Maconha

Lana Magalhães
Lana Magalhães
Professora de Biologia

A maconha refere-se a espécie Cannabis sativa, uma planta da família Cannabaceae, originária da Índia e cultivada em todo o mundo.

Ela é consumida pelos homens há bastante tempo e possui diversos usos que vão de medicinais, recreativos e até culturais.

Por ser uma planta herbácea, apresenta pequeno porte, atingindo de 2 a 3 m de altura. As suas folhas são digitadas, com bordas serrilhadas e bem características, as flores são amareladas e não exalam perfume. Os frutos são pequenos e amarelo-esverdeados.

Folhas de maconha
Planta de Cannabis sativa

Efeitos da maconha no organismo

A maconha é a droga ilícita mais consumida no mundo, representando um problema de saúde pública em muitos países. Ela é consumida a partir das flores secas enroladas em papéis, formando cigarros e também em cachimbos.

O seu consumo provoca alterações psicológicas e fisiológicas, tais como:

  • Aceleração dos batimentos cardíacos;
  • Relaxamento;
  • Euforia,
  • Redução da coordenação motora;
  • Dificuldade em manter o equilíbrio;
  • Mudanças nas funções dos sentidos;
  • Mudanças no humor.

Outras reações podem ser observadas e variam de pessoa para pessoa e da quantidade utilizada.

Existe ainda a espécie Cannabis indica, ela possui um efeito diferenciado. Enquanto, C. sativa provoca euforia, a C. indica proporciona relaxamento físico e mental.

Substâncias químicas presentes na maconha

Os efeitos da maconha no organismo deve-se a presença de mais de 60 substâncias químicas na planta de Cannabis sativa, denominadas de canabinóides.

A principal substância psicoativa é o tetrahidrocanabinol (THC), também encontram-se em grande concentração outras duas substâncias: o canabinol e o canabidiol.

Uso medicinal da maconha

Uso medicinal da maconha
O uso medicinal da maconha ainda é bastante polêmico

Existem medicamentos elaborados a partir de substâncias químicas da maconha e algumas pesquisas demonstraram que o seu uso medicinal pode contribuir no tratamento de câncer e AIDS. Enquanto isso, outros estudos indicam que apesar dos seus benefícios, ainda é preciso conhecer melhor os riscos associados.

Em alguns países como Espanha, Holanda, Canadá e Finlândia, o uso medicinal da maconha é permitido. No Brasil, em 2017, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) incluiu a Cannabis sativa na lista de plantas medicinais. Porém, o seu uso medicinal não foi liberado no país.

Origem e primeiros usos da maconha

Segundo pesquisas arqueológicas, há evidências que a cannabis foi domesticada pelos seres humanos no período Paleolítico.

A referência escrita mais antiga que temos sobre esta planta data de 2727 a.C., do imperador chinês Shen Nong, considerado o "rei dos medicamentos". Neste documento, ele exaltava suas propriedades medicinais.

Os antigos egípcios, gregos e romanos também a conheciam, enquanto no Oriente Médio, seu uso se espalhou no Norte da África através do Império Islâmico.

Os muçulmanos usavam a cannabis para relaxar, pois o álcool estava proibido pelo Corão. Provavelmente, foram eles que a levaram para a Península Ibérica.

Os espanhóis, por sua vez, introduziram-na em suas colônias na América. Em 1545, havia plantações no Chile a fim de extrair a fibra para obter as cordas tão necessárias para as amarras dos navios.

A maconha nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos o plantio da cannabis é registrado desde o século XVII e a fibra era usada para fabricação de cordas, roupas e papel.

A maconha entrou na farmacopeia dos Estados Unidos em 1850 e até 1942 era prescrita para aliviar dores de parto, enjoos, cólicas menstruais e reumatismo.

A primeira lei americana contra as drogas é de 1914, a qual proibia o uso de entorpecentes. Ao avaliar esta política quatro anos depois, o governo concluiu que o consumo não só havia aumentado, como o tráfico já causava problemas. Mas num país regido pela religiosidade, as punições aumentaram.

A partir da década de 30, uma campanha conduzida pelo Departamento Federal de Narcóticos dos Estados Unidos e parte da imprensa, passou a tratar a maconha como uma substância perigosa.

Sem considerar suas propriedades medicinais, apareceram estudos que afirmavam que seu uso levaria os usuários ao vício de outras drogas.

Em 1961, os americanos utilizam seu peso geopolítico para aprovar, pela ONU, uma resolução na qual se determina que o combate ao tráfico seria a melhor solução para resolver o consumo. A estratégia é corroborada pelo governo de Richard Nixon, que esteve na Casa Branca de 1969 a 1974.

Na década de 80, sob a administração de Ronald Reagan, o governo americano declara guerra total às drogas. Além das campanhas contra o consumo, se trata a questão de maneira penal, buscando punir tanto o usuário como o traficante.

Isto leva os Estados Unidos a intervir militarmente em países como Colômbia e Nicarágua. Além disso, gastam muito dinheiro em armas, policiamento e agrotóxicos para acabar com as plantações nestes lugares.

A maconha no Brasil

No período colonial, o Marquês de Lavradio (1699-1760), vice-rei do Brasil, vai estimular o plantio do cannabis.

Novamente, buscava-se a fibra com o propósito de suprir a demanda por amarras e roupas. Igualmente, o óleo é empregado na iluminação pública e para usos medicinais como o tratamento de feridas.

Os negros escravizados utilizarão a cannabis como fumo em seus rituais religiosos e também de maneira recreativa.

A primeira proibição, em 1830, terá como alvo justamente a população negra. Os consumidores seriam penalizados com alguns dias de prisão, mas os vendedores recebiam apenas uma multa.

Em 1890, visando manter a população negra, recém-liberta sob controle, será criada a primeira legislação onde se pune os capoeiras, as práticas das religiões afro e as batucadas.

Com o governo Vargas, em 1932, há proibição explícita do consumo seguindo a tendência internacional.

Curiosidades sobre a maconha

  • As fibras da planta da maconha podem ser utilizadas para produção de cordas e tecidos.
  • É possível que a maconha produza efeitos diferentes em homens e mulheres. Acredita-se que as mulheres são mais sensíveis aos seus efeitos.
  • O tetrahidrocanabinol possui ação rápida no organismo. Após ser inalado, em 10 minutos já é possível perceber os seus efeitos, os quais podem durar até 4 horas.
Lana Magalhães
Lana Magalhães
Licenciada em Ciências Biológicas (2010) e Mestre em Biotecnologia e Recursos Naturais pela Universidade do Estado do Amazonas/UEA (2015). Doutoranda em Biodiversidade e Biotecnologia pela UEA.