O que é Catarse?

Daniela Diana
Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

A Catarse é um conceito filosófico que significa limpeza e purificação. Esse conceito é muito amplo, uma vez que é utilizado em diversos ramos do conhecimento: artes, psicologia, medicina, religião, educação, dentre outros.

Do grego, o termo catarse (kátharsis) significa “purificação”.

Catarse na Filosofia

Para o filósofo grego Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), o conceito de catarse, retratado em sua obra “Arte Poética”, representava a purificação das almas.

Ela ocorria através de uma grande descarga de sentimentos e emoções, provocada pela visualização de obras teatrais: tragédias ou dramas.

Quando o público entrava em contato com a linguagem poética, a plateia era capaz de captar tais emoções (terror, medo e piedade) e assim, liberar-se das suas.

Nesse sentido, Aristóteles aproxima-se do conceito de catarse nas artes. Com o passar dos anos, o conceito de catarse foi se expandindo e atualmente, faz parte de diversas áreas do saber, no entanto, todos eles derivam da concepção apresentada pelo filósofo grego.

Catarse nas Artes

A catarse nas artes corresponde à sensação de “limpeza, leveza, renovação e purificação” que o ser humano atinge quando entra em contato com alguma obra artística. Podemos citar a pintura, a música, o cinema, o teatro, a dança, etc.

Em outras palavras, a catarse nas artes representa a liberação da tensão emocional e que proporciona fortes emoções além do sentimento de alívio.

Catarse na Literatura

A literatura é a arte das palavras e, da mesma maneira que outras modalidades artísticas, ela transmite a sensação de purgação ou purificação provocada pela catarse.

Assim, quando lemos algum texto literário que nos causa demasiada emoção e reflexão, podemos ter sido tocados por um processo catártico.

Catarse na Pedagogia e na Educação

O conceito de catarse é explorado também no campo da educação e, portanto, nos processos educativos.

Nesse sentido, o processo catártico ocorre quando os estudantes absorvem e adquirem instrumentalização necessária para agirem como cidadãos, bem como refletirem sobre suas práticas sociais.

Na Pedagogia Histórico-Crítica (PHC), a catarse é um conceito que foi explorado por diversos pensadores. Merece destaque o filósofo italiano marxista Antonio Gramsci (1891-1937). Segundo ele, a catarse:

“(...) indica a passagem do movimento puramente econômico e corporativo (ou egoístico-possessivo) ao movimento ético-político, isto é, a elaboração superior da [infra] estrutura em superestrutura na consciência dos homens. A passagem do “objetivo ao subjetivo” e da “necessidade à liberdade.”

Catarse na Religião

A catarse é um conceito também observado em diversas religiões. A grosso modo, representa a purificação da alma, a libertação de todos os pecados e a comunhão com Deus.

O processo catártico pode ocorrer, por exemplo, durante uma oração, celebração religiosa ou confissão. Desse modo, em diferentes cultos é possível visualizar a catarse individual ou coletiva (êxtase religioso).

A partir disso, as pessoas entram em transe, tem visões, choram desesperadamente ou ficam demasiadamente felizes.

Catarse na Psicologia e na Medicina

Na psicologia, a catarse é um conceito intimamente relacionado com a liberdade e a cura dos traumas, medos e doenças.

De tal modo, os processos catárticos ocorrem nos pacientes no momento em que eles superam algum trauma, medo ou perturbação, por meio de uma libertação psíquica.

Na Medicina, a catarse está associada às funções do sistema digestivo, sendo um termo utilizado para indicar o esvaziamento do intestino, através da evacuação.

A Catarse para Freud

Sigmund Freud (1856-1939), psicanalista austríaco, foi quem introduziu o conceito de catarse na psicologia. Isso, após ele observar os estados catárticos provocados nos processos hipnóticos realizados em pacientes que buscavam a cura dos medos e traumas.

A partir disso, Sigmund funda um ramo da psicologia chamado de “Psicanálise”. Ela está pautada na ideia de explorar a “psique humana” por meio do diálogo e da livre associação de ideias.

Para Freud, os pacientes não precisavam estar hipnotizados para atingirem a catarse. Ou seja, ela poderia ocorrer durante uma conversa entre o psicanalista e o paciente.

Dessa maneira, na conversa com o psicanalista o paciente aliviaria suas perturbações psíquicas, despertadas por diversas emoções e sensações que estavam reprimidas.

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Daniela Diana
Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.