Assoreamento dos Rios

Vinícius Marques
Vinícius Marques
Professor de Geografia

O assoreamento é um fenômeno natural que já ocorre há milhares de anos, o qual interfere no curso dos rios, córregos e lagoas. A ação humana, no entanto, tem intensificado muito o desenvolvimento desse processo.

O assoreamento das águas ocorre a partir da presença de sedimentos (solo, lixo, entulho, esgoto) que escoam com as chuvas ou ventos e são depositados nos fundos dos rios.

Este processo ocorre devido à falta de vegetação nas margens dos rios (mata ciliar), o que lhe causa danos, que muitas vezes se tornam irreversíveis. Podemos citar como principais consequências a perda de espécies ou do próprio curso de água.

A mata ciliar recebe esse nome, uma vez que se compararmos os cílios dos olhos humanos, veremos que elas possuem uma função primordial: a proteção.

Sendo assim, da mesma maneira, as matas ciliares protegem os rios e as lagoas na medida que estão localizadas próximas às nascentes, e auxiliam na diminuição do impacto dos processos erosivos.

Essa vegetação nativa ribeirinha possui uma importância biológica, pois evita a erosão fluvial de forma que asseguram o curso normal das águas. Essa mata funciona como uma barreira, obstáculo e filtro, na medida que impedem a entrada sedimentos nos rios, conservando o solo de suas margens.

Assim, esse solo é arrastado formando um grande banco de areia no fundo dos rios ou lagos, resultando no alargamento dos rios, diminuindo assim, sua vazão e sua profundidade. Além disso, a água fica mais turva o que impossibilita a entrada de luz, dificultando a reprodução de diversas espécies.

Assoreamento no rio

Não obstante, nos últimos anos, o processo acelerado de desmatamento (no geral realizado para atividades agrícolas ou pecuaristas) tem impactado diretamente o meio ambiente. A remoção da vegetação das margens dos rios são uma das mais afetadas, o que leva ao processo de erosão das áreas próximas.

Não obstante, para que o processo de assoreamento diminua é necessário que as matas ciliares sejam preservadas e cultivadas evitando, dessa maneira, o assoreamento das águas.

Além disso, a introdução de projetos de conscientização da população e das indústrias a fim de alertar os devidos locais para o lançamento do lixo domésticos e industriais.

Para os rios que já sofrem com o fenômeno, processos de "desassoreamento" são capazes de aumentar a vazão dos rios. A melhor maneira de fazer isso é através das técnicas de drenagem, retirando do fundo das águas o acúmulo de sedimentos.

Note que esse fenômeno está intimamente ligado à erosão posto que está baseada na desagregação das rochas e do solo. Estes sedimentos são empurrados para os rios e lagos, causando um depósito de sedimentos e o assoreamento.

Isso prejudica a reprodução de diversas espécies, levando muitas vezes, a extinção. Além disso, a área fica afetada no sentido de impedir a navegação e inúmeras vezes responsável por diversas enchentes urbanas.

Para saber mais: Erosão e Desmatamento

Assoreamento do Rio São Francisco

O Rio São Francisco, popularmente chamado de “Velho Chico”, liga o Centro Sul ao Nordeste do país e tem sido pauta dos ambientalistas, visto que o processo de assoreamento vem acarretando diversos problemas.

Os principais pontos levantados vão desde dificuldade da reprodução de animais e até mesmo a navegação, importante para o transporte, seja de pessoas ou de materiais.

Fatores como a falta de chuvas, desmatamento acelerado e excesso de poluição, dificultam notadamente o trajeto entre Petrolina (Pernambuco) e Juazeiro (Bahia).

Estudos realizados recentemente pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) apontam que a queda no volume total do rio chegou a 35%, nos últimos 40 anos.

Para saber mais:

Vinícius Marques
Vinícius Marques
Formado pela UNESP - Rio Claro (2016), é professor de Geografia e Ciências Humanas. Atua na educação básica (Ensino Fundamental II e Médio) e cursos pré-vestibular desde 2012, tendo experiência em projetos sociais, escolas públicas e privadas.