Ku Klux Klan

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

Ku Klux Klan ou KKK é uma organização civil americana que prega a supremacia racial branca, o racismo e o antissemitismo.

O primeiro grupo da Ku Klux Klan foi fundado logo após a Guerra de Secessão ou Guerra Civil Americana e dissolvido posteriormente. No entanto, em 1915, a organização ressurgiu e sobrevive até os dias atuais.

Ku Klux Klan

Desfile da Ku Klux Klan nos anos 20 em Washington.

Contexto Histórico

Ao finalizar a Guerra de Secessão um grande debate se instala nos estados sulistas: o que fazer com os negros libertos? Já havia o precedente de ajudar aos escravos libertos retornar à África, mais especificamente à Libéria, entre 1821 e 1822.

No entanto, a maioria dos negros preferiu ficar. Desde o começo da chamada “Reconstrução” do estados sulistas, os afro-americanos passaram a se organizar e exigir os mesmos direitos dos brancos através de jornais, convenções e igrejas cujos frequentadores eram negros.

Este movimento afro-americano deixou amedrontados vários antigos proprietários de escravos que se tinham visto privados de sua força de trabalho e renda.

Desta maneira, passaram a fundar fraternidades exclusivas para pessoas brancas e cristãs em estados sulistas como o Tennessee e a Louisiana para responder esta iniciativa.

Origem e Primeiros Crimes

A Ku Klux Klan foi fundada em 1866, no estado do Tennessee, por um grupo de veteranos da Guerra de Secessão descontentes com a abolição da escravidão.

O nome é um jogo de palavras a partir da expressão em grego kyklos – círculo. A palavra “klan” foi acrescentada por aliteração e para caracterizar o movimento como uma instituição constituída somente para alguns privilegiados.

Também criaram a hierarquia do grupo que consistia no Grande-Feiticeiro, Grande-Dragões, etc. e a vestimenta característica de túnicas e chapéus cônicos a fim de esconderem sua identidade.Os métodos dos membros da Ku Klux Klan consistiam em assustar as populações negras em cavalgadas noturnas, brandindo tochas e gritando palavras de ódio.

No verão de 1867, a Klan passou a defender um mítico “Império Invisível do Sul” que seria formado pelos estados confederados que haviam perdido a guerra. O objetivo era restaurar o trabalho escravo e a ordem social anterior ao conflito.

Nesta época começaram os ataques às escolas e igrejas frequentadas por negros e contra os primeiros políticos afro-americanos eleitos.

Diante da repercussão desses crimes, o Congresso americano promulgou leis específicas para combatê-los, produzindo a detenção de vários dirigentes da KKK em 1871. No ano seguinte, a organização foi declarada de caráter "terrorista" e os membros da Klan se dispersaram.

Ressurgimento no começo do século XX

Nas primeiras décadas do século XX, a Ku Klux Klan voltaria embalada pelo lançamento do livro The Clansman, de Thomas Dixon, que exaltava as atividades da organização. Esta publicação seria levada às telas em 1915 por D. W. Griffith com o nome de “O nascimento de uma nação” onde os negros eram retratados como seres primitivos e violentos em contraposição ao homem branco civilizado e pacífico.

Nesta fase, a Klan ampliou seu leque de inimigos, aproveitando o medo que despertava a imigração europeia massiva . Desta maneira, católicos e judeus foram incluídos como alvos de ataques violentos.

Igualmente, o medo ao comunismo que havia triunfado na Rússia, com a Revolução de 1917, fez com que os comunistas também fossem declarados inimigos da Ku Klux Klan.

Nesta época, a KKK chegou a contar com quatro milhões de membros e fazia manifestações diante da Casa Branca. Foi aberta uma seção feminina e a cruz em chamas foi incorporada como símbolo da organização.

A Grande Depressão acabou, temporariamente, com suas atividades. Porém, voltariam a surgir nos anos 60, em reação às novas leis contra a segregação racial.

Anos 60

Na década 60, a Ku Klux Kan centra seus ataques àqueles que lutavam pelos direitos civis americanos.Assim, líderes que pregavam a resistência pacífica como Martin Luther King e a NAACP (Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor) foram atacadas.

À medida que as leis de segregação racial eram abolidas, a ação da Ku Klux Klan tornou-se mais violenta. Em 1963, um grupo ligado a KKK explode uma igreja batista em Birmingham, Alabama e mata quatro meninas. No ano seguinte, três ativistas do movimento negro são assassinados no Tennessee.

Após essa onda de violência, a organização passa por um período de reestruturação, onde cada "Klan" é independente para atuar como lhe convém. Apesar desta decisão enfraquecer o movimento a nível nacional, esta atitude lhe garantiu a sobrevivência até o século 21.

Ku Klux Klan atualmente

Ku Klux Klan

"Império Invisível - Cavaleiros da Ku Klux Klan - Junte-se a KKK e lute pela raça e a nação".

Existem nos Estados Unidos ao menos 29 grupos diferentes que se proclamam herdeiros da Ku Klux Klan original. Calcula-se que o número de membros oscila entre 4.000 e 10.000 que competem entre si para conquistar adeptos, doações e espaço na mídia.

Esses grupos promovem congressos, publicam revistas e mantêm sites sobre suas atividades. Os atentados de 11 de Setembro e o crescimento do jihadismo serviram de inspiração para recrutar novos membros. Da mesma forma, os muçulmanos foram incorporados à sua retórica racista como inimigos da "raça branca".

A Ku Klux Klan atua hoje sem esconder o rosto, pois se beneficiam do direito à liberdade de expressão garantida pela Constituição dos Estados Unidos para continuar a propagar sua controversa mensagem.

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.