Escambo: o que é e como funcionava (com exemplos)

Lucas Pereira
Revisão por Lucas Pereira
Professor de História

Escambo é uma atividade de troca, muito utilizada quando ainda não há sistema monetário. Essa troca, conhecida também como permuta ou troca direta, envolve apenas coisas ou serviços, sem o uso de dinheiro.

Como funcionava o escambo

No Brasil, a prática já existia entre as comunidades indígenas. Mas, com a chegada dos portugueses, o escambo ganhou proporções maiores, especialmente pela extração de Pau-Brasil.

O trabalho decorrente do corte e do transporte da madeira feito pelos indígenas era “pago” com utensílios de pouco valor para os colonizadores. Espelhos, facões, perfumes ou aguardente eram objetos que os indígenas recebiam dos europeus pelo trabalho realizado. Apesar do valor reduzido, esses itens interessavam aos indígenas, pois eram inexistentes na América até então.

O escambo em outros contextos históricos

O escambo também existiu em outros contextos. Por exemplo, foi comum durante o período feudal, caindo em desuso graças ao surgimento de novas relações comerciais. Isso aconteceu devido ao desenvolvimento das cidades, do comércio, à difusão da moeda, entre outros fatores da Baixa Idade Média.

Ainda hoje essa atividade pode ser evidenciada em basicamente duas situações: em meios pequenos e em crises econômicas.

Por exemplo, ocorre quando um pequeno agricultor troca parte de sua colheita com seu vizinho, que cultiva alimentos diferentes. Nesse caso, constata-se uma prática interessante de cooperação e de consciência.

Já em situações de crise, o escambo pode ser a forma encontrada para ultrapassar a escassez de produtos específicos. Como exemplo, podemos citar a crise financeira russa na década de 90 e, posteriormente, na Venezuela.

Em meio à crise, os venezuelanos têm grande dificuldade para conseguir mercadorias e, quando as obtêm com algum excedente, trocam com outras pessoas que dispõem de produtos diferentes.

No entanto, a ausência de valores estabelecidos pode tornar a troca injusta. É o caso dos indígenas na extração do Pau-Brasil, por exemplo, que recebiam muitas vezes pouco pelo trabalho realizado, caracterizando uma exploração.

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Referências Bibliográficas

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013.

LATOUCHE, Miguel Angel; MUNO, Wolfgang; GERICKE, Alexandra (Org.). Venezuela - Dimensions of the Crisis: A Perspective on Democratic Backsliding. Berlim: Springer, 2023.

VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

Lucas Pereira
Revisão por Lucas Pereira
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2013), com mestrado em Ensino de História pela mesma instituição (2020). Atua como professor de História na educação básica e em cursos pré-vestibulares desde 2013. Desde 2016, também desenvolve conteúdos educativos na área de História.
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A Equipe Editorial do Toda Matéria é formada por pesquisadores e professores com vários anos de experiência no sistema educacional brasileiro, com domínio em diferentes disciplinas do ensino básico, fundamental e médio.