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ENEM 2025: como criar a melhor redação sobre o tema deste ano (com exemplo)

Rodrigo Luis
Rodrigo Luis
Professor de Português e Literatura

No ano de 2025, o ENEM trouxe como proposta de redação aos candidatos o tema "Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira". A coletânea de textos motivadores passou por diferentes aspectos sobre o tema, apresentando dados estatísticos, campanhas do governo, literatura sensível, depoimentos e infográficos. Os textos viabilizam ao candidato apreender distintas nuances sobre o envelhecimento, que a cada dia mais se coloca como um horizonte acerca da população brasileira.

Entendendo o tema

O envelhecimento da população brasileira é um fenômeno crescente. Segundo o IBGE, até 2050 o número de idosos deve dobrar, e o Brasil deixará de ser um “país jovem”. Esse cenário traz desafios e oportunidades: como garantir qualidade de vida, inclusão social e valorização dos mais velhos? Assim, as diferentes perspectivas acerca do envelhecimento da sociedade brasileira são nutridas por uma percepção real do mundo, para a qual se faz necessário estar atento.

Compreender os rumos da sociedade brasileira é uma forma de iniciar o diálogo com o tema. De tal modo, podemos destacar a demanda do tema por uma reflexão ampla e crítica sobre:

  • os impactos sociais, econômicas e culturais;

  • as formas de lidar com o envelhecimento de modo digno e sustentável.

Como desenvolver uma redação excelente

O ENEM estabelece como meta o desenvolvimento de uma solução para o tema discutido. Por isso, é importante estabelecer de forma coerente uma tese capaz de identificar o problema social envolto no tema. Os participantes, então, poderiam estabelecer um posicionamento sobre o envelhecimento, relacionando o avanço demográfico aos desafios que a sociedade brasileira enfrenta para garantir ao idoso participação ativa e respeito social.

Para construir os seus argumentos e trabalhar o repertório sociocultural, os candidatos poderiam estabelecer comparações entre a forma como a sociedade brasileira trata o idoso e a forma como outras culturas, a exemplo de tradições orientais, colocam os mais velhos em um lugar social de valor. Outro caminho, envolve trabalhar a partir de elementos da atualidade, como os dados registrados pelo IBGE sobre o envelhecimento, a fim de dar uma base concreta ao tema.

É comum, ainda, que os participantes optem por expor um repertório cultural e midiático ao desenvolver o tema. Trabalhar séries, filmes, músicas e literatura é uma opção interessante, pois permite ao estudante ilustrar de forma sensível os desafios emocionais do envelhecimento. Obras como "A elegância do ouriço", de Muriel Barbery, que conta também com uma adaptação cinematográfica, aborda o envelhecimento e também a intergeracionalidade, apresentando diálogo com a proposta.

Por fim, ao pensar os dispositivos que podem ser utilizados para intervir no problema, o Ministério da Cidadania, em paralelo a uma análise que passasse pelo Estatuto do Idoso poderia finalizar de forma positiva a discussão do tema.

Repertórios úteis

Tipo Repertório Como aplicar
Filosófico Simone de Beauvoir, em A Velhice, analisa a marginalização dos idosos. Use para mostrar como a sociedade tende a negar o envelhecimento e excluir os mais velhos.
Sociológico Émile Durkheim e o conceito de solidariedade orgânica. Argumentar que o envelhecimento exige cooperação entre gerações e políticas públicas integradas.
Histórico Tradições orientais (como no Japão) que valorizam os idosos. Contrastar com a cultura brasileira, que frequentemente associa velhice à inutilidade.
Cultural Filme “O Curioso Caso de Benjamin Button” ou “Amor” (Michael Haneke). Ilustrar a sensibilidade ou o desafio emocional de lidar com o envelhecimento.
Literário Livro "A elegância do ouriço", Muriel Barbery. Ilustrar a solidão do envelhecimento e a possibilidade de quebras de paradigmas a partir de relações intergeracionais.
Dados e Estatísticas Estatísticas do IBGE sobre aumento da expectativa de vida. Dar base concreta e mostrar domínio de dados sociais.

Vale lembrar que existem diferentes demonstrações de repertórios, mas que o coração de sua redação é a sua tese. Por isso, o seu repertório deve estar conectados a sua proposição fundamental.

Exemplo de redação

O envelhecimento populacional é um dos fenômenos mais marcantes do século XXI. No Brasil, esse processo, impulsionado pelos avanços da medicina e pela queda na taxa de natalidade, revela um paradoxo inquietante: embora viver mais seja um sinal de progresso, a sociedade ainda não oferece condições adequadas para que os idosos desfrutem plenamente dessa longevidade. Nesse contexto, a marginalização da terceira idade e a ausência de políticas públicas eficazes tornam o envelhecer um desafio social e humano que exige reflexão e ação.

Em primeiro lugar, é notável que a cultura brasileira ainda associa a velhice à incapacidade, o que gera preconceito e exclusão. A filósofa Simone de Beauvoir, em A Velhice, afirma que a sociedade tende a rejeitar aquilo que representa o próprio destino: o envelhecer, evidenciando a necessidade de uma mudança cultural profunda. Essa postura se manifesta na invisibilidade dos idosos nos meios de comunicação e nas práticas cotidianas, em que o saber e a experiência acumulados ao longo da vida são frequentemente desvalorizados. Assim, o idoso é reduzido à condição de dependente, perdendo espaço de participação ativa na vida social.

Outrossim, o Estado brasileiro ainda não acompanha adequadamente as transformações demográficas. Segundo o IBGE, em 2050 haverá mais idosos do que jovens no país, cenário que exigirá investimentos urgentes em saúde preventiva, acessibilidade e inclusão digital. A negligência governamental frente a essa realidade compromete o bem-estar da população idosa e acentua desigualdades sociais, contrariando o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Portanto, é imprescindível que o poder público reconheça o envelhecimento como uma pauta prioritária e transversal.

Diante disso, faz-se necessário que o Ministério da Cidadania, em parceria com secretarias municipais e organizações da sociedade civil, implemente campanhas educativas em escolas, mídias digitais e espaços comunitários, com orçamento destinado à produção de materiais e capacitação de profissionais, avaliando o impacto por meio de pesquisas de percepção sobre preconceito etário. Paralelamente, o Ministério da Saúde deve ampliar programas de atenção básica para idosos, incluindo centros de convivência, oficinas de capacitação digital e acompanhamento preventivo de doenças crônicas, com equipes multiprofissionais e monitoramento de frequência, saúde e autonomia. Com ações articuladas entre Estado e sociedade, será possível transformar a longevidade em uma etapa de vida marcada por inclusão, bem-estar e respeito aos direitos humanos.

Rodrigo Luis
Rodrigo Luis
Professor de Língua Portuguesa e Literatura formado pela Universidade de São Paulo (USP) e graduando na área de Pedagogia (FE-USP). Atua, desde 2017, dentro da sala de aula e na produção de materiais didáticos.