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Exercícios sobre o Antigo Regime Europeu (com gabarito explicado)

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Professor de História

Responda às questões e teste seus conhecimentos sobre o Antigo Regime Europeu. Confira as respostas acompanhadas de explicações, que facilitam a compreensão dos conceitos e ajudam a fixar o conteúdo.

Questão 1

"Todo poder vem de Deus. Os governantes, pois, agem como ministros de Deus e seus representantes na terra. Resulta de tudo isso que a pessoa do rei é sagrada e que atacá-lo é sacrilégio. O poder real é absoluto. O príncipe não precisa dar contas de seus atos a ninguém".

(BOSSUET, Jacques IN Coletânea de Documentos Históricos para o 1º Grau. São Paulo: SE/CENP, 1978, p. 79)

A frase acima ilustra a seguinte característica do Antigo Regime Europeu:

a) A busca pela balança comercial favorável.

b) A Monarquia Parlamentar.

c) O Federalismo Político.

d) O Direito Divino dos Reis.

e) A tese do contrato social.

Gabarito explicado

a) Incorreta. A busca pela balança comercial favorável refere-se a um princípio do mercantilismo, uma política econômica, não à fundamentação do poder real.

b) Incorreta. A Monarquia Parlamentar pressupõe limitação do poder real pelo parlamento, o que contradiz a afirmação de que "o príncipe não precisa dar contas de seus atos a ninguém".

c) Incorreta. O Federalismo implica divisão territorial do poder, conceito incompatível com o poder absoluto descrito.

d) Correta. O texto de Bossuet exemplifica a teoria do Direito Divino dos Reis, que fundamentava o absolutismo monárquico na origem divina do poder real.

e) Incorreta. A tese do contrato social, desenvolvida por filósofos iluministas, defende que o poder deriva de um acordo entre governantes e governados, opondo-se à ideia destacada no texto.

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Questão 2

"À medida que as maneiras se refinam, tornam-se distintivas de uma superioridade: não é por acaso que o exemplo parece vir de cima e, logo, é retomado pelas camadas médias da sociedade, desejosas de ascender socialmente. Esta imitação é um dos grandes veículos da difusão de boas maneiras: é exibindo os gestos prestigiosos que os burgueses adquirem estatuto nobre. (...) o ser de um homem se confunde com a sua aparência."

(RIBEIRO, Renato Janine. A etiqueta no Antigo Regime. São Paulo: Moderna, 1998, p.11-13)

No argumento apresentado acima, a etiqueta e o comportamento eram importantes no Antigo Regime, pois:

a) Tornavam-se símbolos de prestígio e diferenciação numa sociedade profundamente hierarquizada.

b) Permitiam que a burguesia revelasse seu refinamento ao negar os símbolos de fidalguia e religiosidade.

c) Garantiam espaços sutis de contestação política e social, ao imitar a etiqueta real em situações de escárnio.

d) Favoreceram a rápida ascensão econômica da burguesia, que atuou na venda de produtos para a nobreza, tais quais tecidos luxuosos ou vasos de porcelana.

e) Suprimia a hierarquização existente na sociedade estamental, pois permitia aos mais pobres imitar os modos e os costumes da nobreza para serem aceitos.

Gabarito explicado

a) Correta. O texto evidencia que as maneiras refinadas "tornam-se distintivas de uma superioridade" e servem como marcadores sociais numa sociedade estratificada, onde "o ser de um homem se confunde com a sua aparência".

b) Incorreta. O texto indica que a burguesia imitava os símbolos nobres para "adquirir estatuto nobre", não os negava. A estratégia era de apropriação, não de negação.

c) Incorreta. O texto não menciona contestação ou escárnio, mas sim imitação como forma de ascensão social. A etiqueta era reproduzida, não questionada.

d) Incorreta. Embora possa ter havido impacto econômico, o texto foca no aspecto social da imitação de comportamentos, não na venda de produtos de luxo.

e) Incorreta. A etiqueta não suprimia a hierarquização, mas a reforçava. O texto mostra que existiam "camadas médias" tentando imitar as superiores, mantendo a estrutura hierárquica.

Questão 3

“Outro método empregado para causar impacto sobre a Europa era menos violento. Tanto o ritual como a arte e a arquitetura podem ser vistos como instrumentos de auto-afirmação, como a continuação da guerra e da diplomacia por outros meios. A imagem do rei como patrocinador magnífico e munificente das artes recebeu grande ênfase durante o reinado de Luís XIV. Como seus papéis político e militar, também este foi mitificado. Nas palavras de um de seus artistas oficiais, (...) Luís "fizera nascer, ou formara, a maior parte dos homens ilustres que foram o ornamento de seu reinado".

(Adaptado de: BURKE, Peter. A fabricação do rei: a construção da imagem pública de Luís XIV. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994. p.83-84)

Durante o século XVII, sob o reinado de Luís XIV (1643-1715), a França consolidou-se como potência hegemônica europeia através de diversos mecanismos de poder. Segundo o texto, o patrocínio real às artes durante o reinado de Luís XIV tinha como principal objetivo:

a) Estratégico, afinal, participava da construção de uma imagem pública do monarca enquanto um benfeitor da cultura e das belas-artes.

b) Diplomático, pois a magnificência artística dos artistas franceses atraía nações de regiões estratégicas para os franceses, como a América e o Extremo Oriente.

c) Político, tendo em vista que a produção dessas obras permitia o abandono de outros recursos para a legitimação do rei, como a religião e a propaganda.

d) Econômico, já que o patrocínio real às artes estimulava o desenvolvimento de manufaturas de luxo e atraía artesãos especializados para a França.

e) Militar, visto que o financiamento de monumentos e pinturas que exaltavam conquistas territoriais servia como propaganda para o recrutamento de soldados.

Gabarito explicado

a) Correta. O texto-base enfatiza que a arte e a arquitetura eram "instrumentos de auto-afirmação". Isso indica que o objetivo principal era construir uma imagem pública positiva do monarca como protetor e incentivador das artes, o que contribuía estrategicamente para sua legitimidade e prestígio.

b) Incorreta. Embora o aspecto diplomático seja relevante no contexto histórico, o texto não menciona especificamente a atração de reinos do Extremo Oriente ou da América através da arte francesa.

c) Incorreta. A religião permanecia como um aspecto central na legitimação do monarca no Antigo Regime. Além disso, as artes cumpriam um propósito de propaganda, e não configuravam seu abandono.

d) Incorreta. O aspecto econômico não é tratado no fragmento apresentado. Burke não discute manufaturas de luxo ou atração de artesãos, mas sim a criação de uma narrativa sobre o rei como responsável pelo florescimento cultural do reino.

e) Incorreta. Embora o texto mencione que arte e arquitetura eram "continuação da guerra por outros meios", não se refere especificamente a propaganda militar ou recrutamento. O foco está na formação de uma imagem cultural e intelectual do monarca.

Questão 4

“Deve-se compreender que um príncipe, e em particular um príncipe novo, não pode praticar todas aquelas coisas pelas quais os homens são considerados bons, uma vez que, frequentemente, é obrigado, para manter o Estado, a agir contra a fé, contra a caridade, contra a humanidade, contra a religião. Porém, é preciso que ele tenha um espírito disposto a voltar-se segundo os ventos da sorte e as variações dos fatos o determinem e, como acima se disse, não apartar-se do bem, podendo, mas saber entrar no mal, se necessário.”

(MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. LCC Publicações Eletrônicas. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000052.pdf. Acesso em: 16/06/2025)

Nesta passagem, Nicolau Maquiavel defende que:

a) A moral judaico-cristã deve ser o critério fundamental para a tomada de decisões de um líder político.

b) A conservação do poder e a estabilidade do Estado podem exigir ações moralmente questionáveis.

c) O absolutismo monárquico é o único regime legítimo, considerando a natureza perversa do ser humano.

d) Formar alianças com homens virtuosos deve ser o objetivo principal de um governante prudente.

e) A violação de princípios éticos só se justifica em casos de ameaças externas, como guerras contra outros Estados.

Gabarito explicado

a) Incorreta. Maquiavel justamente critica a submissão da política à moral religiosa.

b) Correta. O autor defende que, para manter o poder e a ordem, o príncipe deve estar disposto a agir de forma imoral, se necessário.

c) Incorreta. Maquiavel não defende um regime específico, mas sim uma política eficaz, adaptável às circunstâncias.

d) Incorreta. Ele valoriza a eficácia do governante mais do que sua virtude pessoal ou suas alianças com virtuosos.

e) Incorreta. A ruptura com a moral pode ocorrer em diversas situações, não apenas em conflitos externos.

Questão 5

"Três razões fazem ver que este governo é o melhor. A primeira é que é o mais natural e se perpetua por si próprio. A segunda razão é que esse governo é o que interessa mais na conservação do Estado e dos poderes que o constituem: o príncipe, que trabalha para o seu Estado, trabalha para os seus filhos, e o amor que tem pelo seu reino, confundindo-se com o que tem pela sua família, torna-se natural. A terceira razão tira-se da dignidade das casas reais. A inveja, que se tem naturalmente daqueles que estão acima de nós, torna-se aqui em amor e respeito: os próprios grandes obedecem sem repugnância a uma família que sempre viram como superior e à qual não se conhece outra que a possa igualar."

(BOSSUET, Jacques. Política tirada da Sagrada Escritura. In: FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano, s.d., p.201.)

No texto apresentado, Jacques Bossuet, teórico do absolutismo monárquico no século XVII, apresenta argumentos para justificar a superioridade de determinado sistema político. Com base na passagem, o autor defende que:

a) A república democrática é o sistema mais eficiente, pois permite a participação popular nas decisões políticas fundamentais.

b) A monarquia hereditária é o regime ideal por ser natural, garantir estabilidade e inspirar respeito legítimo dos súditos.

c) O governo aristocrático representa a melhor opção, uma vez que concentra o poder nas mãos dos mais preparados intelectualmente.

d) A separação dos poderes é essencial para evitar a tirania e proteger os direitos individuais dos cidadãos.

e) A soberania popular deve ser o fundamento de qualquer governo legítimo, respeitando a vontade da maioria.

Gabarito explicado

a) Incorreta. O texto não trata de participação popular nem de república democrática.

b) Correta. Bossuet defende a monarquia hereditária como natural, estável e digna de respeito.

c) Incorreta. O texto não menciona governo aristocrático nem destaca mérito intelectual.

d) Incorreta. Não há menção à separação de poderes. Pelo contrário, o autor sustenta a concentração do poder no rei.

e) Incorreta. O texto defende a legitimidade da autoridade monárquica hereditária, em discordância à tese da soberania popular.

Questão 6

"Esta teoria da balança comercial ditava os outros aspectos da política mercantilista. Para assegurar, na medida do possível, sua própria subsistência, o reino deveria desenvolver certas produções, reservar à sua marinha e a seus mercadores o controle de suas trocas exteriores, encorajar certos tráficos pela diminuição das taxas aduaneiras, desencorajar outros com tarifas proibitivas."

(DEYON, Pierre. O mercantilismo. São Paulo: Perspectiva, 1978. p. 31-32)

O trecho acima descreve aspectos fundamentais da política econômica adotada pelos Estados europeus durante o Antigo Regime. De acordo com o texto, a política mercantilista caracterizava-se por:

a) Defender o livre comércio internacional como forma de estimular a concorrência e reduzir os preços dos produtos.

b) Promover a especialização econômica através da importação de produtos manufaturados e exportação de matérias-primas.

c) Incentivar a produção nacional e controlar as trocas comerciais por meio de tarifas diferenciadas conforme os interesses do Estado.

d) Estabelecer acordos comerciais multilaterais para facilitar a circulação de mercadorias entre diferentes reinos.

e) Priorizar a agricultura de subsistência em detrimento das atividades comerciais e manufatureiras.

Gabarito explicado

a) Incorreta. A política mercantilista era caracterizada pelo rigoroso controle comercial e pela formação de monopólios, e não pelo livre-comércio.

b) Incorreta. Os reinos mercantilistas evitavam a importação de produtos manufaturados, valorizando a produção interna e a exportação.

c) Correta. Tais medidas eram tomadas para garantir uma balança comercial favorável, princípio básico da economia mercantilista.

d) Incorreta. Pelo contrário, o excerto revela medidas que buscavam impedir a circulação e a importação de mercadorias.

e) Incorreta. As atividades comerciais e de manufaturas eram basilares dentro da lógica mercantilista.

Veja também Antigo Regime e Questões sobre o Absolutismo (com comentários).

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2013), com mestrado em Ensino de História pela mesma instituição (2020). Atua como professor de História na educação básica e em cursos pré-vestibulares desde 2013. Desde 2016, também desenvolve conteúdos educativos na área de História.