Entenda o que eram as drogas do Sertão

Thiago Souza
Thiago Souza
Professor de Sociologia, Filosofia e História

As drogas do sertão reúnem os diversos tipos de especiarias (plantas, raízes, sementes, frutas, ervas medicinais, etc.) que foram comercializadas no Brasil Colônia (sertão nordestino).

Esse comércio ocorreu nos séculos XVI e XVII, tendo a Europa como destino. Alguns estudiosos referem esse momento como “Ciclo das Drogas do Sertão”.

Consideradas pelos europeus como “novas especiarias”, a compra e venda desses produtos movimentou o comércio da colônia.

O início do comércio das drogas do sertão

As drogas do sertão começaram a ser cultivadas e apresentar elevado valor econômico durante a época das “Entradas e Bandeiras”.

Estas foram expedições de desbravamento com finalidades estratégicas e econômicas, as quais foram responsáveis pela conquista e expansão do território brasileiro.

Os bandeirantes (ou sertanistas) eram os responsáveis pela conquista e buscavam metais e pedras preciosas na colônia, com o intuito de enriquecer o mercado consumidor estrangeiro.

Foi a partir daí que as chamadas “drogas do sertão” passaram a ter um caráter econômico muito importante, propiciando a ocupação da região norte e nordeste do país.

Assim, após a exploração do pau-brasil, a cana passou a ser um dos produtos mais importantes ao lado das drogas do sertão.

Essas especiarias (urucum, cacau, guaraná, cravo, canela, castanha, pimenta, baunilha, etc.) cultivadas no nordeste brasileiro foram uma das principais fontes de renda para a Coroa Portuguesa, que na época, buscava uma maneira de enriquecer através da exploração de sua colônia.

Esse fator de grande interesse fez com que a Coroa Portuguesa elegesse as missões jesuíticas para controlar a exploração desses produtos.

Coleta das especiarias: a mão de obra indígena e africana

A coleta dessas especiarias era realizada através da mão de obra escrava indígena, visto os conhecimentos que possuíam sobre as diversas especiarias e os locais onde elas se encontravam em meio a mata.

Mais tarde, a escravidão indígena foi proibida e substituída pela mão de obra escrava vinda da África.

Os indígenas foram substituídos pelos povos africanos no trabalho da colônia porque a Igreja Católica via neles a possibilidade de catequização.

Invasões estrangeiras na região das drogas: o interesse internacional

Nessa época, a região do Amazonas foi muito explorada pelos portugueses e propulsionada pela invasão de alguns povos europeus que tentavam conquistar o território e encontrar outras riquezas: franceses, ingleses, espanhóis e holandeses.

Diante disso, os portugueses conseguiram expulsar os povos invasores e, com um tipo de colonialismo denominado Colônia de Exploração, eles focaram na busca de lucro e na expansão do mercado financeiro.

Os bandeirantes, a expansão e a defesa do território

A partir do início do século XVI, os portugueses começaram diversas expedições de reconhecimento e exploração nas áreas do interior da selva amazônica.

O objetivo era ocupar os territórios para impedir invasões de povos estrangeiros no território brasileiro.

Nesse contexto surgiram os bandeirantes, exploradores pioneiros, que realizaram diversas expedições que objetivavam não somente a exploração do território, mas também a busca de escravos fugitivos e da captura de indígenas (seja para comercializá-los, executá-los ou escravizá-los).

Assim, eles adentraram diversos territórios da mata brasileira, estabelecendo núcleos de povoamento e contribuindo para a expansão da colônia, pois ampliaram o território controlado por Portugal.

Declínio do comércio das drogas do sertão

Com o cultivo da cana-de-açúcar (ciclo da cana-de-açúcar), a exploração das “drogas do sertão” entrou em decadência.

A partir do século XVII, o foco de enriquecimento dos portugueses foi a plantação da cana e a criação dos engenhos de açúcar pelo país. Esse período ficou conhecido como ciclo da cana-de-açúcar.

Assim, as drogas do sertão perderam força no comércio internacional, com Portugal voltando suas atenções para esse novo produto.

Expanda seus conhecimentos, com a leitura dos artigos:

Referências Bibliográficas

José Santos Pompeu, A. . (2021). AS ROTAS DE COMÉRCIO INDÍGENA NA MONTAGEM DA ECONOMIA DAS DROGAS DO SERTÃO AMAZÔNICO (1683-1706). Revista Em Favor De Igualdade Racial, 4(3), 22–35. https://doi.org/10.29327/269579.4.3-3

Thiago Souza
Thiago Souza
Graduado em História e Especialista em Ensino de Sociologia pela Universidade Estadual de Londrina. Ministra aulas de História, Filosofia e Sociologia desde 2018 para turmas do Fundamental II e Ensino Médio.