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Maio de 68: o que foi, os principais eventos e as causas

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Professor de História

O mês de maio de 1968 foi um período marcado por intensos protestos, revoltas e manifestações culturais da juventude em todo o mundo.

Os protestos de maio tiveram início com uma série de manifestações estudantis na França, que protestavam contra uma reforma universitária local. No entanto, o movimento rapidamente se alastrou por outros países e mobilizou a juventude internacional em protestos contra o sistema.

Em linhas gerais, os protestos internacionais de 1968 defendiam o pacifismo, a liberdade, e faziam críticas ao consumismo, ao colonialismo, ao autoritarismo e à opressão. A juventude urgia por uma nova forma de vida e de comportamento, rejeitando tanto os valores ocidentais capitalistas quanto o autoritarismo do bloco soviético.

Esse movimento está ligado a um contexto mais amplo de crescimento da contracultura, isto é, de rebeldia contra os valores, comportamentos e ideologias hegemônicas da época.

Neste conteúdo você encontra:

Maio de 1968 na França

Na França, os protestos de maio de 1968 começaram com estudantes universitários. Eles protestavam contra as condições nas universidades e contra a repressão governamental, ligada à figura do então presidente Charles de Gaulle. Para isso, ocuparam universidades e ergueram barricadas nas ruas de Paris.

Em 1968, De Gaulle já era presidente da França havia dez anos. Para a juventude, seu governo estava associado às guerras colonialistas (como na Argélia) e a um sentimento de marasmo político.

O protesto dos estudantes ganhou ampla simpatia popular, tornando-se símbolo de ideias mais amplas, como liberdade e democracia. Frases como “Sejam realistas: peçam o impossível” e “É proibido proibir” viraram slogans do movimento.

Manifestantes organizam um protesto na França em 1968. Há manifestantes sentados na rua, cartazes e bandeiras com slogans.
Manifestantes nas ruas de Toulouse, na França (Foto: André Crois, Wikicommons).

Em 13 de maio de 1968, as centrais sindicais declararam uma greve geral em apoio aos estudantes, por melhores condições de trabalho e em crítica ao governo de De Gaulle.

A greve recebeu enorme adesão: mais de 10 milhões de trabalhadores pararam suas atividades.

Além dos trabalhadores, importantes intelectuais também participaram dos protestos. Por exemplo, os filósofos Michel Foucault e Jean-Paul Sartre se envolveram na mobilização.

Diante da pressão popular, Charles de Gaulle convocou novas eleições, mas também promoveu uma forte repressão contra os manifestantes. Como resultado, o movimento perdeu força já no mês seguinte, encerrando as mobilizações.

De forma mais ampla, o mês de maio de 1968 tornou-se um ícone contracultural no país. É lembrado até hoje como fonte de inspiração para a juventude e para os movimentos populares na França e em todo o mundo.

Maio de 1968 na Tchecoslováquia

O mês de maio de 1968 também foi marcado por protestos de estudantes na Tchecoslováquia. Na época, o país vivia sob um regime socialista, ligado ao bloco soviético.

Em 1968, teve início a chamada Primavera de Praga, um movimento político e social que buscava reformar o governo socialista do país. Propunham adotar medidas democráticas, garantias de liberdades individuais e maior participação popular.

O movimento contou com forte adesão da juventude e de alas reformistas do Partido Comunista, especialmente por meio da liderança do político Alexander Dubček.

No entanto, o movimento provocou reações negativas em países socialistas vizinhos, que temiam o surgimento de revoluções semelhantes em seus próprios territórios. Dessa forma, a União Soviética liderou uma ocupação militar da Tchecoslováquia, removendo Dubček do governo e reprimindo as manifestações populares.

A atuação soviética contra a Primavera de Praga teve ampla repercussão internacional, agravando a imagem autoritária da União Soviética e do chamado “socialismo real”.

Maio de 1968 no México

Os protestos estudantis de Paris também inspiraram importantes manifestações ocorridas no México.

Na época, o país vivia uma intensificação das desigualdades sociais, resultado de políticas econômicas adotadas pelos governos ligados ao PRI (Partido Revolucionário Institucional), que governava o México havia mais de uma década.

Essas políticas aceleravam o êxodo rural e ampliavam a desigualdade entre os mais ricos e a população trabalhadora, indígena e camponesa.

Nesse contexto, os estudantes mexicanos iniciaram uma série de protestos contra o presidente Gustavo Díaz Ordaz, ocupando as principais universidades do país.

A reação do governo foi extremamente violenta. No dia 2 de outubro, a polícia abriu fogo contra os estudantes na Cidade do México, num episódio que ficou conhecido como o "Massacre de Tlatelolco".

Apesar da repressão policial, o movimento tornou-se um marco na história das lutas estudantis, inspirando intelectuais e manifestantes até os dias atuais.

Manifestantes ocupam a praça das Três Culturas, no México, em 1968.
Manifestantes ocupam a praça das Três Culturas, no México, em 1968. Neste local ocorreu o chamado "Massacre de Tlatelolco".

Maio de 1968 nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, as mobilizações estudantis também repercutiram internamente. Aqui, os protestos estavam ligados especialmente às questões raciais e à oposição à Guerra do Vietnã.

Quanto à questão racial, na década de 1960, os Estados Unidos viveram o auge da luta pelos direitos civis da população negra. O assassinato de Martin Luther King Jr., em abril de 1968, provocou uma onda de protestos e manifestações da população negra, tornando o tema um dos principais focos das mobilizações locais.

Além disso, os protestos contra a Guerra do Vietnã também mobilizaram fortemente a juventude. Essa causa esteve muito ligada à cultura hippie, que ganhava força entre os jovens norte-americanos.

Outras pautas, como o direito das mulheres e o surgimento do movimento LGBT, também emergiram nesse contexto histórico.

Assim, o ano de 1968 ficou marcado como central na história da contracultura norte-americana e da conquista de direitos civis pelas chamadas minorias.

Maio de 1968 no Brasil

O Brasil também assistiu a um crescimento da mobilização estudantil, inspirada nos movimentos internacionais.

Aqui, os protestos denunciavam a Ditadura Militar, que controlava o país desde 1964, iniciada com o golpe que depôs o então presidente João Goulart.

Os eventos de maio na França e no mundo inspiraram importantes passeatas e mobilizações no Brasil. Entre os episódios mais relevantes está a Marcha dos Cem Mil, ocorrida em junho de 1968.

Artistas protestam contra a ditadura militar na Marcha dos Cem Mil, no Rio de Janeiro, em 1968.
Artistas protestam contra a ditadura militar na Marcha dos Cem Mil, no Rio de Janeiro, em 1968.

Nessa marcha, milhares de estudantes, artistas, intelectuais e manifestantes da sociedade civil ocuparam as ruas do Rio de Janeiro. Eles defendiam o fim da Ditadura e denunciavam a morte do estudante Edson Luís de Lima Souto, ocorrida em março daquele ano.

Mapa mental explicando os principais aspetos sobre o que foi Maio de 1968
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O legado de Maio de 1968

Os protestos de Maio de 1968 marcaram o profundo desejo de transformação política e social em diferentes países.

Protagonizados por jovens e estudantes, esses protestos estavam diretamente ligados à chamada contracultura. Embora com nuances e particularidades locais, suas manifestações criticavam o autoritarismo, a repressão, as guerras e o modelo político vigente.

Em contrapartida, defendiam a urgência de pensar um novo mundo pautado na liberdade, na democracia, na igualdade e nos direitos humanos.

Por tudo isso, o ano de 1968 ficou conhecido como um marco mundial de resistência e participação política, sendo lembrado até hoje como símbolo de esperança, mudança e coragem.

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Referências Bibliográficas

PEREIRA, Carlos Alberto Messeder. O que é Contracultura. São Paulo: Brasiliense, 1986.

VAINFAS, Ronaldo [et al.]. História – Volume Único. São Paulo: Saraiva, 2014.

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2013), com mestrado em Ensino de História pela mesma instituição (2020). Atua como professor de História na educação básica e em cursos pré-vestibulares desde 2013. Desde 2016, também desenvolve conteúdos educativos na área de História.