Hipérbole

Daniela Diana
Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

Na língua portuguesa, a Hipérbole ou Auxese é uma figura de linguagem, mais precisamente uma figura de pensamento, a qual indica o exagero intencional do enunciador.

Em outras palavras, a hipérbole é um recurso muito utilizado, inclusive na linguagem do dia a dia, a qual expressa uma ideia exagerada ou intensificada de algo ou alguém, por exemplo: "Estou morrendo de sede".

Note que o "contrário" da hipérbole, é a figura de pensamento denominada eufemismo, posto que ele suaviza ou ameniza as expressões, enquanto a hipérbole as intensifica.

Exemplos

Segue abaixo algumas frases em que o locutor intencionalmente exagera nas expressões, ou seja, utiliza da hipérbole para realçar melhor sua ideia, ou seja, transmitir uma opinião aumentada da realidade:

  1. Se eu souber que você errou o caminho, eu te mato.
  2. Tentei falar com ela bilhões de vezes durante a semana.
  3. Ele demorou um século para chegar aqui.
  4. Ela estava morrendo de rir da piada dele.
  5. Dona Maria lhe mandou um milhão de beijos.

Diante dos exemplos acima, fica claro que a intenção do enunciador do texto foi, sem dúvida, realçar e dar mais ênfase à sua frase. Assim, as palavras que surgem em negrito, são demasiado exageradas, se a consideramos “ao pé da letra”, ou seja, se levarmos em conta a linguagem denotativa (sentido real e objetivo da palavra), em detrimento da linguagem conotativa (sentido virtual e subjetivo da palavra).

Nesse sentido, na primeira frase o enunciador utiliza o verbo “matar” para indicar sua grande insatisfação e raiva, se a pessoa errar o caminho.

Decerto que a intenção não é de fato matar essa pessoa, mas o sentido conotativo, atribuído ao verbo, indica o exagero do autor do enunciado.

No segundo exemplo, nota-se novamente o exagero como ferramenta estilística, expressa por meio do numeral indicado pelo enunciador, ou seja, bilhões.

Esse número é tão elevado, que fica impossível alcançá-lo somente durante uma semana, o que deixa claro a escolha da linguagem conotativa (sentido figurado), indicando a insistência da pessoa em encontrar a outra durante esse período.

Por conseguinte, no terceiro exemplo, podemos frisar que um século corresponde a 100 anos, tempo demasiado para aguardar alguém chegar, e por isso, a hipérbole novamente foi utilizada para dar ênfase ao enunciado, indicando assim a grande espera do locutor.

Muito comum utilizarmos no dia a dia (linguagem coloquial) expressões tal qual aparecem no quarto exemplo, exageradas a partir do verbo “morrer”: morrendo de fome, morrendo de sono, morrendo de calor, dentre outras.

No entanto, fica claro que as pessoas não morrem de rir exageradamente, e por isso, constata-se que o autor do enunciado, quis dar ênfase ao período, utilizando assim a hipérbole.

Também muito comum utilizarmos com amigos e familiares a expressão “milhões de beijos”, expressas no quinto exemplo, no entanto, é um número exagerado para dar beijos em alguém num curto espaço de tempo, o que indica o excesso do enunciador, que na verdade quis destacar o carinho que apresenta por aquela pessoa.

Figuras de Linguagem

As figuras de linguagem são recursos estilísticos da linguagem utilizados para dar maior ênfase às palavras ou expressões da língua, sendo classificadas de acordo com as características que querem expressar, a saber:

  • Figuras de Pensamento: estas figuras de linguagem estão relacionadas ao significado (campo semântico) das palavras, por exemplo: ironia, antítese, paradoxo, eufemismo, litote, hipérbole, gradação, prosopopeia e apóstrofe.
  • Figuras de Palavras: semelhantes às figuras de pensamento, elas também alteram o nível semântico (significado das palavras), por exemplo: metáfora, metonímia, comparação, catacrese, sinestesia e antonomásia.
  • Figuras de Som: nesse caso, as figuras estão intimamente relacionadas com a sonoridade, por exemplo: aliteração, assonância, onomatopeia e paranomásia.
  • Figuras de Sintaxe: também chamadas de “Figuras de construção”, estão relacionadas com a estrutura gramatical da frase, as quais modificam o período, por exemplo: elipse, zeugma, hipérbato, anacoluto, anáfora, elipse, silepse, pleonasmo, assíndeto e polissíndeto.

Para saber mais: Figuras de Linguagem

Daniela Diana
Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.