ao leitor oportunidades de refletir sobre o tema.

Como iniciar uma conclusão

Comece a escrever a conclusão usando conectivos. Ter alguns em mente pode ajudar quando você não sabe bem como começar.

Exemplos de conectivos:

  • Conclui-se
  • Diante disso
  • Em síntese
  • Logo
  • Portanto
  • Por conseguinte
  • Por isso
  • Em virtude de

Exemplo de conclusão

Abaixo, a redação de Pedro Henrique Rezende Machado, que tirou nota mil no Enem 2021:

Para a filósofa estadunidense Nancy Fraser, o conceito de justiça social funde-se em duas frentes, sendo uma delas a do reconhecimento, referente à existência e à visibilidade de um determinado grupo ou indivíduo perante o poder público e a sociedade. Nesse viés, a fim do efetivo asseguramento da cidadania de seus indivíduos, o corpo estatal exige a materialização do existir de seus cidadãos mediante documentos oficiais, os quais proporcionam o acesso a prerrogativas e serviços que lhes cabem aos indivíduos registrados. No entanto, não raras são as ocasiões em que não há tais registros, o que levanta debates acerca da importância dos documentos civis e da devida regularização dos cidadãos à garantia de acesso à cidadania plena e, portanto, à visibilidade, no Brasil, embasados, sobretudo, na oportunidade de indivíduos alijados à sociedade ascenderem de condições de vida, somada à possibilidade de estes construírem ser verdadeiro “eu”. Tendo isso em vista, o Estado deve agir visando à facilitação e à democratização de tal processo civil.

De início, é notório o caráter indispensável do registro civil na promoção da cidadania, em especial, de indivíduos à margem da sociedade e da atuação do poder público, possibilitando sua ascensão social. Segundo o geógrafo Milton Santos, o Brasil vive um cenário de cidadanias mutiladas, em que, embora a Constituição preveja, de forma universal e indistinta, o acesso a prerrogativas, estas não são efetivamente consubstanciadas na prática, engendrando disparidades sociais baseadas, principalmente, no poder econômico dos membros da sociedade. Nesse contexto, pessoas em uma posição inferior de pirâmide social têm seus direitos renegados, em uma estrutura baseada no capital, restando ao Estado o dever de, ainda que parcialmente, complementar a iniciativa privada na oferta de serviços e de prerrogativas mercantilizadas, em busca de uma conjuntura de maior equidade social. Dessa forma, o registro civil, ao estabelecer a conexão indivíduo-poder público, permite que este atue de forma localizada e eficiente sobre comunidades ou cidadãos, com o fito de promover sua ascensão social, tendo o documento papel primordial nesse intermédio.

Além disso, já em um âmbito existencialista, a regularização do indivíduo, ao materializar sua existência, fornece um importante amparo na síntese de seu verdadeiro “eu”. Conforme o filósofo Jean-Paul Sartre, o homem é dotado de liberdade para construir sua essência, mediante tomadas de decisões, porém apenas quando sobre ela precede a existência humana. Nessa perspectiva, o fato de existir é imprescindível para que o cidadão, em seu íntimo, seja capaz de, ao longo de sua vivência, sintetizar quem ele realmente é, com toda a liberdade intrínseca a sua existência. Desse modo, o registro civil de uma família, por exemplo, permitirá que esta, sob um regime de supervisão e auxílio do Estado, seja atriz de sua própria história, definindo a essência de cada um de seus membros e sintetizando, de forma ativa, seu legado a gerações futuras, tornando-se mais visíveis a elas, ao corpo estatal e à sociedade como um todo, o que ressalta sua cidadania.

Portanto, em vista dos benefícios inerentes ao registro civil e sua facilitação, no que se refere à cidadania, faz-se necessário que o Estado, através de parcerias entre as esferas federal, estadual e municipal, democratize a retirada de documentos cidadãos, por meio da construção de centros de registro e cartórios em zonas periféricas ou interioranas, os quais disponibilizem atendimento integral e direcionado a indivíduos de baixa renda que não tiveram a oportunidade de reivindicar seus documentos. A finalidade de tal ação é ampliar e garantir o acesso à cidadania plena no Brasil, já que esta só pode ser integralmente alcançada, na maioria dos casos, com, no mínimo, a certidão de nascimento, justamente por informar o poder público a respeito de sua existência como cidadão. Somente assim, poder-se-á construir um cenário de justiça social e de reconhecimento igualitário dos indivíduos perante o corpo social e estatal, universalizando prerrogativas e fazendo da sociedade uma instituição harmoniosa e, em seu conjunto, cidadã.

Comentários referentes à conclusão:

  • Na redação acima, a conclusão começa com o CONECTIVO "portanto".
  • Ela retoma a IDEIA PRINCIPAL, que é a importância dos documentos para o exercícios da cidadania: "benefícios inerentes ao registro civil e sua facilitação, no que se refere à cidadania".
  • Retoma, também, os ARGUMENTOS e apresenta as consequências, quando diz que muitas pessoas não têm acesso ao registro civil e que uma das consequências dessa falta de acesso é a recusa dos seus direitos pelo Estado: "construir um cenário de justiça social e de reconhecimento igualitário dos indivíduos perante o corpo social e estatal".
  • Além disso, foi apresentada uma SOLUÇÃO para o problema, que consiste na construção de centros de registro que cheguem às pessoas de baixa renda: "construção de centros de registro e cartórios em zonas periféricas ou interioranas, os quais disponibilizem atendimento integral e direcionado a indivíduos de baixa renda que não tiveram a oportunidade de reivindicar seus documentos".
  • A conclusão foi feita de forma sucinta. Ela tem um parágrafo, tal como a introdução.

O que é uma boa conclusão

Uma boa conclusão encerra o texto, fazendo que o leitor fique satisfeito com a leitura.

Ela reúne as principais ideias e os argumentos apresentados ao longo do texto. A conclusão também apresenta as consequências, bem como sugestões que proponham a solução para o problema apresentado no tema.

A conclusão não é a repetição do que já foi dito.

É essencial garantir que essa parte do texto esteja coerente com as outras partes, a introdução e o desenvolvimento, e que seja sucinta.

Para concluir bem um texto, precisamos planejar a escrita e seguir uma sequência lógica de apresentação das informações. Caso essa sequência não seja obedecida, o texto fica confuso, o que impede o leitor de refletir sobre o tema proposto.

Uma organização lógica de ideias, permite o convencimento do leitor, principal objetivo do texto dissertativo-argumentativo.

Em qualquer parte do texto - introdução, desenvolvimento e conclusão -, a clareza e obediência à gramática são fundamentais para o bom entendimento do tema.

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Márcia Fernandes
Márcia Fernandes
Professora, produz conteúdos educativos (de língua portuguesa e também relacionados a datas comemorativas) desde 2015. Licenciada em Letras pela Universidade Católica de Santos (habilitação para Ensino Fundamental II e Ensino Médio) e formada no Curso de Magistério (habilitação para Educação Infantil e Ensino Fundamental I).