Toyotismo: o que é, suas características e surgimento

Amanda Scofano
Amanda Scofano
Professora de Geografia

O Toyotismo é um sistema de organização do trabalho e da produção criado na empresa japonesa Toyota, após a Segunda Guerra Mundial. É conhecido por ser uma forma de produção flexível, ou seja, com estoques menores e adequados à demanda.

Neste conteúdo você encontra:

Características do Toyotismo

O Toyotismo trouxe inovações no sistema produtivo que o tornaram mais eficiente e rentável. As suas características principais são:

  • Produção Just in Time (JIT): a produção "no tempo certo" evita grandes estoques e produz apenas o necessário. Isso aumenta a produtividade, pois diminui o desperdício, o tempo de espera, a superprodução e os gargalos de transporte;
  • Kanban: significa "sinal vísivel" ou "cartão". É um método de controle visual do fluxo de produção. Cada etapa da linha de produção só fabrica quando recebe um cartão avisando a necessidade;
  • Terceirização: transferência de determinadas atividades para demais empresas especializadas. A fábrica foca apenas no seu produto final;
  • Desconcentração industrial: mudança da localização de fábricas para áreas fora dos centros industriais, buscando custos menores e incentivos fiscais. A terceirização também é um fator que influencia na desconcentração industrial;
  • Trabalhadores qualificados: os trabalhadores no Toyotismo são polivalentes, ou seja, executam diversas tarefas dentro da linha de produção. Para isso, as empresas incentivam a autonomia e a participação do operário, pois ele também é responsável pela qualidade final do produto. Além disso, os funcionários passam por treinamentos constantes para se manterem atualizados e qualificados;
  • Kaizen: é uma das bases do Toyotismo, a melhoria contínua. O controle de qualidade é realizado por todos os setores envolvidos;
  • Automação: as máquinas possuem sensores para identificar falhas e param automaticamente quando isso ocorre. Essa autonomia da máquina permite que o erro seja reparado durante o processo, e não apenas ao final.

Mapa mental de características do Toyotismo

Todas essas mudanças e características permitiram o sucesso do novo modelo produtivo não só na fábrica da Toyota, mas se espalhando por outras empresas.

Isto só foi possível graças ao avanço tecnológico nos meios de transporte e comunicação, os quais permitiram a rapidez e pontualidade do fluxo de mercadorias da produção flexibilizada do sistema toyotista.

A sincronia entre os sistemas de fornecimento de matérias-primas, de produção e de venda, foi o segredo do sucesso.

Homem trabalhando em carro branco suspenso em fábrica de automóveis
O Toyotismo aposta na inovação tecnológica para reduzir custos

Toyotismo no mundo

A partir do final da década de 1970 e na década de 1980 o Toyotismo foi sendo incorporado por outros países. Após a crise do petróleo (1973), a produção global precisou ficar mais enxuta e eficiente. O Toyotismo era uma excelente resposta.

Nos Estados Unidos, a General Motors e a própria Ford acabaram adotando o modelo toyotista, com a produção mais enxuta. Na Europa, a Volkswagen, a Mercedes-Benz, a Fiat, a Renault, a Ferrari, dentre outras, também adotaram sistemas de melhoria contínua e produções menores.

A flexibilidade, o controle de qualidade integrado, a redução de desperdícios e a automação foram fatores essenciais para a adoção do modelo em outras partes do mundo.

Os impactos positivos foram: eficiência e competitividade da produção, redução de custos e desperdícios, e produtos de maior qualidade.

Os impactos negativos foram: a mudança cultural e a reorganização da produção, e a intensificação do trabalho e da pressão sobre os trabalhadores.

Diferenças entre o Fordismo e o Toyotismo

O Toyotismo é herdeiro do Taylorismo e, principalmente, do Fordismo. Afinal, um dos seus idealizadores, Taiichi Ohno, foi a Detroit observar o funcionamento das montadoras americanas.

Vejamos as principais diferenças entre os dois métodos de produção:

Fordismo Toyotismo

Sistema de Produção

Produção em serie, rígida e centralizada

Flexível e versátil

Estrutura

Hierarquizada

Baseia-se na inovação, gestão do trabalho e mecanismos de controle interno das empresas

Divisão do trabalho

As tarefas são especializadas

Um operário controla várias máquinas e, deste modo, se reduz o número de trabalhadores

Produtos

Produção em grande quantidade, de um mesmo produto

Diversidade na produção, devido às constantes exigências de consumo

Salários

Salários altos, pois se buscava que os trabalhadores fossem consumidores.

Não se respalda em altos salários, mas sim em prêmios pela produtividade

Estoques

Sempre há produtos estocados

A estocagem dos produtos deve se adequar à demanda

Críticas ao Toyotismo

As mesmas vantagens pregadas pelo Toyotismo podem se converter em problemas sérios. Afinal, este modelo é dependente da importação de matérias-primas e não possui estoques significativos de produtos.

Com a produtividade em alta, menos mão de obra é necessária, o que gera um grande aumento no desemprego, em função da tecnologia que diminui os postos de trabalho.

Portanto, este modelo industrial é um dos principais responsáveis pelo desemprego no setor secundário da economia. Igualmente, pelo aumento das terceirizações no processo de produção.

Origem do Toyotismo

O Toyotismo foi idealizado pelos engenheiros Taiichi Ohno (1912-1990), Shingeo Shingo (1909-1990) e Eiji Toyoda (1913-2013).

Este modelo produtivo foi desenvolvido entre 1948 e 1975 nas fábricas da montadora japonesa de automóveis Toyota, da qual herdou o nome.

O método foi elaborado para recuperar as indústrias japonesas no período pós-guerra. Com o país destruído, um mercado pequeno e dificuldade em importar matéria-prima, o Japão necessitava fabricar com o menor custo possível.

O engenheiro da Toyota, Taiichi Ohno, percebeu que o melhor era esperar a demanda chegar para começar a produção, ao invés de produzir estoques enormes. Deste modo, economizava nos aluguéis de armazéns e otimizava o espaço. Importante lembrar que os aspectos geográficos do Japão são desafiadores por causa de suas montanhas e relevo acidentado, portanto o espaço é algo muito importante.

O Toyotismo surge como uma resposta alternativa ao Fordismo, adaptado às necessidades e à realidade japonesa da época. Havia limitações econômicas, geográficas, de matérias-primas e sociais no Japão pós-guerra.

Apesar dos desafios, a Toyota foi capaz de se tornar a maior montadora de veículos do mundo.

A partir da década de 1970, quando as sucessivas crises do petróleo abalaram o capitalismo, o modelo Toyotista vai se difundir mundialmente.

Este método foi um dos marcos da Terceira Revolução Industrial.

montagem de fotos dos idealizadores do Touotismo: Eiji Toyoda (esquerda) e Taiichi Ohno (direita)
Eiji Toyoda e Taiichi Ohno idealizadores do Toyotismo

Curiosidades

  • Da lógica de controle permanente de qualidade do Toyotismo, surgem os certificados de qualidade ISO que agora são respeitados em todo o mundo.
  • A Toyota investiu muito as pesquisas de mercado para adequar seus produtos às exigências dos clientes.

Para praticar:

Exercícios sobre Toyotismo (com gabarito)

Questões sobre Taylorismo (com respostas explicadas)

Referências Bibliográficas

LIKER, Jeffrey K. O Modelo Toyota: 14 princípios de gestão do maior fabricante do mundo. Porto Alegre: Bookman, 2005.

PENTEK, Radosław Karol Piątek. "Comparative analysis of production systems in the automotive industry". JoMS 2023;54 (Número especial 5): 253-268, 2023.

Amanda Scofano
Amanda Scofano
Professora de Geografia, com Mestrado em Geografia e Meio Ambiente. Atua como professora desde 2013 e cria conteúdos educacionais online desde 2014.