🔥 Turbine seus estudos com 47% OFF
no Toda Matéria+

Exercícios sobre a idade contemporânea (com gabarito explicado)

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Professor de História

A Idade Contemporânea é marcada por profundas transformações políticas, econômicas, sociais e culturais que moldaram o mundo moderno, desde o imperialismo europeu e as duas grandes guerras até a descolonização, a industrialização, as crises econômicas e os desafios ambientais atuais.

Para auxiliar na compreensão desses processos históricos, reunimos exercícios com gabarito explicado, permitindo que você revise os principais acontecimentos e interprete criticamente documentos e textos, desenvolvendo uma visão ampla e contextualizada da história recente.

Questão 1

"Deus oferece a África à Europa. Peguem-na, não pelos canhões, mas pela charrua; não pela espada, mas pelo comércio; não pela batalha, mas pela fraternidade. Espalhem aquilo que lhes sobra nessa África, e da mesma forma, resolvam as questões sociais, transformem proletários em proprietários. Vamos, façam! Façam estradas, portos, cidades, cultivem, colonizem, multipliquem-se."

(Discurso de Victor Hugo em 18 de Maio de 1879. IN: FREITAS NETO, José Alves de e TASINAFO, Célio Ricardo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2006. p. 533)

O discurso do escritor francês Victor Hugo, proferido no contexto da expansão imperialista europeia do século XIX, revela uma estratégia discursiva característica do período. A análise do texto permite concluir que o autor

a) defende abertamente o uso da força militar como instrumento legítimo de dominação colonial sobre o continente africano.

b) reconhece a exploração econômica como objetivo central do imperialismo, rejeitando qualquer justificativa humanitária.

c) utiliza uma retórica civilizatória para legitimar a dominação europeia, apresentando a colonização como missão benevolente.

d) condena o imperialismo europeu ao expor as contradições entre os interesses econômicos e os valores humanistas.

e) propõe uma ocupação africana baseada no comércio, sem qualquer forma de dominação política ou territorial.

Gabarito explicado

a) Incorreta. A fala rejeita explicitamente a violência militar e tenta dar aparência pacífica ao domínio europeu.

b) Incorreta. O texto não assume abertamente que o objetivo é só exploração econômica, já que a retórica usada tenta esconder isso atrás de uma missão moral.

c) Correta. O discurso usa a ideia de “civilizar” a África para tornar aceitável a expansão europeia e cria a ilusão de que a Europa estaria levando progresso.

d) Incorreta. Ele não critica o imperialismo. Pelo contrário, reforça sua legitimidade ao tratá-lo como gesto altruísta.

e) Incorreta. Embora mencione comércio, a proposta envolve transformar e controlar o território africano, o que implica dominação política e social.

Ainda com dúvidas? Pergunta ao Ajudante IA do Toda Matéria

Questão 2

"O Terceiro Reich testemunhou o que Ian Kershaw descreveu como a ʼsubjugação da legalidadeʼ. Houve um grande número de intervenções arbitrárias no processo legal. A união da polícia com a SS de Himmler garantiu uma erosão ainda maior do procedimento legal, ao passo que muitas ações que careciam de fundamentação legal (...) foram justificadas apenas retrospectivamente. Em 1936-37, a SS começou a prender ʼcriminosos habituaisʼ e ʼassociaisʼ, não porque eles tivessem infringido alguma lei, mas pelo que eram nas mentes nazistas: enfermos, insalubres, partes de um problema de higiene racial, assim como de criminalidade."

(GEARY, Dick. Hitler e o Nazismo. São Paulo: Paz e Terra, 2010. p. 59-60.)

O texto descreve práticas do regime nazista que caracterizaram a "subjugação da legalidade" na Alemanha durante a década de 1930. Quais princípios fundamentais do Estado de Direito foram diretamente violados pela aplicação dessa "subjugação da legalidade"?

a) A separação dos poderes e a presunção de inocência, ao subordinar o judiciário ao executivo e punir indivíduos sem comprovação de delito.

b) O sufrágio universal e a soberania popular, ao restringir o direito de voto e manipular os processos eleitorais democráticos.

c) A liberdade de imprensa e a judicialização da política, ao censurar os meios de comunicação e impedir a livre expressão do direito.

d) O federalismo e a soberania popular, ao concentrar poder no governo central em detrimento dos estados regionais.

e) A propriedade privada e a livre iniciativa, ao estatizar os meios de produção e controlar toda a atividade econômica.

Gabarito explicado

a) Correta. O regime anulou garantias jurídicas básicas, subordinou o sistema legal à polícia política e tratou suspeitos como culpados antes de qualquer apuração.

b) Incorreta. O texto não aborda eleições nem participação política e sim práticas repressivas e autoritárias no âmbito jurídico.

c) Incorreta. O texto não menciona censura à imprensa e tampouco descreve judicialização da política. Judicialização ocorre quando o Judiciário assume protagonismo em decisões políticas, algo impossível no regime nazista, já que o Judiciário foi enfraquecido e subordinado à polícia e à SS.

d) Incorreta. O trecho não discute tensões entre governo central e estados regionais. O problema descrito é a arbitrariedade legal.

e) Incorreta. A economia nazista não se baseou na estatização total e o texto aborda perseguição e prisão sem base legal, não políticas econômicas.

Questão 3

"De qualquer modo, em fins da década de 1950 já ficara claro para os velhos impérios sobreviventes que o colonialismo formal tinha de ser liquidado. Só Portugal continuou resistindo à sua dissolução, pois sua economia metropolitana atrasada, politicamente isolada e marginalizada não tinha meios para sustentar o neocolonialismo. (...) Contudo, Paris, Londres e Bruxelas (Congo Belga) decidiram que a concessão de independência com a manutenção da dependência econômica e cultural era preferível a longas lutas que provavelmente terminaram em independência sob governos esquerdistas."

(HOBSBAWM, Eric J. A era dos Extremos: o breve século XX - 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 214-219.)

A análise de Hobsbawm sobre o processo de descolonização evidencia que as principais potências coloniais europeias:

a) adotaram estratégias de concessão formal de independência para preservar vínculos de dominação econômica e evitar a ascensão de regimes anti-imperialistas.

b) abandonaram completamente suas antigas colônias devido à pressão militar dos movimentos de libertação nacional e à falta de recursos para manter o controle.

c) implementaram o neocolonialismo apenas nas regiões onde havia resistência armada, concedendo autonomia plena às colônias pacíficas.

d) mantiveram o domínio colonial direto em todos os territórios, recorrendo ao apoio militar dos Estados Unidos durante a Guerra Fria.

e) promoveram a independência política de forma desinteressada, reconhecendo o direito à autodeterminação dos povos colonizados.

Gabarito explicado

a) Correta. As potências buscaram garantir influência econômica e cultural mesmo após a independência, num movimento típico do neocolonialismo.

b) Incorreta. A saída não foi simplesmente abandono forçado. Houve cálculo político para evitar governos hostis aos interesses europeus.

c) Incorreta. O neocolonialismo não dependeu só da existência de guerra. Ele foi aplicado de modo amplo para preservar vantagens estratégicas.

d) Incorreta. Muitas metrópoles abriram mão do controle direto. O texto não indica continuidade total do domínio com ajuda militar estadunidense.

e) Incorreta. A independência concedida não foi desinteressada. Havia intenção clara de manter influência sobre as novas nações.

Questão 4

"Já nos referimos à passagem de um Brasil essencialmente agrícola a um Brasil urbano, industrial e de serviços, entre 1950 e 1980. No curso desses anos, o Brasil se tornou um país semi-industrializado, com o produto industrial mais elevado de todos os países do chamado Terceiro Mundo. Cresceu também consideravelmente o grau de autonomia da indústria. Segundo dados de 1985, quatro quintos das necessidades de bens de capital (máquinas e equipamentos) eram atendidas localmente, sem ter de recorrer às importações."

(FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013, p. 458.)

O processo de transformação econômica brasileira descrito no texto, ocorrido entre 1950 e 1980, representa:

a) o triunfo do modelo agroexportador, que preservou sua influência em detrimento do desenvolvimento do setor secundário.

b) a consolidação de um parque industrial diversificado, com redução da dependência externa na produção de bens de capital.

c) a manutenção da dependência produtiva em relação aos países centrais, apesar do crescimento do setor industrial.

d) a transição para uma economia baseada no setor de serviços, que deixou os setores primários e secundários sem expressividade no PIB nacional.

e) o retrocesso do processo de industrialização iniciado na Era Vargas devido às políticas econômicas liberais do período.

Gabarito explicado

a) Incorreta. O texto descreve um forte avanço industrial ocorrido no Brasil, o que contradiz a afirmação sobre o setor secundário.

b) Correta. O período consolidou um parque industrial robusto, inclusive capaz de produzir grande parte dos seus próprios equipamentos.

c) Incorreta. Apesar de permanecer alguma dependência tecnológica, o texto destaca que a autonomia aumentou bastante nesse setor.

d) Incorreta. O setor de serviços cresceu, mas a indústria ganhou enorme peso e não perdeu relevância nesse intervalo histórico.

e) Incorreta. O período marca justamente o avanço da industrialização, não um retrocesso das conquistas iniciadas na Era Vargas.

Questão 5

"Contudo, no Brasil a democracia convive perversamente com a injustiça social. Sexta potência mundial, quando se medem índices econômicos, o país ainda apresenta números de desigualdade e de gap social dos mais elevados na América Latina, aferidos nos dados da educação, do trabalho e da mortalidade. Além do mais, persiste um déficit republicano na raiz de nossa comunidade política. Práticas patrimoniais e clientelistas resistem no interior do sistema político e nas instituições públicas…"

(SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 502)

O texto destaca contradições estruturais da sociedade brasileira contemporânea, evidenciando a coexistência entre crescimento econômico e graves problemas sociais e políticos. Qual das alternativas apresenta, respectivamente, um dos desafios citados pelas autoras e uma solução possível para enfrentá-lo?

a) A concentração de renda nas mãos de poucos grupos econômicos e a implementação de políticas de privatização dos serviços públicos.

b) O excesso de regulamentação estatal sobre a economia e a adoção de reformas que ampliem a intervenção do Estado no setor primário da economia.

c) Os elevados índices de desigualdade em educação e renda e a ampliação de políticas redistributivas e de acesso a direitos básicos.

d) A baixa produtividade do setor industrial brasileiro e a abertura comercial irrestrita aos produtos importados.

e) O reduzido índice de desemprego estrutural e a eliminação das políticas de proteção ao trabalhador nacional.

Gabarito explicado

a) Incorreta. A concentração de renda é um problema citado, mas privatização não é uma resposta alinhada ao diagnóstico social apresentado no texto.

b) Incorreta. O texto não aponta excesso de regulação. O foco está na desigualdade e em práticas políticas arcaicas.

c) Correta. A desigualdade em renda e educação é um dos pontos centrais destacados e políticas redistributivas são estratégias reconhecidas para reduzir esse tipo de defasagem.

d) Incorreta. A questão levantada no texto não trata de produtividade industrial e abertura irrestrita não enfrentaria o núcleo do problema social.

e) Incorreta. O índice reduzido de desemprego seria algo positivo, e não um desafio da ordem expressa no texto. Além disso, desmontar políticas de proteção agravaria vulnerabilidades mencionadas.

Questão 6

"Fomos, durante muito tempo, embalados com a história de que somos a humanidade. Enquanto isso – enquanto seu lobo não vem –, fomos nos alienando desse organismo de que somos parte, a Terra, e passamos a pensar que ela é uma coisa e nós, outra: a Terra e a humanidade. Eu não percebo onde tem alguma coisa que não seja Natureza. Tudo é Natureza. O cosmos é Natureza. Tudo em que eu consigo pensar é Natureza."

(KRENAK, Aílton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. pp. 16-17)

A reflexão do pensador Ailton Krenak sobre a relação entre humanidade e natureza dialoga com debates contemporâneos sobre a crise ambiental. Neste trecho, o autor se refere ao processo pelo qual:

a) as comunidades tradicionais foram separadas de seus territórios ancestrais devido à expansão das fronteiras agrícolas no século XX.

b) as sociedades industriais desenvolveram uma relação harmônica com o meio ambiente, sem causar impactos ecológicos significativos.

c) o desenvolvimento industrial promoveu o equilíbrio entre progresso tecnológico e preservação ambiental através da economia sustentável.

d) a humanidade construiu uma percepção de separação em relação à natureza, desconsiderando sua condição de parte integrante do ecossistema terrestre.

e) os povos indígenas abandonaram suas práticas tradicionais de manejo ambiental ao adotarem o modo de vida urbano-industrial.

Gabarito explicado

a) Incorreta. Embora remoções territoriais sejam tema importante, o trecho discute outra questão mais ampla sobre visão de mundo.

b) Incorreta. Krenak critica exatamente a ideia de harmonia produzida pelo industrialismo. Ele aponta ruptura, não equilíbrio.

c) Incorreta. Não há referência a progresso sustentável. O autor denuncia o afastamento humano da própria base ecológica.

d) Correta. Krenak fala da invenção de uma separação ilusória entre humanidade e natureza, o que alimenta comportamentos predatórios.

e) Incorreta. O texto não menciona abandono cultural indígena, mas uma crise de percepção da sociedade como um todo.

Questão 7

"A confiança num crescimento econômico que parecia não ter limites levava a população a consumir cada vez mais. Segundo o jornalista William a. Klingaman, "poupar era condenado como algo irremediavelmente impatriótico. Era dever de cada norte-americano comprar o maior número possível de relógios de pulso, enceradeiras, geladeiras, aparelhos de barbear elétricos, bicicletas ergométricas e latas de ervilha".

(BRENER, Jayme. 1929: A crise que mudou o mundo. São Paulo: Ática, 1996. p. 6)

O texto descreve características da sociedade norte-americana na década de 1920, período que antecedeu a Grande Depressão de 1929. A relação entre o comportamento social descrito e a crise econômica que se seguiu pode ser compreendida pelo fato de que:

a) o consumo excessivo estimulou o desenvolvimento tecnológico e a diversificação da produção industrial, garantindo a sustentabilidade do modelo econômico.

b) a cultura do consumismo, aliada à especulação financeira e ao crédito facilitado, criou uma bolha econômica insustentável que colapsou com a quebra da Bolsa de Valores.

c) a ênfase no consumo interno fortaleceu a economia norte-americana, tornando-a imune aos efeitos da crise financeira que atingiu exclusivamente a Europa.

d) o governo norte-americano implementou políticas de controle rigoroso sobre o mercado financeiro, impedindo a formação de práticas especulativas.

e) a população reduziu drasticamente seus gastos por desconfiança no sistema bancário, provocando recessão e desemprego antes da quebra da Bolsa.

Gabarito explicado

a) Incorreta. O consumo elevado não garantiu sustentabilidade. Ao contrário, mascarou fragilidades profundas na economia.

b) Correta. A combinação de crédito fácil, especulação e consumo desenfreado gerou uma bolha que colapsou quando os preços das ações despencaram.

c) Incorreta. A crise não ficou restrita à Europa. Os Estados Unidos foram o epicentro da ruptura econômica mundial.

d) Incorreta. O governo da época mantinha baixa intervenção no setor financeiro. Isso facilitou práticas especulativas de alto risco.

e) Incorreta. A contração do consumo ocorreu depois da quebra da Bolsa. O texto descreve o período anterior, marcado por confiança exagerada.

Para mais exercícios:

Exercícios de História para o 8º ano (com gabarito explicado)

Exercícios de História para o 9º ano (com gabarito explicado)

Exercícios de História para 3º ano do Ensino Médio (com gabarito explicado)

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2013), com mestrado em Ensino de História pela mesma instituição (2020). Atua como professor de História na educação básica e em cursos pré-vestibulares desde 2013. Desde 2016, também desenvolve conteúdos educativos na área de História.