O que é taxonomia e como é feita a classificação biológica

Rubens Castilho
Rubens Castilho
Professor de Biologia e Química Geral

A taxonomia é o ramo da biologia responsável por descrever, identificar e nomear os seres vivos segundo os critérios estabelecidos, como, por exemplo, aspectos morfológicos, genéticos, fisiológicos e reprodutivos.

As sete categorias taxonômicas são: reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie. Para facilitar a memorização lembre-se de ReFiCOFaGE.

O termo taxonomia tem origem grega e é formado pela junção de taxis, que significa arranjar, e nomos, cujo significado é regra.

Portanto, o sistema de classificação dos seres vivos é um meio de reunir e organizar as informações da diversidade de indivíduos para viabilizar o estudo das espécies.

Carl von Linné é conhecido como pai da taxonomia moderna, pois seu livro Systema naturae, publicado em 1735, foi indispensável para a classificação e a nomenclatura dos seres vivos como conhecemos hoje.

Classificação taxonômica

As 7 principais categorias taxonômicas, também chamadas de táxons, dos seres vivos por ordem decrescente (ou ordem hierárquica) são:

  • Reino: categoria taxonômica mais abrangente e que reúne filos;
  • Filo: categoria inferior ao reino que reúne classes;
  • Classe: categoria inferior ao filo que reúne ordens;
  • Ordem: categoria inferior à classe que reúne famílias;
  • Família: categoria inferior à ordem que reúne gêneros;
  • Gênero: categoria inferior à família que reúne espécies;
  • Espécie: nível taxonômico mais específico.
Hierarquia Taxonômica
Níveis Taxonômicos e suas dimensões

A espécie é a unidade fundamental de classificação dos seres vivos, onde estão inseridos os seres com características exclusivas, que conseguem se reproduzir entre si, gerando descendentes também férteis em ambiente natural.

A classificação mais recente proposta foi a categoria de domínios, um grupo taxonômico mais amplo que o reino. Os três domínios dos seres vivos são: Eukarya, dos organismos eucariontes, Bacteria e Archaea, estes dois agrupam os seres procariontes.

Existem ainda grupos taxonômicos intermediários, como subfilo, subfamília, subgênero e subespécie.

Por exemplo, cães e lobos pertencem à mesma espécie. Entretanto, uma classificação mais específica permite distinguir o cão como uma subespécie do lobo. Por isso, o nome científico do lobo é Canis lupus e do cão doméstico é Canis lupus familiaris.

Leia também sobre classificação dos seres vivos em reinos.

Exemplos de classificação dos seres vivos

Confira a seguir três exemplos de seres que pertencem ao domínio Eukarya, ou seja, são constituídos de células eucariontes, aquelas que apresentam núcleo separado do citoplasma celular.

A baleia-azul é o maior animal do planeta, apresenta nome científico Balaenoptera musculus e sua classificação taxonômica é:

Reino Filo Classe Ordem Família Gênero Espécie
Animalia Chordata Mammalia Cetacea Balaenopteridae Balaenoptera B. musculus

O mandacaru é uma planta nativa da Caatinga, apresenta nome científico Cereus jamacaru e sua classificação taxonômica é:

Reino Filo Classe Ordem Família Gênero Espécie
Plantae Magnoliophyta Magnoliopsida Caryophyllales Cactaceae Cereus C. jamacaru

O cogumelo shitake é um tipo de fungo muito utilizado na alimentação, apresenta nome científico Lentinulus edodes e sua classificação biológica é:

Reino Filo Classe Ordem Família Gênero Espécie
Fungi Basidiomycota Homobasidiomycetes Agaricales Marasmiaceae Lentinulus L. edodes

Saiba mais sobre classificação dos seres vivos.

Diferença entre taxonomia, filogenia e sistemática

A taxonomia atua na descrição e classificação dos seres vivos em categorias de acordo com as características semelhantes.

A filogenia estuda as hipóteses relacionadas com as histórias evolutivas dos seres vivos, desde os seus ancestrais até os seres recentes.

A sistemática é um ramo que além de estudar a organização dos seres vivos considera a relação evolutiva entre as espécies.

Portanto, a sistemática é uma área abrangente que estuda a diversidade biológica, levando em consideração a descrição das espécies (taxonomia) e o parentesco evolutivo (filogenia).

Veja também: filogenia

Nomenclatura biológica dos seres vivos

Carl von Linné formulou um método para nomear os seres vivos que ficou conhecido como sistema binomial, pois é composto por dois nomes.

A língua escolhida para a nomenclatura é o latim, pois se tratando de uma “língua morta” não sofreria alteração. Além disso, a escrita deve ser feita em itálico ou sublinhado, a fim de destacá-la no texto.

Portanto, o nome científico de um ser vivo é formado de dois termos: gênero e espécie.

O gênero corresponde ao epíteto geral e sua primeira letra deve ser escrita em maiúsculo. A espécie vem após o gênero e corresponde ao epíteto específico.

Por exemplo, o nome popular do maior felino das Américas é onça-pintada, mas seu nome científico, segundo a nomenclatura proposta por Lineu, é Panthera onca, onde Panthera é o gênero e onca é a espécie.

Veja outros exemplos:

Nome popular Nome científico
Humano Homo sapiens
Leão Panthera leo
Tigre Panthera tigris
Milho Zea mays
Couve-flor

Brassica oleracea

Batata-inglesa

Solanum tuberosum

A nomenclatura trinomial é utilizada quando nos referimos a uma subespécie. Por exemplo, o gato doméstico é tido por alguns estudiosos como uma subespécie do gato silvestre e, por isso, seu nome científico é Felis silvestris catus.

História da classificação dos seres vivos

Os primeiros métodos de classificação dos seres vivos têm origem há milhares de anos. As poucas espécies conhecidas eram divididas em plantas e animais.

O filósofo grego Aristóteles há mais de 2000 anos organizou subgrupos que diferenciavam os animais em com e sem sangue, além de distribuir as plantas existentes em árvores, arbustos e ervas.

A invenção do microscópio possibilitou a descoberta de novos seres e cada vez mais espécies a partir do século XVIII foram identificadas.

O naturalista Carl von Linné criou um sistema que permitia a classificação de cerca de 100 mil espécies, conforme as características anatômicas e morfológicas, e publicou seu material em 1735 no livro Systema naturae. Entretanto, a organização proposta por Lineu não levava em consideração as relações evolutivas entre as espécies.

O biólogo alemão Ernst Haeckel em 1894 contribuiu para a organização dos seres vivos com a criação de mais um reino chamado de Protista para somar aos conhecidos Plantae e Animalia. Em 1936 o biólogo norte-americano Herbert Copeland propôs também a inclusão do reino Monera.

Por fim, em 1959, o também biólogo norte-americano Robert Whittaker retomou os estudos anteriores e definiu os cinco reinos dos seres vivos: Plantae, Animalia, Protista, Monera e Fungi.

Os avanços tecnológicos e estudos da biologia molecular fizeram com que o microbiologista norte-americano Carl Woese em 1977 determinasse que o reino Monera deveria ser extinto para que os seres fossem divididos em reinos Bacteria e Archaea.

Em 1990, Woese ainda apresentou a classificação dos seres vivos em domínios, uma categoria taxonômica superior ao reino. Portanto, os três domínios dos seres vivos são: Bacteria, Archaea e Eukarya.

Exercícios sobre taxonomia

Aproveite as questões a seguir para testar os conhecimentos adquiridos ao ler este conteúdo.

Questão 1

A ordem decrescente de classificação biológica é:

a) reino, domínio, classe, ordem, filo, gênero, família e espécie
b) domínio, reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie
c) ordem, classe, reino, domínio, gênero, família, filo e espécie
d) filo, família, classe, ordem, reino, gênero, domínio e espécie

Alternativa correta: b) domínio, reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie.

No sistema de classificação biológica são usadas as categorias para agrupar os organismos segundo as suas semelhanças.

A categoria mais abrangente é o domínio e a categoria básica é a espécie, que agrupa os seres semelhantes capazes de se reproduzir naturalmente e gerar descendentes férteis.

Questão 2

A classificação biológica é um sistema que agrupa os seres vivos de acordo com

a) Características comuns
b) Hábitos alimentares
c) Padrões de evolução da espécie mais recente
d) Quantidade de espécies conhecidas

Alternativa correta: a) Características comuns.

A taxonomia (taxis = arranjo, ordem; nomos = lei) realiza a descrição e nomenclatura dos seres vivos através das características comuns. Essa ciência leva em consideração, por exemplo, aspectos morfológicos, genéticos, fisiológicos e reprodutivos.

Questão 3

O lobo-guará é o maior canídeo da América do Sul e seu nome científico é Chrysocyon brachyurus. Portanto, segundo as regras de nomenclatura do sistema binomial, os termos Chrysocyon e brachyurus correspondem respectivamente ao:

a) epíteto de família e ordem do lobo-guará
b) gênero e epíteto específico do lobo-guará
c) reino e a classe do lobo-guará
d) filo e domínio do lobo-guará

Alternativa correta: b) gênero e epíteto específico do lobo-guará.

Lineu desenvolveu em 1735 a nomenclatura binomial, composta por dois nomes, cujo primeiro é escrito em letra maiúscula e define o gênero, e o segundo tem letra minúscula, o epíteto específico, a junção do gênero e o epíteto conferem o nome de uma espécie.

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Confira questões com resolução comentada em exercícios sobre classificação dos seres vivos.

Referências Bibliográficas

AMABIS, J.M; MARTHO, G.R. Biologia dos organismos, volume 2. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2004.

DIAS, D.P. Biologia natureza e sociedade, volume 2: ensino médio. 1. ed. São Paulo: Editora Brasil, 2016.

MENDONÇA, V. L. Biologia: os seres vivos, volume 2 : ensino médio. 2. ed. São Paulo: Editora AJS, 2013.

Rubens Castilho
Rubens Castilho
Biólogo (Licenciado e Bacharel), Mestre e Doutorando em Botânica - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Atua como professor de Ciências e Biologia para os Ensinos Fundamental II e Médio desde 2017.