FARC
As FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) foi um exército popular fundado em 1966 que lutava contra o governo colombiano.
As FARC realizaram inúmeras operações militares, sequestros e provocou o deslocamento da população rural. Em 2016, assinaram um acordo de paz com o governo da Colômbia.
O que é?
As FARC foram fundadas por Pedro Antonio Marín, mais conhecido como Manuel Marulanda (1928-2008) e Jacobo Arenas (1924-1990) e 48 campesinos da região colombiana de Marquetália.
De orientação marxista, os guerrilheiros acreditavam na luta armada para tomar o poder e construir uma sociedade de caráter socialista.
A justificativa foi uma reação à política entre os partidos liberal e conservador que se revezavam no governo desde a independência da Colômbia.
Esses partidos, cujos membros eram os proprietários das terras e dos negócios, pouco ou nada faziam para mudar a situação de pobreza na qual vivia a população colombiana.
Ao eclodir a guerrilha na selva, ambos partidos solicitam ajuda aos Estados Unidos para sufocar esta rebelião comunista e a criação de estados independentes dentro do território colombiano.
Após a Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano patrocinou diversas ações anti-comunistas na América Latina, inclusive no Brasil.
Os EUA alegavam que organizações populares, políticas e sociais no continente sul-americano resultavam de um plano da União Soviética para dominar o mundo.
Sob essa perspectiva, o governo dos Estados Unidos contribuiu para a consolidação das ditaduras militares na América do Sul.
Na Colômbia, o governo foi acusado de desrespeitar os direitos dos cidadãos e de agir com violência. Com apoio do exército, grandes latifundiários expulsaram e mataram camponeses e iniciaram uma política de desapropriação de terras.
Desta forma, surgem vários grupos de esquerda armada na América Latina como os de Fidel Castro e Che Guevara em Cuba, a FARC e até mesmo no Brasil como se verificou na Guerrilha do Araguaia.
Essas formações paramilitares eram adeptas da teoria do "foquismo", onde se buscava criar vários focos de guerrilha para forçar o governo central à guerra. Igualmente se espelhavam no Maoísmo, quando o líder chinês Mao Tsé-Tung começou a Revolução Chinesa através de escaramuças no campo.
Já na década de 70, no meio da sangrenta guerra civil, surgem as primeiras plantações de coca e o poder do narcotráfico concorre com esse exército paramilitar.
Com fim da URSS, as FARC têm que buscar outros meios de financiamento e passam a fazer alianças com os traficantes a fim de se abastecer de armas.
Também sequestrou líderes políticos, empresários e cidadãos que ficavam em seu poder por décadas na selva colombiana.
Ingrid Betancourt
O sequestro da ex-senadora franco-colombiana Ingrid Betancourt (1961- ) foi um dos que mais marcou a história da Colômbia. Ingrid era candidata à presidência da Colômbia e viajava com a diretora de sua campanha, Clara Rojas.
Sequestrada em 2002 e permaneceu na mão dos captores durante seis anos. Só foi libertada em 2008, após uma operação militar, junto com outros quatorze reféns.
A ex-senadora foi uma das defensoras do acordo de paz como forma de pacificação definitiva do país.
O escritor colombiano Gabriel García Márquez narrou na obra "Notícias de um sequestro" (1996) o drama dos sequestrados e de suas famílias.
Acordo de Paz
Em 52 anos, a guerra entre as FARC e o governo da Colômbia deixou 220 mil mortos, o deslocamento de 6 milhões de pessoas e incontáveis mutilados e feridos.
Com o fim da Guerra Fria e a globalização, o movimento não conseguia mais financiamento e nem apoio da população colombiana.
A mudança de política iniciada com o presidente Álvaro Uribe (2002-2010) determinou que as FARC fossem classificadas como grupo terrorista. Assim, foi iniciada uma guerra sem trégua, com o apoio dos Estados Unidos, quando foram mortos seus principais líderes.
Mais tarde, com a ascensão do presidente Juan Manoel Santos, em 2010, tem lugar o início das negociações feitas em Havana, Cuba. Nesta cidade, as FARC assinaram um acordo de paz com o governo colombiano em setembro de 2016.
As negociações foram intermediadas pela ONU (Organização das Nações Unidas) e a confirmação contou com líderes da América Latina e Europa.
O acordo foi assinado pelo líder das FARC, Rodrigo Londono, conhecido como "Timochenko" (1959- ), e o presidente colombiano Juan Manuel Santos (1951 - ).
Apesar de não necessitar a aprovação da população, o presidente Juan Manuel Santos o submeteu a um referendo em 3 de outubro de 2016. No entanto, os colombianos o rejeitaram, pois o consideraram que os combatentes não seriam punidos.
Ambas partes tiveram que assinar um novo acordo que, desta vez, foi ratificado pelo Congresso colombiano em novembro de 2016.
Principais Termos:
FARC:
- Entregar as armas e encerrar meio século de guerra;
- Contribuir com ações que impeçam a atuação de traficantes de drogas;
- Auxiliar no processo de reparação das vítimas da guerra;
- Destruir as plantações ilegais de coca.
Governo da Colômbia:
- Retirada das minas terrestres espalhadas no território colombiano;
- Implementar uma política de redução das desigualdades sociais;
- Implantar a reforma agrária e incentivar o desenvolvimento agrícola;
- Reparar as vítimas da guerra monetária e judicialmente;
- Auxiliar no retorno para as comunidades de 5 milhões de refugiados;
- Reintegração de 7 mil guerrilheiros à sociedade.
Leia também:
- Narcotráfico
- Anarquismo
- ETA: tudo sobre o grupo separatista basco
- American Way of Life: resumo e características
BEZERRA, Juliana. FARC. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/farc/. Acesso em: