🚀 60% OFF para turbinar seus estudos! Assine agora

Exercícios de literatura para estudar para o ENEM (com questões resolvidas)

Rodrigo Luis
Rodrigo Luis
Professor de Português e Literatura

A Literatura no ENEM é uma disciplina multifacetada. Ela engloba questões interpretativas, comparativas e analíticas, sobre variados tipos de textos. Confira a seguir exercícios de Literatura que irão ajudar nos seus estudos para o ENEM.

Questão 1

Leia o texto a seguir, extraído de um artigo de Mário de Andrade.

Faz vinte anos, este mês de fevereiro, que se realizou no Teatro Municipal, a Semana de Arte Moderna.

É todo um passado longínquo de que sorrio sem medo, mas que me assombra um pouco também. Foi gostoso, ficou bonito, mas como tive coragem para participar daquilo! É certo que com minhas experiências artísticas muito venho escandalizando essa minoria que é a intelectualidade do meu país, mas, na realidade, feitas em artigos e livros, minhas experiências como que não se executam in anima nobile [num ser nobre]. Não estou de corpo presente e isso desencaminha o choque da estupidez.

Mas como tive coragem para dizer versos ante uma assuada tão singular, que eu não escutava do palco o que Paulo Prado me gritava da primeira fila das poltronas?… Como pude fazer uma hórrida conferência na escadaria do teatro, cercado de anônimos que me caçoavam e ofendiam a valer?…

(Mário de Andrade. O Movimento Modernista, 1942.)

A Semana de Arte Moderna de 1922 rompeu com os modelos artísticos tradicionais ao:

a) resgatar o academicismo e os valores estéticos europeus.

b) adotar exclusivamente temas estrangeiros para atrair o público.

c) defender a reprodução da arte neoclássica brasileira.

d) propor uma arte nacional, com liberdade formal e ruptura estética.

e) estabelecer regras fixas para os artistas da nova geração.

Gabarito explicado

O texto de Mário de Andrade liga-se diretamente ao evento em questão, a Semana de Arte Moderna. No texto, o autor comenta sobre experiências artísticas que estavam "escandalizando essa minoria", em referência a proposta de ruptura e choque em relação à tradição artística intelectual do país. É correta, portanto, a alternativa D.

Questão 2

Observe a obra a seguir.

Trata-se da obra Scienza contro oscurantismo, de Giacomo Balla, feita em 1920. A composição é uma explosão de formas dinâmicas e cores intensas, refletindo a energia e o movimento da luta intelectual e cultural da época. A pintura utiliza a técnica do futurismo, onde as linhas e formas são fragmentadas, criando uma sensação de velocidade e transformação. As cores vibrantes são contrastadas com tons mais sombrios, simbolizando a tensão entre o progresso científico e a opressão das ideias antiquadas.

(Scienza contro oscurantismo, Giacomo Balla, 1920)

A obra acima ilustra uma das características do Futurismo, que pode ser identificada nos seguintes versos de Fernando Pessoa.

a) "Breve o dia, breve o ano, breve tudo.
Não tarda nada sermos."

b) "Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!"

c) "Estás só. Ninguém o sabe. Cala e finge.
Mas finge sem fingimento.
Nada esperes que em ti já não exista,"

d) "Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor."

e) "O mistério das coisas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece.
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?"

Gabarito explicado

A obra de Balla reflete os princípios do Futurismo ao representar o movimento e a velocidade por meio de formas geométricas e linhas dinâmicas, que transmitem a ideia de aceleração, progresso e dinamismo. Nessa direção, os versos da alternativa [B] expressam também esse culto à modernidade, exaltando signos como as "máquinas", o "automóvel" e o progresso ("último-modelo"). Já os demais versos, embora tenham sido feitos por um autor moderno, não apresentam as características da vanguarda futurista, pois não exaltam o novo.

Questão 3

Leia os textos a seguir.

Texto I

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

[...]

Dias, Gonçalves. Primeiros cantos (1847)

Texto II


Canto de regresso à pátria

Minha terra tem palmares
onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo

Andrade, Oswald. Pau-brasil (1925)

A reescrita de Oswald de Andrade, em diálogo com o poema de Gonçalves Dias, revela:

a) a idealização romântica da natureza brasileira.

b) uma recusa à identidade nacional na poesia.

c) um tom melancólico e saudosista do exílio.

d) a paródia como instrumento de crítica à tradição.

e) a influência do Simbolismo no Modernismo.

Gabarito explicado

Oswald de Andrade, ao reescrever o poema de Gonçalves Dias, realiza uma paródia da idealização romântica da natureza brasileira. Ele subverte o sentido original, criticando a visão antiquada e exótica da pátria, ao incorporar elementos de crítica ao nacionalismo tradicional.

Questão 4

Leia um trecho da canção Latinoamérica, do grupo Calle 13.

“Uma cesta com feijões
Eu sou Maradona contra a Inglaterra, marcando dois gols
Sou o que sustenta minha bandeira
A espinha dorsal do planeta é a minha cordilheira

Sou o que meu pai me ensinou
Aquele que não ama sua pátria, não ama sua
Sou América Latina
Um povo sem pernas, mas que caminha, ei!”

(Calle 13, Latinoamérica)

A expressão poética utilizada na canção tem como objetivo:

a) valorizar a estabilidade econômica da América Latina.

b) celebrar a autonomia dos governos militares da região.

c) denunciar a opressão e reafirmar a força popular.

d) defender a globalização e a abertura comercial.

e) ironizar os processos de independência do século XIX.

Gabarito explicado

A letra da canção "Latinoamérica" denuncia a opressão histórica enfrentada pelos povos da América Latina, mas também celebra a resistência e a força do povo latino-americano. A obra reforça a identidade e a luta pela autonomia.

Questão 5

O Dadaísmo revisitado: formas de hibridação na linguagem audiovisual contemporânea

A operação de desmonte das possibilidades de representação e significação levada a cabo pelas vanguardas modernistas, deixou pouco ou nenhum espaço para a construção de algo que pudesse ocupar o lugar das estruturas rompidas. Tudo foi quebrado. Daí talvez constatarmos aquilo que se transformou quase em senso comum nas últimas décadas: um dos principias temas da arte é o vazio, ou a impossibilidade de representação, ou o próprio processo de representação se torna o tema. Duchamp, considerado um dadaísta, talvez tenha sido aquele que jogou a pá de cal definitiva sobre qualquer idealismo utópico ou projeto de sentido na arte.

(Terra Júnior, Rogério)

O texto reflete caminhos para a arte contemporânea ao recuperar elementos das vanguardas artísticas do século XX. Nessa direção, há a proposição de que o Dadaísmo, ao negar o sentido da arte tradicional, visava:

a) renovar o classicismo com novas regras de produção artística.

b) satirizar a cultura de massa a partir da depreciação de itens cotidianos.

c) provocar a ordem estabelecida e os valores dominantes estabelecidos.

d) promover a harmonia e a lógica artística da representação digital.

e) construir a arte responsável por ocupar o lugar das estruturas rompidas.

Gabarito explicado

O Dadaísmo foi um movimento que se opôs aos valores tradicionais e às convenções artísticas, quebrando as estruturas de representação e buscando subverter a ordem estabelecida. Ele rejeitava qualquer tipo de idealismo ou projeto de sentido na arte, como ressaltado no texto.

Questão 6

Leia o poema de Carlos Drummond de Andrade.

Cidadezinha Qualquer

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar… as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

(Drummond, Carlos de Andrade)

Nesse poema de Carlos Drummond de Andrade, é possível observar

a) linguagem rebuscada e erudita.

b) aproximação entre pensamento e cotidiano.

c) apego à estética simbolista.

d) crítica social por meio da ironia política.

e) uso de forma fixa e métrica regular.

Gabarito explicado

O poema de Drummond apresenta uma linguagem simples e cotidiana, que reflete sobre a vida comum com um tom de melancolia e ironia. A proximidade entre o pensamento do eu lírico e o cotidiano das personagens é uma marca do Modernismo na 2ª fase, que buscava um contato mais direto com as situações e realidades do dia a dia.

Questão 7

Leia os textos a seguir.

Texto I

Meu destino

Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.
Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.
Não te procurei, não me procurastes –
íamos sozinhos por estradas diferentes.
Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida…
Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.
Esse dia foi marcado
com a pedra branca
da cabeça de um peixe.
E, desde então, caminhamos
juntos pela vida…

(Cora Coralina)

Texto II

Na contramão

ela ali tão sem
eu aqui sem chão
nós assim ninguém
cada um na mão

(Chacal)

Com base na leitura dos textos, a diferença central entre as visões de amor apresentadas reside no fato de

a) Cora Coralina expressar um amor que nasce do acaso e conduz à união, enquanto Chacal representa a ausência de conexão, mesmo na proximidade.

b) Ambos os poemas tratarem do amor romântico como uma experiência plena, embora com estilos literários contrastantes.

c) Os dois textos apresentarem personagens em busca de amor, mas apenas o poema de Chacal sugere uma resolução positiva.

d) Cora Coralina e Chacal retratarem o amor como um sentimento idealizado que resiste às dificuldades do tempo.

e) Chacal utilizar uma linguagem lírica para idealizar o amor, enquanto Cora Coralina rompe com essa visão ao criticar relações afetivas.

Gabarito explicado

No poema de Cora Coralina, o amor é representado como um encontro inesperado que transforma e une os sujeitos ao longo da vida. Já em Chacal, prevalece o desencontro: a linguagem fragmentada reforça a ausência de conexão entre os envolvidos. Enquanto um celebra o amor como presença e transformação, o outro o apresenta como ausência e ruptura.

Questão 8

Leia os textos a seguir para responder à questão.

Texto I

Dessa forma, o clima de euforia no norte do Brasil era grande, durante o ciclo da borracha. Havia uma crença de que a modernidade, finalmente, chegara à Amazônia. O progresso econômico de cidades como Manaus e Belém podia ser percebido pelos navios a vapor que começaram a cruzar os rios, levando borracha para o exterior e trazendo trabalhadores a todo momento. A arquitetura da região também passou a ser símbolo desse progresso, pois surgiram, inspirados em cidades e costumes europeus, edifícios e construções como o Teatro Amazonas, os cafés à moda francesa, a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, o Porto flutuante, entre tantos outros. A própria cultura passou a ser influenciada por hábitos europeus.

Berndt, Charles Vitor. “Uma história dos subúrbios”: a cidade de Manaus no romance Dois irmãos, de Milton Hatoum – da belle époque ao século XX, 2013.

Texto II

“Fora assim durante os anos da guerra: Manaus às escuras, seus moradores acotovelando-se diante dos açougues e empórios, disputando um naco de carne, um pacote de arroz, feijão, sal ou café. Havia racionamento de energia, e um ovo valia ouro. [...] Quando tinha sorte, Halim comprava carne enlatada e farinha de trigo que os aviões norte-americanos traziam para a Amazônia.”

Hatoum, Milton. Dois irmãos.

A obra Dois Irmãos, de Milton Hatoum, retrata a cidade de Manaus durante a Segunda Guerra Mundial, revelando um cotidiano marcado por escassez, racionamento e trocas improvisadas de bens essenciais. Considerando o papel da literatura na leitura crítica da realidade, o trecho do romance de Hatoum:

a) idealiza o passado da cidade de Manaus, exemplificado no Texto I, reforçando a imagem de modernidade herdada do ciclo da borracha.

b) contrasta com a visão otimista do progresso amazônico, explicado no Texto I, evidenciando a fragilidade de um modelo baseado em ciclos econômicos instáveis.

c) representa o desenvolvimento contínuo da região, demonstrado no Texto II, apresentando a guerra apenas como um breve obstáculo no caminho da modernização.

d) corrobora a tese de que a influência europeia foi suficiente para manter a estrutura urbana e o bem-estar da população, como mostram os textos I e II.

e) celebra o papel dos Estados Unidos na promoção do crescimento autossustentável da Amazônia durante a guerra, retratado no Texto II.

Gabarito explicado

A alternativa B é correta porque o trecho do romance Dois Irmãos, de Milton Hatoum, contrapõe a imagem de progresso apresentada no artigo do Texto I. O texto II revela pela literatura a instabilidade do modelo econômico amazônico baseado em ciclos extrativistas e na dependência externa, como em "Quando tinha sorte, Halim comprava carne enlatada".

Questão 9

Conteúdo exclusivo para assinantes Toda Matéria+
Além de mais exercícios, tenha acesso a mais recursos para dar um up nos seus estudos.
Corretor de Redação para o Enem
Exercícios exclusivos
Estude sem publicidade

Continue praticando:

Exercícios sobre as vanguardas europeias na literatura (com gabarito)

Exercícios de interpretação de texto (sonetos de Gregório de Matos Guerra)

Rodrigo Luis
Rodrigo Luis
Professor de Língua Portuguesa e Literatura formado pela Universidade de São Paulo (USP) e graduando na área de Pedagogia (FE-USP). Atua, desde 2017, dentro da sala de aula e na produção de materiais didáticos.