Divisão Social do Trabalho

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

Entende-se por Divisão Social do Trabalho as atribuições (individuais ou coletivas) produtivas nas estruturas socioeconômicas.

Nessa perspectiva, cada sujeito possui uma função na estrutura social, da qual emana seu status perante a sociedade.

Resumo das Características

Uma característica essencial da divisão social do trabalho é a sua capacidade de aumentar a produtividade. Isso porque especialização aumenta a eficiência produtiva e permite a comercialização de produtos com maior qualidade e menor preço.

Contudo, como os produtores efetivam-se em atividades específicas, a divisão social do trabalho passou a distinguir o trabalho mental (intelectual) do material (físico). isso tudo levou ao surgimento de uma elite social.

Esta, por sua vez, se encastela na ideologia da competência técnico-científica para legitimar aquela divisão social do trabalho.

Devemos ter em mente que a “divisão do trabalho” diz respeito ao modo como os seres humanos se organizam para distribuir as tarefas cotidianas.

Desta divisão, derivam outras, como a divisão sexual do trabalho, a divisão capitalista do trabalho, a divisão internacional do trabalho e, para o que nos interessa aqui, a divisão social do trabalho.

Numa fase inicial das sociedades humanas, a divisão do trabalho era definida por critérios sexuais e de faixa etária.

Entretanto, o incremento da agricultura levou divisões sociais no trabalho ainda mais significativas. Isso aprofundou aqueles critérios sexuais e também diferenciou o trabalhador agrícola daquele dedicado exclusivamente à criação de animais. Aqui, está a gênese da propriedade privada.

Como as atividades agrícolas e pastoris impedem que estes trabalhadores se dediquem a produção dos instrumentos necessários a sua sobrevivência, surgem os artesãos.

Estes, trocam seus produtos manufaturados por gêneros alimentícios. E, destas trocas, surge outra divisão social do trabalho, a saber, a atividade mercantil.

Vale citar aqui que o desenvolvimento do comércio aprofundou a distinção entre os trabalhadores rurais e urbanos, onde se destacavam os setores comerciais, administrativos e artesanais.

Por fim, sob a égide do Capitalismo, a especialização produtiva ganha uma complexidade cada vez maior, até atingir os parâmetros da divisão internacional de trabalho. Nela, o trabalhador é um especialista e uma pequena parte do processo produtivo.

Émile Durkheim e a Divisão Social do Trabalho

Para Durkheim (1858-1917) , os princípios da divisão do trabalho são mais morais do que econômicos. São os fatores que unem os indivíduos numa sociedade, pois geram um sentimento de solidariedade entre aqueles que realizam as mesmas funções.

Outro fator importante é que este pensador analisava a sociedade como uma metáfora do corpo humano. Nessa ideia, a divisão social do trabalho seria responsável por manter a harmonia deste sistema de órgãos que compõe o organismo.

Além disso, Émile afirmou que quanto maior e mais complexa for uma sociedade, maior será a divisão social do trabalho presente na mesma. Para ele, é o crescimento populacional o responsável pela divisão do trabalho.

Karl Marx e a Divisão Social do Trabalho

Para Karl Marx (1818-1883), a divisão do trabalho em especialidades produtivas gera uma hierarquia social na qual as classes dominantes (burguesia) subjugam as classes dominadas, ao estabelecer as instituições legitimadoras e ao deter os meios de produção. Essa dominação é tensa e gera um conflito chamado de "luta de classes".

Ademais, para ele, a especialização das atividades produtivas nas sociedades complexas gerou uma divisão do trabalho social como uma forma vital de sobrevivência. E assim, ao superar as suas necessidades básicas, a humanidade cria outras.

Max Weber e a Divisão Social do Trabalho

Max Weber (1864-1920) defendia que a sociedade, mesmo sendo composta de partes, pode ser afetada pelas ações individuais.

Além disso, percebeu uma nítida diferença entre a divisão social do trabalho entre Católicos e Protestantes.

Os protestantes eram austeros e valorizavam o trabalho, além de possuírem uma doutrina religiosa mais alinhada ao Capitalismo. Isso culminou na tendência ao empreendedorismo, típica nas sociedades protestantes.

Outro fator primordial em Weber é sua visão da Burocracia enquanto modo racional da divisão do trabalho. Nela, os cargos ocupados por um burocrata com funções e atribuições específicas, são subordinadas a outro cargo mais elevado, onde se dá a distinção social no trabalho.

Além disso, a burocracia notoriamente auxilia a classe dominante ao estabelecer a divisão do trabalho entre dominantes e dominados.

Leia mais:

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.