Guerra de Trincheiras

Ligia Lemos de Castro
Ligia Lemos de Castro
Professora de História

Guerra de trincheiras é uma tática de guerra terrestre, caracterizada pela escavação de um sistema de valas e túneis capazes de defender os soldados da artilharia inimiga. Ao mesmo tempo, as trincheiras permitem o avanço das tropas no campo de batalha.

As trincheiras são utilizadas, enquanto estratégia militar, desde a Antiguidade. Contudo, sua utilização ganhou notoriedade durante a Primeira Guerra Mundial, dada sua importância naquele conflito e as enormes perdas humanas ocasionadas pelo uso desta tática.

A Guerra de Trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial

A Guerra de Trincheiras(1915-1917) consistiu em uma das fases da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quando esta tática militar foi largamente utilizada na Frente Ocidental. A Guerra de Trincheiras durou dois anos e foi o período mais longo do conflito.

Como os exércitos dos Aliados e das Potências Centrais dispunham de forças muito equilibradas, a solução foi cavar trincheiras e dali tentar avançar ou manter a posição no terreno.

As trincheiras consistiam em valas construídas sobre qualquer terreno: desde os mais planos, como os da França, até montanhosos, como nos Alpes. Eram usadas tanto para a tática ofensiva quanto para a defesa.

Tinham cerca de dois metros de profundidade ou o tamanho suficiente para que um homem pudesse estar inteiramente coberto e protegido. Desta maneira, a observação era feita através de telescópios e mais raramente, de observadores.

Entre as linhas de trincheiras inimigas havia um espaço chamado de "terra de ninguém". Transitar por essa zona significava ser alvo de disparos de todos os lados. Aliás, colocar a cabeça para fora da trincheira podia custar a vida de um soldado.

Guerra de Trincheiras
Esquema básico de uma trincheira

As trincheiras se tornaram um complexo onde havia lugares reservados ao descanso, feridos graves e banheiro. Por vezes, eram construídos abrigos para que os soldados pudessem descansar.

Para sustentar as paredes era preciso escorar a madeira com terra. Isto era particularmente complicado em terrenos úmidos como o da França e da Bélgica, onde as chuvas enchiam as trincheiras e favoreciam a transmissão de doenças.

Sacos de areia eram utilizados tanto para sustentar as paredes das trincheiras como para proteger os soldados dos tiros de metralhadora.

As condições sanitárias eram péssimas. As trincheiras eram constantemente inundadas pela chuva e soterradas pela lama. Os corpos dos soldados mortos eram enterrados próximos às trincheiras, quando não eram abandonados a esmo, atraindo ratos que espalhavam infecções.

Guerra de Trincheiras
Trincheiras francesas na batalha de Somme na Primeira Guerra Mundial

Apesar de termos a imagem que os soldados, numa trincheira, estavam combatendo o tempo todo, a realidade era bem distinta. Na verdade, os homens passavam mais tempo vigiando do que lutando contra o inimigo. Isso gerava uma guerra de nervos e um desgaste imenso aos combatentes.

De todas as maneiras, um ataque às trincheiras costumava ser mortífero. Primeiro, os atacantes lançavam bombas através dos canhões ou os aviadores metralhavam as linhas inimigas. Igualmente, se lançava gás venenoso, na esperança de que os soldados saíssem dos seus esconderijos. Esta ação poderia durar horas ou mesmo dias.

Só depois disso os oficiais mandavam os soldados avançarem rumo à trincheira inimiga e, mesmo assim, o sucesso do ataque não estava garantido.

As perdas humanas nas batalhas eram gigantescas. Somente na batalha de Verdun, travada entre franceses e alemães em 1916, morreram aproximadamente 1 milhão de homens. Os ingleses perderam 60 mil soldados apenas no primeiro dia da batalha de Somme (1916).

Mapa das trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial

A Frente Ocidental media cerca de 645 km, estendendo-se desde o Canal da Mancha, na Bélgica, até a fronteira da Suíça. Estima-se que foram cavados 600 km de trincheiras ao longo da Frente Ocidental.

Guerra de Trincheiras
Mapa da linha de trincheiras na Frente Ocidental

Legenda:

  • amarelo - Alemanha
  • roxo - França
  • vermelho - Inglaterra
  • laranja - Bélgica
  • verde - Terra de Ninguém

Leia mais:

Para exercícios: Questões sobre a Primeira Guerra Mundial

Referências Bibliográficas

BURIGANA, Riccardo. A Grande Guerra: a Primeira Guerra Mundial (1914-2014), Evento e Memória. HISTÓRIA UNICAP , Recife, PE, Brasil, v. 1, n. 1, p. p. 41–55, 2014. Disponível em: https://www1.unicap.br/ojs/index.php/historia/article/view/435. Acesso em: 2 abr. 2024.

HOBSBWAM, Eric J. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. Tradução Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, pp. 29-43.

SOARES, Grealdo Antônio. A guerra que era para ser breve. Revista Dimensões, Universidade Federal do Espírito Santo, vol. 33, 2014, p. 311-335. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/dimensoes/article/view/9108. Acesso em: 2 abr. 2024.

Ligia Lemos de Castro
Ligia Lemos de Castro
Professora de História formada pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Docência na Educação à Distância pela Universidade Federal de São Carlos. Leciona História para turmas do Ensino Fundamental II desde 2017.