Naturalismo em Portugal

Daniela Diana
Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

O Naturalismo em Portugal tem início na década de 1875 com a publicação da obra de “O Crime do Padre Amaro” (1875) de Eça de Queirós.

Embora ele seja mais citado como escritor realista, a obra de Eça abrange diversas características do naturalismo.

O que é Naturalismo?

Além de ter sido um movimento literário, o naturalismo teve grande influência nas artes plásticas e no teatro.

Grupo de Leão de Columbano Bordalo Pinheiro
Grupo do Leão, do pintor português Columbano Bordalo Pinheiro

É, portanto, uma tendência estética, que muitas vezes está unida ao realismo, ou seja, pode ser considerada uma ramificação deste.

Sendo assim, o naturalismo é um estilo artístico posterior ao realismo e anterior ao parnasianismo. Da mesma maneira que o realismo, ele se posiciona contra os ideais da escola romântica.

Realismo e Naturalismo

Uma das principais diferenças entre o realismo e naturalismo é justamente as personagens que aparecem nas obras.

Enquanto no realismo as personagens fazem parte da classe burguesa, no naturalismo, elas são pessoas simples ou mesmo marginalizadas pela sociedade.

Para muitos estudiosos do tema, o naturalismo é considerado uma radicalização do realismo. Ele envolve personagens de qualquer classe social, os prazeres carnais, o sensualismo e o erotismo.

Diferente do realismo, essa tendência surge com o intuito de chocar o público e apresentar uma nova realidade “nua e crua”.

Origem do Naturalismo

O naturalismo surgiu na França em meados do século XIX com a publicação da obra “Germinal” do escritor francês Émile Zola.

Nessa obra, o escritor aborda sobre a greve de trabalhadores mineiros no norte da França. A temática escolhida já demostra as raízes do naturalismo donde a realidade é retratada de forma objetiva e realista.

Contexto Histórico: Resumo

O naturalismo surge numa época de extremo cientificismo e descobertas em diversos campos do saber.

Destaca-se o positivismo de Comte, o Evolucionismo de Darwin, a Psicologia, as pesquisas antropológicas e os avanços políticos: democracia, liberalismo e socialismo.

Tudo isso foi essencial para mostrar uma nova mudança na consciência humana, retratando da forma mais verossímil possível a realidade.

Em Portugal, o momento é de modernização da Indústria, dos transportes e da comunicação, impulsionados pela Revolução Industrial.

Além disso, a mecanização da agricultura bem como a inserção de novas técnicas de cultivo foi essencial para o desenvolvendo na área.

Isso gerou mais produção e empregos. Assim, o atraso econômico e tecnológico pelo qual passava o país anteriormente, foi gradualmente se transformando.

Características do naturalismo em Portugal

  • Objetividade e Materialismo
  • Cientificismo e Determinismo
  • Positivismo e Darwinismo
  • Linguagem simples e coloquial
  • Descrições minuciosas
  • Realidade e denúncia social
  • Temas polêmicos
  • Leis na natureza
  • Paisagens rurais
  • Instinto humano
  • Homem como produto biológico
  • Personagens marginalizados
  • Negação dos aspectos românticos

Saiba mais sobre as Características do Naturalismo.

Autores e obras do naturalismo português

Veja abaixo os principais nomes de artistas naturalistas em Portugal e suas obras mais importantes:

Escritores Naturalistas Portugueses

  • Eça de Queirós (1845-1900): O Mistério da Estrada de Sintra (1970), O Crime do Padre Amaro (1875) e A Tragédia da Rua das Flores (1877).
  • Francisco Teixeira de Queirós (1848-1919): Os Meus Primeiros Contos (1876), Amor Divino (1877) e Os Noivos (1879)
  • Júlio Lourenço Pinto (1842-1907): Margarida (1879), Vida Atribulada (1880) e Esboços do Natural (1882).
  • Abel Botelho (1854-1917): Claudina (1890), O Barão De Lavos (1891), Os Vencidos Da Vida (1892).

Pintores Naturalistas Portugueses

Fado de Jose Malhoa
O Fado (1910) de José Malhoa
  • António Carvalho da Silva Porto (1850-1893): Charneca de Belas ao Pôr-do-Sol (1879), No Areinho, Douro (1880), A Ceifa (1884).
  • João Marques da Silva Oliveira (1853-1927): Ovelhas (1872), Praia de Banhos (1884), Póvoa de Varzim (1884).
  • José Vital Branco Malhoa (1855-1933): O Ateliê do Artista (1893), Os Bêbados (1907), O Fado (1910).
  • João José Vaz (1859-1931): Torre das Cabaças (1885), As Piteiras (1897), No Tejo (1897).
  • Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929): Um Concerto de Amadores (1882), Retrato de Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro (1884), Grupo do Leão (1885).

Leia também:

Daniela Diana
Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.