Teoria Neomalthusiana: entenda o que é e suas propostas

Pedro Menezes
Pedro Menezes
Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação

A teoria populacional neomalthusiana, ou neomalthusianismo, é uma teoria demográfica contemporânea adaptada da teoria desenvolvida pelo economista inglês Thomas Malthus (1736-1834).

Segundo ela, é necessário haver um controle de natalidade nos países mais pobres para que possa haver uma maior qualidade de vida.

A teoria defende que a produção de alimentos cresceria em uma progressão aritmética (1, 2, 3, 4, 5...), enquanto o crescimento populacional se daria em uma progressão geométrica (1, 2, 4, 8, 16, 32...).

Assim, a produção de recursos seria incapaz de dar conta da necessidade da população, causando um declínio da qualidade de vida.

Desse modo, Malthus propôs uma reeducação moral que visasse a responsabilização dos indivíduos sobre o controle de natalidade e, consequentemente, para a manutenção das condições de vida.

Caberia aos indivíduos, estimular a abstinência, os casamentos tardios e o planejamento familiar (só possuir uma quantidade de filhos que conseguisse alimentar).

A partir do século XIX, as revoluções industriais e o desenvolvimento tecnológico da produção geraram descrédito sobre a teoria malthusiana.

Entretanto, a partir da segunda metade do século XX e a explosão demográfica em todo mundo, a teoria malthusiana passou a ser retomada por alguns estudiosos.

Para eles, uma readaptação da teoria de Malthus, o neomalthusianismo, poderia evitar a retração da economia global.

Veja também: Teoria Malthusiana.

A teoria neomalthusiana e o controle populacional

A tese defendida pelo neomalthusianismo implica na utilização de estratégias de controle populacional pelos governos, principalmente, em países e zonas subdesenvolvidas.

Segundo a teoria neomalthusiana, a expansão populacional é a principal fonte da miséria.

Desse modo, obriga os governos a deslocarem fundos, que poderiam ser alocados na economia, em medidas sociais de auxílio dessas parcelas mais pobres da população.

Sendo assim, o neomalthusianismo discorda da tese de Malthus pela substituição do fator moral e individual no controle das taxas de natalidade pela promoção de métodos contraceptivos pelos governos.

Segundo essa tese, somente a partir do controle populacional pode-se reduzir o desemprego, a miséria e, por fim, alocar recursos em investimentos que visem a expansão econômica.

A diferença entre a teoria neomalthusiana e a teoria reformista

Existem distintas teorias populacionais que buscam relacionar a expansão demográfica com as questões sociais. O neomalthusianismo prega a intervenção do Estado no crescimento populacional para a diminuição da miséria.

Já a teoria reformista propõe que a exploração dos mais pobres é a fonte das desigualdades sociais. Essas desigualdades refletem na diminuição de condições básicas de subsistência como: moradia, alimentação, saúde, educação e segurança.

Esses fatores combinados contribuem para diminuição da capacidade de planejamento familiar e um crescimento populacional exacerbado.

Desse modo, há uma inversão de causa e efeito entre as teorias:

  • Teoria neomalthusiana - causa: alta taxa de natalidade; efeito: desemprego e miséria.
  • Teoria reformista - causa: exploração, desemprego e miséria; efeito: alta taxa de natalidade.

A teoria reformista, toma como base diversos estudos que mostram a redução das taxas de natalidade em países que investem na qualidade de vida de seus cidadãos.

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Pedro Menezes
Pedro Menezes
Licenciado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Porto (FPCEUP).