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Exercícios sobre a República da Espada (com gabarito)

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Professor de História

A República da Espada (1889–1894) marca os primeiros anos do regime republicano no Brasil, período marcado por instabilidade política, disputas entre civis e militares, crise econômica e a construção inicial das instituições republicanas.

Para ajudar estudantes a compreender esse momento tão decisivo da História do Brasil, selecionamos exercícios com gabarito explicado. Confira!

Questão 1

"O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditavam sinceramente estar vendo uma parada"

(BASTOS, Ana Marta Rodrigues. O conselho de intendência municipal: autonomia e instabilidade (1889-1892). Rio de Janeiro: FCBR, 1984. Mimeografado.)

O trecho acima apresenta uma célebre colocação de Aristides Lobo, testemunha ocular dos acontecimentos de 15 de novembro de 1889. A interpretação correta de sua colocação sugere que:

a) a população urbana do Rio de Janeiro demonstrou amplo apoio ao movimento republicano, participando ativamente das manifestações que levaram à queda da monarquia.

b) o povo brasileiro, especialmente nas áreas rurais, havia sido preparado pelos clubes republicanos para compreender as transformações políticas em curso.

c) a surpresa da população evidencia o caráter violento do golpe militar, que enfrentou forte resistência popular nas ruas da capital imperial.

d) os cidadãos cariocas confundiram o evento com uma parada militar por conta das comemorações previamente programadas para celebrar a abolição da escravidão.

e) a mudança de regime político ocorreu sem participação ou compreensão significativa das camadas populares, caracterizando-se como um movimento restrito às elites político-militares.

Gabarito explicado

a) Incorreta. A população não participou ativamente das manifestações. O comentário de Aristides Lobo aponta justamente o contrário, mostrando que o povo apenas observou sem entender o que acontecia.

b) Incorreta. Os clubes republicanos eram restritos e urbanos. A maior parte da população rural sequer tinha acesso a discussões políticas estruturadas.

c) Incorreta. Não houve resistência popular expressiva. A Proclamação ocorreu de modo rápido e pouco dramático para quem assistia.

d) Incorreta. Não existiam comemorações relacionadas à abolição naquele dia. A confusão mencionada por Lobo tem a ver com desconhecimento geral do evento.

e) Correta. A mudança foi conduzida por grupos militares e civis influentes. O povo permaneceu distante da compreensão e das decisões, reforçando o caráter elitista da transição.

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Questão 2

"... nada se mudaria; o Regime sim, era possível, mas também se muda de roupa sem mudar de pele. O comércio é preciso. Os bancos são indispensáveis. No sábado, ou quando muito na segunda-feira, tudo voltaria ao que era na véspera, menos a Constituição".

(DE ASSIS, Machado. Esaú e Jacó. In Obra completa, vol. 1. Rio de Janeiro: Aguilhar. p. 1031)

A percepção de Machado de Assis sobre a transição do Império para a República, expressa em seu romance, revela uma crítica social presente também em análises historiográficas posteriores. O fragmento literário evidencia que:

a) a Proclamação da República promoveu transformações radicais nas estruturas econômicas do país, afetando profundamente o funcionamento do comércio e do sistema bancário.

b) a mudança constitucional representou uma revolução social profunda, alterando as relações de poder e as hierarquias estabelecidas durante o período imperial.

c) o novo regime republicano implementou reformas políticas, agrárias e urbanas que modificaram a vida cotidiana da população brasileira.

d) a continuidade das estruturas socioeconômicas foi garantida pela manutenção da Constituição Imperial de 1824, apenas com emendas que instituíram o sistema republicano.

e) a substituição do regime monárquico pelo republicano manteve intactas as estruturas socioeconômicas fundamentais, limitando-se essencialmente a uma reorganização político-institucional.

Gabarito explicado

a) Incorreta. O comércio e os bancos seguiram funcionando como antes. Machado cita justamente a ausência de mudança concreta nessas áreas.

b) Incorreta. Não houve uma revolução social profunda. As hierarquias sociais continuaram praticamente intocadas após a troca de regime.

c) Incorreta. As reformas estruturais não vieram imediatamente. A vida cotidiana manteve fortes traços herdados do Império.

d) Incorreta. A Constituição de 1824 não foi mantida. O trecho evidencia ruptura formal, porém sem mudança material na sociedade.

e) Correta. Machado aponta para a continuidade das bases econômicas e sociais. O que mudou foi o arranjo político que organizava essas mesmas estruturas.

Questão 3

"Os primeiros anos republicanos se caracterizaram mais pelo vazio representado pela supressão dos mecanismos institucionais próprios do Império do que pela invenção de novas formas de organização política. O veto imposto ao regime monárquico não implicou a invenção de uma nova ordem".

(LESSA, Renato. "A invenção da República no Brasil: da aventura à rotina". In CARVALHO, Maria Alice Redense de (org.) República no Catete. Rio de Janeiro: Museu da República, 2001. p. 17)

A análise de Renato Lessa sobre os primeiros anos da República brasileira destaca a ausência de projetos políticos verdadeiramente inovadores. Um exemplo de situação que exemplifica a condição política relatada no texto seria:

a) a manutenção do domínio econômico e influência política regional pelas oligarquias regionais.

b) a recusa da participação política direta do Exército, que se manteve enquanto uma instituição de Estado, e não de governo.

c) a construção de um projeto político-ideológico inovador baseado no positivismo, que formou instituições sólidas e ativas logo no contexto de transição política.

d) o estabelecimento de mecanismos democráticos de participação popular que substituíram as antigas práticas oligárquicas de controle eleitoral.

e) a criação de instituições republicanas duradouras que garantiram a alternância democrática de poder entre civis e militares desde o início do novo regime.

Gabarito explicado

a) Correta. As elites regionais conservaram poder e autonomia, mantendo práticas políticas já conhecidas. Isso exemplifica a falta de inovação citada por Lessa.

b) Incorreta. O Exército participou ativamente da política nos primeiros anos, inclusive disputando espaço com civis. A instituição não ficou distante das decisões.

c) Incorreta. O positivismo influenciou alguns militares, mas não resultou em instituições imediatamente capazes de reorganizar o Estado de modo duradouro.

d) Incorreta. A participação popular não foi ampliada. As práticas eleitorais exclusivas e controladas continuaram em vigor.

e) Incorreta. A alternância democrática não foi garantida. A República Velha foi marcada por disputas locais e pela política dos governadores.

Questão 4

"Somente em junho de 1890 foram convocadas eleições para a Assembleia Constituinte e, em 24 de fevereiro de 1891, a nova Constituição, de forte inspiração na carta constitucional norte-americana, e cujas marcas principais eram a adoção do federalismo, a acentuação do presidencialismo, o estabelecimento de três poderes (...), a separação entre a Igreja e o Estado e a definição do critério da alfabetização como elemento de qualificação dos que teriam direito a voto."

(NEVES, Margarida de Souza. Os cenários da República O Brasil na virada do século XIX para o século XX. In IN: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lúcia de Almeida Neves. O Tempo do liberalismo excludente: da Proclamação da República à Revolução de 1930. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. p. 34)

As características da Constituição de 1891 revelam aspectos contraditórios do projeto republicano brasileiro. A exigência de alfabetização para o exercício do voto, naquele contexto histórico, tinha como consequência:

a) a inclusão massiva de ex-escravizados no processo eleitoral, já que as políticas educacionais do final do Império haviam universalizado o acesso à educação básica.

b) a garantia de participação política equilibrada entre as diferentes regiões do país, uma vez que as taxas de alfabetização eram homogêneas em todo o território nacional.

c) a exclusão da maior parte da população do processo eleitoral, considerando as elevadas taxas de analfabetismo no Brasil do final do século XIX.

d) o fortalecimento da representação das classes trabalhadoras urbanas, que haviam alcançado níveis significativos de escolarização durante a industrialização.

e) a ampliação do eleitorado em relação ao período imperial, pois o critério de renda havia sido mais restritivo que o critério educacional.

Gabarito explicado

a) Incorreta. A educação básica não estava universalizada. A maioria dos libertos não sabia ler devido à ausência de políticas educacionais robustas.

b) Incorreta. O país apresentava enormes desigualdades regionais. As taxas de alfabetização eram especialmente baixas nas áreas rurais.

c) Correta. O analfabetismo era muito alto, o que deixou grande parte da população fora das urnas. O voto tornou-se privilégio de poucos.

d) Incorreta. As classes trabalhadoras urbanas tinham baixíssimo acesso à escolarização. A restrição educacional as afastava da vida política.

e) Incorreta. O eleitorado não aumentou. A troca do critério de renda pelo da alfabetização ao final do Império acabou mantendo e até ampliando a exclusão em larga escala.

Questão 5

"Em novembro desse mesmo ano as tensões políticas tornaram-se insustentáveis. Deodoro decreta a dissolução do Congresso, mas, diante da pressão de grupos militares e civis (...) e, por fim, da revolta de Custódio de Melo, que assesta os canhões dos navios da armada ancorados na baía de Guanabara contra a capital da República, sem ter como lidar com uma situação que se aproximava perigosamente da guerra civil, em 23 de novembro, o proclamador da República (...) passa o governo às mãos de Floriano Peixoto..."

(NEVES, Margarida de Souza. Os cenários da República O Brasil na virada do século XIX para o século XX. In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lúcia de Almeida Neves. O Tempo do liberalismo excludente: da Proclamação da República à Revolução de 1930. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. p. 36)

Os acontecimentos de novembro de 1891 evidenciam a fragilidade institucional dos primeiros anos republicanos. A renúncia de Deodoro da Fonseca foi resultado de:

a) um acordo pacífico entre o presidente e o Congresso Nacional, que negociaram a transição de poder para evitar confrontos entre civis e militares.

b) uma insurreição popular organizada pelos movimentos operários urbanos, que exigiam maior participação democrática no novo regime.

c) a pressão exclusiva das oligarquias cafeeiras paulistas, insatisfeitas com a política econômica centralizadora do governo provisório.

d) uma articulação diplomática internacional liderada por potências europeias, preocupadas com a instabilidade política na América do Sul.

e) uma grave crise política envolvendo a dissolução autoritária do Congresso e a ameaça militar da Marinha, que tornaram insustentável sua permanência no poder.

Gabarito explicado

a) Incorreta. Não houve negociação tranquila entre Deodoro e o Congresso. A crise se agravou justamente pela ruptura entre os poderes.

b) Incorreta. Não existiu mobilização operária determinante nesse episódio. Os trabalhadores tinham pouca articulação política nesse período.

c) Incorreta. As oligarquias paulistas tinham influência, porém não foram a única força em jogo.

d) Incorreta. Nenhuma potência europeia comandou pressão direta nesse processo. A renúncia foi consequência de conflito interno.

e) Correta. A dissolução autoritária do Congresso e a reação militar liderada por Custódio de Melo criaram um cenário de quase guerra civil. Deodoro acabou sem saída política.

Questão 6

"Ao assumir o Ministério da Fazenda do governo provisório, Rui Barbosa baixou vários decretos com o objetivo de aumentar a oferta de moeda e facilitar a criação de sociedades anônimas. A medida mais importante foi a que deu a alguns bancos a faculdade de emitir moeda. O papel fundamental coube ao banco emissor do Rio de Janeiro, o Banco dos Estados Unidos do Brasil. (...) As iniciativas de Rui Barbosa concorreram para expandir o crédito e gerar a ideia de que a República seria o reino dos negócios. Formaram-se muitas empresas (...). A especulação cresceu (...) e o custo de vida subiu fortemente."

(FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 217)

A política econômica implementada por Rui Barbosa no início da República, conhecida como Encilhamento, caracterizou-se por:

a) medidas protecionistas que fortaleceram a indústria nacional através da restrição às importações e do controle estatal sobre o sistema bancário.

b) uma reforma agrária que redistribuiu terras improdutivas para pequenos agricultores, estimulando a diversificação da economia brasileira.

c) políticas de austeridade fiscal que reduziram drasticamente os gastos públicos e a circulação monetária para conter a inflação herdada do Império.

d) a nacionalização dos bancos privados e a centralização do controle monetário nas mãos do Tesouro Nacional, seguindo o modelo europeu.

e) uma expansão descontrolada do crédito e da emissão monetária que gerou especulação financeira, inflação e crise econômica.

Gabarito explicado

a) Incorreta. O Encilhamento não priorizou proteção à indústria. A abertura ao crédito fácil acabou estimulando empresas frágeis e muitos negócios fantasmas.

b) Incorreta. Não houve redistribuição de terras. A estrutura fundiária permaneceu praticamente intocada no início da República.

c) Incorreta. As medidas seguiram direção oposta à austeridade. Houve expansão monetária intensa que agravou a inflação.

d) Incorreta. Os bancos privados não foram nacionalizados. O governo flexibilizou a emissão de moeda pelos bancos, o que aumentou a instabilidade.

e) Correta. A política ampliou o crédito de forma exagerada e estimulou especulação. Muitos negócios eram de fachada e isso levou à crise econômica.

Questão 7

"O marechal Floriano encarnava uma visão da República não identificada com as forças econômicas dominantes. Pensava construir um governo estável, centralizado, vagamente nacionalista, baseado sobretudo no Exército e na mocidade das escolas civis e militares. Essa visão chocava-se com a da chamada República dos Fazendeiros, liberal e descentralizada, que via com suspeitas o reforço do Exército e as manifestações da população urbana do Rio de Janeiro..."

(FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 219)

O texto evidencia tensões entre diferentes projetos políticos durante o governo de Floriano Peixoto. O conflito descrito pelo historiador refere-se ao embate entre:

a) um projeto centralizador e nacionalista apoiado pelos militares e setores urbanos versus um projeto federalista e liberal defendido pelas oligarquias agrárias.

b) as propostas socialistas dos movimentos operários urbanos e o conservadorismo monarquista das elites rurais tradicionais.

c) os interesses da burguesia industrial emergente e as demandas dos trabalhadores rurais por reforma agrária.

d) o projeto parlamentarista defendido pelo Exército e o presidencialismo autoritário apoiado pelos cafeicultores paulistas.

e) as reivindicações autonomistas das províncias do Sul e o unitarismo defendido pelas oligarquias do Nordeste.

Gabarito explicado

a) Correta. O confronto se deu entre o projeto centralizador e modernizante apoiado por militares e setores urbanos e o modelo liberal e descentralizado das oligarquias rurais. Essas visões competiam pelo rumo da jovem República.

b) Incorreta. Socialismo e restauração monárquica não são os polos desse embate. O conflito era interno ao próprio campo republicano.

c) Incorreta. A burguesia industrial ainda estava em formação e não comandava o debate. A disputa maior estava no eixo militar versus elites agrárias.

d) Incorreta. O Exército não defendia parlamentarismo. Floriano seguiu uma postura presidencialista forte para consolidar o poder.

e) Incorreta. Não se tratava de choque entre regiões específicas. Era uma disputa de modelos políticos que ultrapassava divisões geográficas.

Continue praticando:

Exercícios sobre a República Velha (com gabarito explicado)

Exercício sobre a Proclamação da República (15 de novembro)

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2013), com mestrado em Ensino de História pela mesma instituição (2020). Atua como professor de História na educação básica e em cursos pré-vestibulares desde 2013. Desde 2016, também desenvolve conteúdos educativos na área de História.