Toyotismo: o que é, suas características e surgimento
O Toyotismo é um sistema de organização do trabalho e da produção criado na empresa japonesa Toyota, após a Segunda Guerra Mundial. É conhecido por ser uma forma de produção flexível, ou seja, com estoques menores e adequados à demanda.
Neste conteúdo você encontra:
- Características do Toyotismo
- Toyotismo no mundo
- Diferenças entre o Fordismo e o Toyotismo
- Críticas ao Toyotismo
- Origem do Toyotismo
Características do Toyotismo
O Toyotismo trouxe inovações no sistema produtivo que o tornaram mais eficiente e rentável. As suas características principais são:
- Produção Just in Time (JIT): a produção "no tempo certo" evita grandes estoques e produz apenas o necessário. Isso aumenta a produtividade, pois diminui o desperdício, o tempo de espera, a superprodução e os gargalos de transporte;
- Kanban: significa "sinal vísivel" ou "cartão". É um método de controle visual do fluxo de produção. Cada etapa da linha de produção só fabrica quando recebe um cartão avisando a necessidade;
- Terceirização: transferência de determinadas atividades para demais empresas especializadas. A fábrica foca apenas no seu produto final;
- Desconcentração industrial: mudança da localização de fábricas para áreas fora dos centros industriais, buscando custos menores e incentivos fiscais. A terceirização também é um fator que influencia na desconcentração industrial;
- Trabalhadores qualificados: os trabalhadores no Toyotismo são polivalentes, ou seja, executam diversas tarefas dentro da linha de produção. Para isso, as empresas incentivam a autonomia e a participação do operário, pois ele também é responsável pela qualidade final do produto. Além disso, os funcionários passam por treinamentos constantes para se manterem atualizados e qualificados;
- Kaizen: é uma das bases do Toyotismo, a melhoria contínua. O controle de qualidade é realizado por todos os setores envolvidos;
- Automação: as máquinas possuem sensores para identificar falhas e param automaticamente quando isso ocorre. Essa autonomia da máquina permite que o erro seja reparado durante o processo, e não apenas ao final.
Todas essas mudanças e características permitiram o sucesso do novo modelo produtivo não só na fábrica da Toyota, mas se espalhando por outras empresas.
Isto só foi possível graças ao avanço tecnológico nos meios de transporte e comunicação, os quais permitiram a rapidez e pontualidade do fluxo de mercadorias da produção flexibilizada do sistema toyotista.
A sincronia entre os sistemas de fornecimento de matérias-primas, de produção e de venda, foi o segredo do sucesso.

Toyotismo no mundo
A partir do final da década de 1970 e na década de 1980 o Toyotismo foi sendo incorporado por outros países. Após a crise do petróleo (1973), a produção global precisou ficar mais enxuta e eficiente. O Toyotismo era uma excelente resposta.
Nos Estados Unidos, a General Motors e a própria Ford acabaram adotando o modelo toyotista, com a produção mais enxuta. Na Europa, a Volkswagen, a Mercedes-Benz, a Fiat, a Renault, a Ferrari, dentre outras, também adotaram sistemas de melhoria contínua e produções menores.
A flexibilidade, o controle de qualidade integrado, a redução de desperdícios e a automação foram fatores essenciais para a adoção do modelo em outras partes do mundo.
Os impactos positivos foram: eficiência e competitividade da produção, redução de custos e desperdícios, e produtos de maior qualidade.
Os impactos negativos foram: a mudança cultural e a reorganização da produção, e a intensificação do trabalho e da pressão sobre os trabalhadores.
Diferenças entre o Fordismo e o Toyotismo
O Toyotismo é herdeiro do Taylorismo e, principalmente, do Fordismo. Afinal, um dos seus idealizadores, Taiichi Ohno, foi a Detroit observar o funcionamento das montadoras americanas.
Vejamos as principais diferenças entre os dois métodos de produção:
Fordismo | Toyotismo | |
---|---|---|
Sistema de Produção |
Produção em serie, rígida e centralizada |
Flexível e versátil |
Estrutura |
Hierarquizada |
Baseia-se na inovação, gestão do trabalho e mecanismos de controle interno das empresas |
Divisão do trabalho |
As tarefas são especializadas |
Um operário controla várias máquinas e, deste modo, se reduz o número de trabalhadores |
Produtos |
Produção em grande quantidade, de um mesmo produto |
Diversidade na produção, devido às constantes exigências de consumo |
Salários |
Salários altos, pois se buscava que os trabalhadores fossem consumidores. |
Não se respalda em altos salários, mas sim em prêmios pela produtividade |
Estoques |
Sempre há produtos estocados |
A estocagem dos produtos deve se adequar à demanda |
Críticas ao Toyotismo
As mesmas vantagens pregadas pelo Toyotismo podem se converter em problemas sérios. Afinal, este modelo é dependente da importação de matérias-primas e não possui estoques significativos de produtos.
Com a produtividade em alta, menos mão de obra é necessária, o que gera um grande aumento no desemprego, em função da tecnologia que diminui os postos de trabalho.
Portanto, este modelo industrial é um dos principais responsáveis pelo desemprego no setor secundário da economia. Igualmente, pelo aumento das terceirizações no processo de produção.
Origem do Toyotismo
O Toyotismo foi idealizado pelos engenheiros Taiichi Ohno (1912-1990), Shingeo Shingo (1909-1990) e Eiji Toyoda (1913-2013).
Este modelo produtivo foi desenvolvido entre 1948 e 1975 nas fábricas da montadora japonesa de automóveis Toyota, da qual herdou o nome.
O método foi elaborado para recuperar as indústrias japonesas no período pós-guerra. Com o país destruído, um mercado pequeno e dificuldade em importar matéria-prima, o Japão necessitava fabricar com o menor custo possível.
O engenheiro da Toyota, Taiichi Ohno, percebeu que o melhor era esperar a demanda chegar para começar a produção, ao invés de produzir estoques enormes. Deste modo, economizava nos aluguéis de armazéns e otimizava o espaço. Importante lembrar que os aspectos geográficos do Japão são desafiadores por causa de suas montanhas e relevo acidentado, portanto o espaço é algo muito importante.
O Toyotismo surge como uma resposta alternativa ao Fordismo, adaptado às necessidades e à realidade japonesa da época. Havia limitações econômicas, geográficas, de matérias-primas e sociais no Japão pós-guerra.
Apesar dos desafios, a Toyota foi capaz de se tornar a maior montadora de veículos do mundo.
A partir da década de 1970, quando as sucessivas crises do petróleo abalaram o capitalismo, o modelo Toyotista vai se difundir mundialmente.
Este método foi um dos marcos da Terceira Revolução Industrial.

Curiosidades
- Da lógica de controle permanente de qualidade do Toyotismo, surgem os certificados de qualidade ISO que agora são respeitados em todo o mundo.
- A Toyota investiu muito as pesquisas de mercado para adequar seus produtos às exigências dos clientes.
Para praticar:
Exercícios sobre Toyotismo (com gabarito)
Questões sobre Taylorismo (com respostas explicadas)
Referências Bibliográficas
LIKER, Jeffrey K. O Modelo Toyota: 14 princípios de gestão do maior fabricante do mundo. Porto Alegre: Bookman, 2005.
PENTEK, Radosław Karol Piątek. "Comparative analysis of production systems in the automotive industry". JoMS 2023;54 (Número especial 5): 253-268, 2023.
SCOFANO, Amanda. Toyotismo: o que é, suas características e surgimento. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/toyotismo/. Acesso em: