História do xadrez: conheça os principais fatos

Thiago Souza
Thiago Souza
Professor de Sociologia, Filosofia e História

Há várias histórias que narram o surgimento do xadrez. A mais conhecida conta sobre um indiano chamado Sissa, que teria criado o jogo a pedido do rei Kaíde.

O rei prometeu recompensar Sissa se ele conseguisse desenvolver um jogo realmente interessante.

Ele pediu, como recompensa, que um grão de trigo fosse colocado na primeira casa do tabuleiro, dois na segunda casa, quatro na terceira e assim por diante, sempre multiplicando o número por dois até a última casa, que é a de número 64.

O rei achou o pedido muito simples e concordou, mas ficou surpreso quando percebeu que a quantidade de trigo necessária chegava ao impressionante número de 18.446.744.073.709.551.615.

Como o xadrez chegou em outros países

O jogo chaturanga, de onde originou o xadrez, foi levado da Índia para a China por meio das rotas comerciais, onde se tornou conhecido como o "Jogo do Elefante".

Quando chegou à Coreia e ao Japão, recebeu o nome de "Jogo do General". Na Pérsia, foi chamado de chatrang (Jogo de Xadrez) e se popularizou por volta do século VI.

Na Pérsia, foram feitas duas modificações importantes no jogo: ele passou a ser jogado por apenas duas pessoas e uma nova peça foi introduzida, o Xá (Rei).

Em 651, a Pérsia foi conquistada pelos árabes e, assim, o jogo se difundiu pelo norte da África. Os árabes fizeram algumas modificações no jogo antes de levá-lo para a Europa, como a possibilidade de o peão avançar duas casas.

Os movimentos da Dama e dos Bispos, como conhecemos hoje, surgiram por volta de 1485, durante a Renascença Italiana, o que tornou o jogo mais ágil.

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O xadrez como representação da sociedade: as peças e movimentos no tabuleiro

Durante a Idade Média, as peças de xadrez eram apresentadas como representações simbólicas da sociedade. O frade Jacobus de Cessolis, no final do século XIII, descreveu cada peça simbolizando uma profissão diferente.

Por exemplo, o bispo representava um juiz, o peão "h" era um trabalhador agrícola, o peão "g" era um trabalhador de metais, o peão "f" era um fabricante de tecidos, o peão "e" era um comerciante, o peão "d" era um médico, o peão "c" era um dono de taberna, o peão "b" era um guarda de tributos e o peão "a" era um corredor ou jogador.

O frade descrevia esses personagens com seus respectivos trajes e as obrigações morais de cada profissão representada pelas peças.

Os movimentos das peças também refletem os poderes da sociedade. O movimento do rei e sua capacidade de captura ocorrem em todas as direções, representando o poder e a autoridade do monarca.

A Torre representa os juízes itinerantes que viajam por todo o reino e seu movimento é sempre reto, simbolizando o caminho da retidão e da justiça.

Os peões são considerados homens pobres, e seu movimento é sempre reto, exceto quando estão capturando outras peças.

Essas são apenas algumas das histórias e curiosidades sobre a origem do xadrez. Esse jogo estratégico tem uma longa história que se espalhou por diferentes culturas ao longo dos séculos e continua a desafiar jogadores de todas as idades até hoje.

Chaturanga: o jogo de onde derivou o xadrez

Antes do xadrez como o conhecemos hoje, existia um jogo chamado chaturanga, que era praticado na Índia há pelo menos 1500 anos.

Esse jogo era jogado por quatro pessoas simultaneamente, cada uma controlando 5 peças:

  • Um ministro (que hoje chamamos de dama);
  • um cavalo;
  • um elefante (que atualmente corresponderia ao bispo);
  • um navio (que mais tarde se tornou uma carruagem e, hoje em dia, é a torre),
  • e quatro soldados (conhecidos como peões).

O tabuleiro de chaturanga, chamado de ashtapada, tinha apenas uma cor e as peças dos quatro jogadores se diferenciavam pelas cores: vermelho, verde, preto e amarelo.

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Thiago Souza
Thiago Souza
Graduado em História e Especialista em Ensino de Sociologia pela Universidade Estadual de Londrina. Ministra aulas de História, Filosofia e Sociologia desde 2018 para turmas do Fundamental II e Ensino Médio.