Campos de Concentração Nazistas

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

Os campos de concentração foram usados pelo regime nazista para aprisionar milhares de pessoas nas décadas de 30 e 40.

Ao menos 20 mil campos foram utilizados entre 1933 e 1945, na Alemanha e em outros 12 países que foram ocupados pelos nazistas antes e durante o período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Origem dos Campos

Os campos de concentração, inicialmente, eram empregados para receber presos políticos, como socialistas e comunistas.

O primeiro a ser construído foi Dachau, em 1933, perto da cidade de Munique. Ao longo da guerra, contudo, o número de campos de concentração foi ampliado e cada um tinha uma função específica.

Os campos foram construídos na Áustria, Bielorrússia, Croácia, Estônia, França, Itália, Noruega, Países Baixos, Polônia, República Tcheca e Ucrânia.

Tipos de Campos de Concentração

Havia três tipos de campos: trânsito, trabalho forçado e extermínio.

  • Trânsito: serviam para concentrar um número grande de prisioneiros - normalmente judeus - que seriam transportados para os campos de extermínio. Existiram em maior número nos países ocupados pelos nazistas. Exemplos: Drancy, na França e Theresienstadt, na República Tcheca.
  • Trabalho forçado: os prisioneiros eram obrigados a trabalhar sem descanso e recebendo o mínimo para sobreviver. Exemplos: Bor, na Sérvia, e Plazów, na Polônia.
  • Extermínio: onde os prisioneiros eram diretamente encaminhados para a morte, em câmaras de gás. Apenas umas poucas pessoas sobreviviam e trabalhavam. Exemplos: Sobibor e Treblinka, na Polônia.

Isto não significava que um campo de trabalho forçado não poderia ser de extermínio e vice-versa. Em todos os campos, inclusive nos de trânsito, a mortalidade era alta por conta das péssimas infraestruturas.

Campos de Extermínio

Os campos de extermínio foram pensados para eliminar fisicamente os judeus. Esta decisão era chamada pelos nazistas de solução final e foi tomada na Conferência de Wannsee, em 20 de janeiro de 1942.

Isso não quer dizer que os judeus não estavam sendo extinguidos antes, mas a partir desta data, o extermínio foi oficializado dentro do Terceiro Reich e elevado à escala industrial.

Após Dachau, que funcionou durante 12 anos, foram abertos seis campos com a finalidade de extermínio em massa: Chelmno, Auschwitz-Bikernau, Belzec, Majdanek, Sobibor e Treblinka. Todos esses estavam localizados na Polônia.

A construção do primeiro projeto específico para o assassinato em massa foi Chelmno, em 1941. No ano seguinte, os restantes já estavam funcionando.

As mortes ocorriam também pelos trabalhos forçados a que eram submetidos os prisioneiros, bem como doenças, torturas, fome e frio. A estimativa é de que 11 milhões de pessoas tenham morrido nos campos de concentração nazistas.

Seleção de Prisioneiros

Chegada de um grupo de prisioneiros judeus  num campo de concentração
Mulheres e crianças judias chegam a Auschwitz e são separadas dos homens

Os prisioneiros dos campos de concentração eram pessoas deportadas dos territórios europeus ocupados pelos nazistas, especialmente os judeus.

Havia, contudo, homossexuais, comunistas, ciganos e Testemunhas de Jeová, prisioneiros soviéticos, padres católicos, pastores protestantes, etc.

Independente da origem, os prisioneiros que chegavam aos campos de concentração eram cuidadosamente selecionados assim que desembarcavam dos trens de carga.

Deixavam todos os pertences na plataforma ferroviária e os que aparentavam estavam mais fortes e com saúde eram poupados e embarcados num caminhão. Este os levaria para os barracões, onde teriam que realizar trabalhos forçados em fábricas.

Idosos, mulheres, doentes e crianças, eram embarcados em outros caminhões e conduzidos diretamente às câmaras de gás. Ali eram colocados num vestíbulo, onde eram despojados de suas roupas e imediatamente inseridos nas câmaras de gás nas quais eram mortos por asfixia.

O trabalho de seleção, de recolha de pertences e da condução às câmaras de gás era feito pelos próprios prisioneiros que formaram o destacamento Sonderkommando (comando especial).

Responsáveis pelos Prisioneiros: Conheça o Sonderkommando

O Sonderkommando foi utilizado nos campos de extermínio de Auschwitz, Treblinka, Birkenau, Belzec, Chelmno e Sobibor. Também foram responsáveis por fazer a guarda nos guetos judeus.

Eram grupos de judeus com boa saúde e a quem cabia o trato com os prisioneiros, desde a chegada ao campo até a condução às câmaras de gás. Após o assassinato, deviam retirar os dentes de ouro dos cadáveres, cortar-lhes os cabelos e conduzi-los aos fornos crematórios.

O trabalho ocorria sob a supervisão dos nazistas e, à chegada dos prisioneiros, os integrantes do sonderkommando eram obrigados a mentir sobre seu destino. Quem não obedecia às ordens também era eliminado.

Os destacamentos tinham alguns privilégios como uma alimentação melhor e podiam entrar em contato com suas famílias. Porém, muitos realizavam essas tarefas sob efeito de drogas.

Igualmente, eram trocados periodicamente e seu destino era o mesmo de suas vítimas.

Exemplos de Campos de Extermínio

Vários campos de extermínio foram construídos e se tornaram sinônimo de horror e vergonha. Podemos citar Sobibor, na Polônia e Buchenwald, na Alemanha, entre muitos outros.

No entanto, dois campos ficaram particularmente gravados na memória coletiva por conta das atrocidades ali cometidas: Dachau e Auschwitz.

Campo de Dachau

Forno Crematório de Dachau
Aspecto atual dos fornos crematórios de Dachau, na Alemanha

O primeiro dos campos de concentração foi estabelecido em Dachau, na Alemanha, em 22 de março de 1933.

O segundo dirigente de Dachau, o comandante da SS Theodor Eicke (1899-1945), elevou o local a modelo de tratamento de prisioneiros. Coube à ele administrar o complexo sistema de campos de concentração nazistas durante toda a Segunda Guerra Mundial.

O local ficou conhecido não somente por ser o destino de milhares de vítimas da guerra, mas por conta dos experimentos médicos realizados com seres humanos.

Experimentos com Seres Humanos

As experiências médicas estão entre as principais marcas da crueldade dos campos de concentração nazistas. Entre outras justificativas para sua realização estava a melhoria das taxas de sobrevivência dos soldados alemães e o aperfeiçoamento do conhecimento de tratamentos e procedimentos clínicos.

Muitos eram dolorosos, desnecessários e cruéis, não raro levavam os prisioneiros à morte. No campo de concentração de Dachau, os prisioneiros foram submetidos às câmaras de pressão, congelamentos para análise da hipotermia ou obrigados a beber água salgada para estudar a potabilidade da água.

Ali também foram conduzidas pesquisas usando os detentos para o desenvolvimento de vacinas contra a malária e a tuberculose.

Campo de Auschwitz

Entrada do Campo de Concentração
Entrada de Auschwitz com a inscrição 'O trabalho liberta' no portão de entrada

O maior e mais conhecido dos campos de concentração nazistas foi Auschwitz, onde 1,1 milhão de pessoas foram assassinadas. Incluía três grandes campos como o de Birkenau, destinado às mulheres e 45 sub-campos.

Em polonês o nome da cidade é Oświęcim, mas desde 1939, quando a Alemanha havia invadido a Polônia, o lugar foi rebatizado de Auschwitz. Foi construído logo após a invasão alemã e, inicialmente, estava destinado aos prisioneiros que se opunham ao regime nazista em terras polonesas.

Há três quilômetros dali, os nazistas levantaram outro campo destinado a receber os prisioneiros soviéticos. Cerca de 15 mil estiveram no local e nenhum sobreviveu. Posteriormente, Auschwitz seria o destino final de milhares de judeus vindos de todas as partes da Europa.

Uma característica interessante é que somente em Auschwitz os prisioneiros tinham um número de série tatuado em seus braços.

Apesar de ter sido o campo onde mais se assassinou, também foi o lugar onde houve mais sobreviventes. Felizmente, eles puderam contar o que viveram e dar testemunho deste horror.

Holocausto

Nos campos de concentração destinados ao extermínio, a finalidade era a de implementar a solução final, também chamado de holocausto judeu.

Esta expressão foi criada por historiadores americanos para designar o assassinato em massa sofrido pelos judeus. Trata-se de um termo controverso, pois holocausto remete a sacrifício a Deus.

Calcula-se que seis milhões de judeus foram assassinados durante este período seja em câmaras de gás, seja por outro métodos, como fome e doenças.

Leia mais:

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.