Unificação Alemã: entenda o que foi e as consequências

Ligia Lemos de Castro
Revisão por Ligia Lemos de Castro
Professora de História

A unificação alemã ocorreu sob a resistência das nações europeias que temiam a formação de uma grande potência com poderes para ditar a economia europeia. O processo ocorreu entre 1815 e 1871 após três guerras e uma política de alianças que culminou com a Primeira Guerra Mundial.

Em 1815, após o fim das Guerras Napoleônicas, o Congresso de Viena estabeleceu a formação da Confederação Germânica, um conjunto de 39 estados, incluindo parte dos poderosos Reino da Prússia e Império Austríaco.

Em 1834 a Confederação Germânica estabelece entre seus membros a Zollverein, uma união aduaneira que facilitava a circulação de mercadorias naqueles domínios, sob a liderança da Prússia. Essa medida, bastante favorável à industrializada Prússia, desagradava a Áustria, então predominantemente agrária.

Em 1862, Guilherme I, rei da Prússia, nomeia Otto von Bismarck como chanceler, cuja missão era unificar os estados germânicos sob o controle da Prússia. Bismarck tinha como marcas a defesa do armamento e da guerra para chegar à unidade nacional.

Assim, a unificação alemã teve como principal indutor o fortalecimento do exército, que passa a ser modernizado pela liderança do general Von Moltke. As forças militares são beneficiadas pela união da alta burguesia e a aristocracia da Prússia, que controlavam o exército.

Em paralelo, assim como em outras partes do mundo, fortalecia-se a ideologia nacionalista. No caso alemão, esse sentimento de uma cultura comum que deveria estar unida em uma nação, havia se fortalecido durante o período de domínio francês nas Guerras Napoleônicas.

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Guerra dos Ducados e o início do processo de unificação da Alemanha

Com início em 1864, a Guerra dos Ducados foi o primeiro conflito a iniciar o processo de unificação alemã. As tropas germânicas se uniram contra a Dinamarca que, desde 1815, administrava os ducados de Schleswig e Holstein, por decisão do Congresso de Viena.

Em 1863, a Dinamarca anexou os territórios, mesmo que habitados por populações de origem alemã. Com apoio da Áustria, Bismarck conseguiu reaver os ducados, que passariam a ser administrados em conjunto pela Áustria e Prússia.

Aprofunde os seus conhecimentos sobre o que foi o Congresso de Viena.

Guerra Austro-Prussiana

Também conhecida como Guerra das Sete Semanas, ocorreu em 1866 e teve a Prússia como vencedora. O conflito foi resultado do crescente acirramento da disputa entre Prússia e Áustria pela condução dos estados alemães. Entre as consequências do conflito, esteve a assinatura do Tratado de Praga e a dissolução da Confederação Germânica, substituída pela Confederação Germânica do Norte, da qual a Áustria não fazia parte

Os germânicos tentaram anexar os estados alemães do Sul, mas o imperador francês, Napoleão III, se opôs, ameaçando atacar a Prússia, deixando claro o temor em ver um novo Estado alemão como a maior potência europeia.

Guerra Franco-Prussiana

O conflito com a França foi ocorreu em 1870. O estopim envolveu a indicação do príncipe Leopoldo, nobre prussiano parente do rei Guilherme I, à sucessão do trono espanhol. O imperador francês Napoleão III se opõe à candidatura do príncipe, temendo o aumento do poder da Prússia.

Em decorrência de uma trama articulada por Bismarck, que envolveu a troca de mensagens por telegramas entre os reis de ambos os países, a Prússia declarou guerra à França e venceu. Como resultado, foi assinado o Tratado de Frankfurt, que permitiu à Alemanha anexar as províncias da Alsácia-Lorena, ricas em jazidas de ferro. A França também pagou uma elevada indenização de guerra.

Guilherme I foi proclamado kaiser (imperador) da Alemanha em 1871 no Palácio de Versalhes, então sede do governo francês, o que foi considerado uma afronta pelos franceses.

A Alemanha anexou os estados do Sul, iniciando o chamado II Reich (império). O primeiro Reich é definido como o período do Sacro Império Romano-Germânico, iniciado na Idade Média. Já o terceiro Reich é marcado pela ascensão no líder nazista Adolf Hitler ao poder.

Saiba mais sobre a Guerra Franco-Prussiana.

Consequências da Unificação da Alemanha

  • Surgimento do império alemão;
  • Rompimento do equilíbrio europeu vigente desde o Tratado de Versalhes;
  • Aumento do revanchismo com a França;
  • Revolução industrial alemã;
  • Rivalidade com a Inglaterra em busca de mercados para escoar a produção;
  • Promoção do isolamento da França;
  • Surgimento da Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria e Itália), um dos polos da Primeira Guerra Mundial.

Estude também sobre o que foi a Unificação Italiana.

Referências Bibliográficas

HOBSBAWM, Eric J. A era do capital: 1848 - 1875. Tradução de Luciano Costa. São Paulo: Paz e Terra, 2012.

Ligia Lemos de Castro
Revisão por Ligia Lemos de Castro
Professora de História formada pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Docência na Educação à Distância pela Universidade Federal de São Carlos. Leciona História para turmas do Ensino Fundamental II desde 2017.
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A Equipe Editorial do Toda Matéria é formada por pesquisadores e professores com vários anos de experiência no sistema educacional brasileiro, com domínio em diferentes disciplinas do ensino básico, fundamental e médio.