Lenda da Cobra Grande

Daniela Diana
Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

A lenda da cobra grande, também chamada de "lenda da cobra grande da Amazônia" é muito popular nas regiões norte e nordeste do país.

Esse personagem do folclore brasileiro, também conhecido pelos nomes Cobra Honorato, Norato ou Boiuna, é uma cobra gigantesca cujo habitat é as profundezas dos rios ou dos lagos. Seus olhos são luminosos e aterrorizam as pessoas que a encontram.

Presente no imaginário de muitas pessoas, essa lenda inspirou a criação de diversas músicas, poemas e filmes.

cobra grande lenda amazônica
Ilustração da cobra grande da Amazônia

Versões da Lenda

Dependendo da localidade (Amazônia, Pará, Tocantins, Roraima, etc.), existem diversas versões dessa lenda, as quais foram passadas de geração em geração.

A estória mais comum por trás dessa personagem ameaçadora é da índia de uma tribo amazônica que ficou grávida da cobra Boiuna.

Ela deu à luz a duas crianças gêmeas que nasceram com aparência de cobras. O menino recebeu o nome de Honorato (ou Norato); e a menina, Maria Caninana.

Assustada com a aparência de sua prole, ela decidiu lançar seus "filhos-cobras" no rio.

A diferença entre a personalidade dos irmãos era notória. Ou seja, enquanto Honorato tinha um coração bom e sempre visitava sua mãe, Maria, por sua vez, guardava rancor e nunca foi visitá-la.

Por conta de seu temperamento, Maria sempre estava assustando a população e os animais, ou mesmo naufragando embarcações. Seu irmão, que era o contrário, não gostava nada de suas ações.

Cobra grande e pescador
Ilustração da cobra grande amedrontando um pescador

Assim, cansado e triste com os atos de sua irmã, ele resolve matá-la para pôr fim ao sofrimento de muitas pessoas.

Algumas versões relatam que em noites de lua cheia Honorato adquiria a forma humana e podia caminhar pela terra. No entanto, quando passava a lua cheia ele voltava para sua vida nos rios.

Acreditava-se que para quebrar o encanto, uma pessoa deveria ferir a cobra na cabeça, além de colocar leite em sua enorme boca. A questão é que com todos que ele falava, não tinham coragem pois se assustavam com a criatura no momento que ele se transformava.

Sem dúvida, ninguém queria enfrentar a cobra grande. Até que um dia, um soldado muito corajoso o libertou da maldição. Assim, Honorato pode viver na terra como uma pessoa comum e perto de sua família.

Em outra versão, uma mulher muito má, pertencente a uma tribo amazônica, costumava matar e devorar crianças. Indignados, os habitantes da tribo resolveram jogá-la no rio.

Entretanto, ela não morreu pois foi salva por uma espécie de demônio chamado de Anhangá. Por fim, eles se casam e tem um filho que foi transformado em cobra por seu pai, para que assim, ele pudesse viver com seus pais no rio.

Com o tempo ele foi crescendo até atingir um tamanho descomunal, tanto que os rios já não tinham mais peixes. Com isso, a cobra grande começou a aterrorizar e devorar pessoas das tribos que viviam próximas dos rios.

Quando sua mãe morreu, a cobra ficou tão enfurecida que resolveu viver num estágio de letargia embaixo das cidades grandes.

lenda da cobra grande da matriz
Ilustração de uma das versões da lenda, onde a cobra grande vive embaixo de uma cidade

Noutra versão, quando morre sua mãe, a cobra grande fica triste e furiosa que seu olho torna-se tão brilhante que chega a soltar flechas de fogo. Essas flechas eram atiradas no céu, e, portanto, acredita-se que ela atuava nas tempestades.

Origem da Lenda

A origem da cobra grande é indígena e provavelmente surgiu na região amazônica. Hoje é uma das lendas mais conhecidas entre os habitantes que vivem próximos dos rios, os chamados ribeirinhos.

Acredita-se que a cobra grande foi responsável por criar parte dos rios. Isso porque ao se rastejar ela deixava sulcos gigantescos na terra, que com o tempo, se transformaram em rios caudalosos, como o Amazonas.

A verdade é que na região existem muitas cobras imensas que medem até 10 metros de comprimento e chegam a pesar mais de 200 Kg. Destaca-se a cobra sucuri, também chamada de anaconda, boiaçu e boiuna.

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Daniela Diana
Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.