Pólis Grega

Ligia Lemos de Castro
Ligia Lemos de Castro
Professora de História

A pólis grega era o modelo de cidade-estado da Grécia Antiga, organização fundamental para o desenvolvimento da cultura grega no final do período homérico, período arcaico e período clássico.

O termo “polis” em grego significa “cidade”. Note que a pólis grega representa a base do desenvolvimento do conceito de cidade tal qual conhecemos hoje.

Sem dúvidas, Atenas e Esparta merecem destaque como as pólis mais importantes do mundo grego.

Nascimento e desenvolvimento da pólis

A pólis surge no século VIII a.C., atingindo seu apogeu nos séculos VI e V a.C. Anteriormente, as pessoas se reuniam em pequenas aldeias (comunidade gentílicas agrícolas, denominadas “genos”) com terras de uso coletivo, as quais floresceram durante o período homérico.

A expansão demográfica e do comércio foram as principais causas para o surgimento da pólis, que incluía o campo e a cidade (centro). Foram, portanto, essenciais para fortalecer a organização dos membros da sociedade grega.

A pólis era controlada por uma oligarquia aristocrática e possuía uma organização própria e, portanto, independência social, política e econômica. A organização social da pólis era constituída basicamente por homens livres (os cidadãos gregos) nascidos na pólis, mulheres, estrangeiros (metecos) e escravos.

Sendo assim, em Atenas, os denominados Eupátridas (ou bem-nascidos) pertenciam à pequena classe dominante que detinha as maiores terras, sendo responsáveis por administrar a política da pólis.

Depois deles, estavam os Georgoi, agricultores proprietários de terra. E, por fim, os Thetas (ou marginais), trabalhadores que não detinham nenhum poder sobre as terras e que representavam a maior parte da população grega.

Devemos ressaltar que, embora habitassem o espaço da pólis, nem todos eram considerados cidadãos. Em Atenas, na época de Péricles, somente os homens adultos nascidos de pais atenienses (estima-se que formavam apenas 10% da população) possuíam a cidadania plena. Estrangeiros, escravos e mulheres estavam excluídos da participação política.

Já a sociedade em Esparta era dividida em Esparciatas (os aristocratas soldados), responsáveis pelo desenvolvimento da política da pólis.

Os denominados Periecos representavam os homens livres, (comerciantes, agricultores e artesãos). E por fim, os escravos, chamados de Hilotas, que constituíam a maior parte da população espartana.

Em termos gerais, a pólis grega era dividida em duas partes: a Ástey (zona urbana) e a Khora (zona rural), sendo formadas por casas, ruas, muralhas e espaços públicos.

Como espaços públicos, podemos destacar a Acrópole, ponto mais alto da cidade, formada por palácios e templos dedicados aos deuses; e a Ágora, a praça principal onde ocorriam as feiras e diversos atos públicos, como as manifestações cívicas e religiosas.

A economia na pólis era baseada na agricultura e no comércio, sendo um núcleo urbano autossuficiente.

A típica organização política da cidade-estado grega era formada pela assembleia (reunião de todo o conjunto de cidadãos), pelo conselho (grupo mais restrito de cidadãos) e pela magistratura (cargos executivos, militares e burocráticos).

O poder e a forma de organização de cada uma destas três esferas variava em cada pólis. Em uma democracia, como foi o caso de Atenas, a assembleia tinha um peso maior.

Embora fossem constantes os conflitos e a rivalidade entre as pólis, havia identidade cultural e linguística entre elas. As pólis faziam alianças de defesa, como a Liga de Delos e do Peloponeso, e participavam de festivais, como os Jogos Olímpicos.

Características da pólis grega

As principais características das pólis gregas eram:

  • possuíam autonomia e detinham o poder;
  • eram autossuficientes (política, social e economicamente);
  • tinham leis e organização sociais próprias;
  • estimularam o surgimento da propriedade privada.

Democracia ateniense

A democracia ateniense representou um dos momentos mais emblemáticos da história de Atenas.

Ela foi desenvolvida por meio dos legisladores e políticos, Drácon e Sólon, e consolidada por volta de 510 a.C., quando o político aristocrata Clístenes derrotou o tirano Hípias.

Sua implementação foi essencial no desenvolvimento da pólis grega, a qual foi espalhada para outras cidades-estado.

Pólis grega e a Filosofia

Uma vez que a pólis representava um dos modelos de organização social, política e econômica do mundo grego, ela foi essencial para o desenvolvimento da sociedade, bem como do pensamento humano, mediados pelos processos de socialização que ocorriam entre os cidadãos nos locais públicos.

Com o advento da democracia, essas relações sociais foram consolidadas pelas reflexões realizadas pelos cidadãos gregos.

Essa evolução racional da mente foi a chave para o desenvolvimento da filosofia grega, em detrimento da visão mitológica que dominava a mentalidade grega anteriormente.

Leia também:

Para praticar: Exercícios sobre Grécia Antiga

Referências Bibliográficas

CARTWRIGHT, Mark. Polis. World History Encyclopedia, s/d. Disponível em: https://www.worldhistory.org/Polis/ (acesso em 19/04/2024).

JULIEN, Alfredo. História Antiga I. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2011. Disponível em: https://cesad.ufs.br/ORBI/public/uploadCatalago/09513813022012Historia_Antiga_I_aula_1.pdf (acesso em 19/04/2024).

Ligia Lemos de Castro
Ligia Lemos de Castro
Professora de História formada pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Docência na Educação à Distância pela Universidade Federal de São Carlos. Leciona História para turmas do Ensino Fundamental II desde 2017.