Desigualdade Social
A desigualdade social é um problema relativo a uma discrepância nas condições de vida das pessoas de uma mesma sociedade.
Ela pode estar presente em todos os países do mundo e pode decorrer da má distribuição de renda e da falta de investimento na área social, como educação e saúde.
Desta maneira, a maioria da população fica à mercê de uma minoria que detém os recursos, o que gera as desigualdades. Além desse fator, ela pode também decorrer de questões culturais.
Definição de desigualdade social
Desigualdade social diz respeito à disparidade no modo de vida que existe entre determinados grupos de pessoas de uma mesma sociedade. Essa disparidade nas realidades gera uma segregação entre esses grupos, a ponto de um ser considerado como superior ao outro. Ao mesmo tempo, gera a marginalização dos indivíduos que não compartilham dos mesmos privilégios que outros.
Nesse sentido, a desigualdade é um problema social, pois reflete uma dificuldade no acesso aos direitos básicos, como: saúde, educação, moradia, etc. Devemos lembrar que esses direitos são destinados a todos, portanto, algo que nos tornaria iguais perante o Estado.
Nas sociedades capitalistas, a desigualdade social tem como fundamento o fator econômico. Assim, ela se torna um problema também para uma região ou país, principalmente, quando as distâncias entre as rendas são muito grandes, pois acaba refletindo no desenvolvimento daquele espaço.
Em tese, e sob a perspectiva econômica, é difícil que a desigualdade social desapareça, pois não é fácil garantir que cada um tenha as mesmas quantidades de bens materiais.
Além da questão econômica, as desigualdades entre grupos também podem ter como raiz os princípios que norteiam uma sociedade. Em outras palavras, são as concepções fundantes da cultura de um povo e sua história que acabam gerando outras formas de se pensar a desigualdade.
Alguns exemplos de uma divisão desigual de privilégios, de poder e de direitos, que surgem de questões culturais e que culminam nos problemas da desigualdade social, são:
- a proibição das mulheres afegãs acessarem o ensino secundário e superior, desde 2021;
- a ausência de pessoas negras em cargos de liderança, no Brasil;
- a separação de grupos em castas (estratificação social), como na Índia.
Causas de desigualdade social
Inúmeras são as causas que aumentam a distância entre as pessoas. As mais comuns, devido à facilidade de identificação, que permitem fazer a mensuração sobre os avanços nas desigualdades, são relativas ao campo econômico.
Abaixo citamos algumas das causas gerais das desigualdades:
- o problema na má distribuição de riquezas;
- lógica de acumulação de capital (consumo, mais-valia);
- falta de investimento nas áreas sociais, culturais, saúde e educação;
- falta de oportunidades de trabalho;
- problemas relativos à corrupção;
- dificuldades ou negação no acesso a recursos, a oportunidades e aos direitos universais;
- concepções sexistas, racistas e etnocêntricas;
- questões de ordem moral ou religiosas.
Consequências da desigualdade social
Se um país não consegue atender as necessidades básicas, nem garantir o acesso às mesmas oportunidades e direitos de grande parte de seus cidadãos, tampouco irá prosperar equitativamente.
Umas das consequências mais graves das desigualdades são a pobreza e a miséria. Ademais, a desigualdade social traz:
- fome, desnutrição e mortalidade infantil;
- aumento das taxas de desemprego;
- comportamentos discriminatórios;
- marginalização de parte da sociedade;
- atraso no progresso da economia do país;
- aumento dos índices de violência e criminalidade;
- aumento nas injustiças sociais.
Desigualdade social no Brasil
Mesmo que nos últimos anos o país tenha criado programas que visam à diminuição da pobreza, à reparação histórica e à equiparação nas condições de vida de certos grupos, o nível de desigualdade social no Brasil ainda é notório.
Seja pelo seu passado escravocrata, seja pela falta de investimentos na infraestrutura - ou alimentado por suas concepções discriminatórias que ainda perduram nas estruturas de suas instituições - o Brasil ainda é visto como um dos países mais desiguais do mundo.
Da perspectiva socioeconômica, segundo o IPEA (2023), “o Brasil é conhecido por sua alta concentração de renda, onde o 1% mais rico da população detém 28,3% da renda total".
A disparidade é relevante também quando observada a diferença entre os gêneros, cor ou raça. Segundo a Pnad Contínua do IBGE, no primeiro trimestre de 2024 o número de mulheres desempregadas foi de 9,8%, enquanto o número de homens foi de 6,5%.
A Pnad também mostra que a taxa de desocupação por cor ou raça ficou abaixo da média nacional para os brancos (6,2%) e acima para os pretos (9,7%) e pardos (9,1%).
Desigualdade social no mundo
A desigualdade social existe em todos os continentes. Há lugares onde os problemas são mais evidentes, por exemplo, nos países africanos, os quais estão entre os mais desiguais do mundo.
Por sua parte, nos países escandinavos, quase não há diferença entre as classes sociais, devido ao estabelecimento do Estado de Bem-Estar Social após a Segunda Guerra Mundial.
Sem condições de ter acesso à saúde e à educação, dificilmente uma pessoa terá as melhores oportunidades no mercado de trabalho. A dificuldade de acesso aos bens culturais e históricos, pela maior parte da população, também inibe suas oportunidades.
Sistemas econômicos
Não há consenso sobre qual o sistema econômico que gera mais desigualdade social.
Por um lado, alguns estudos afirmam que a desigualdade social surgiu com o capitalismo, pois este se baseia na ideia de acumulação de capital e de propriedade privada. Para seus críticos, isso gera uma relação de exploração entre aqueles que detém a propriedade e os que somente possuem sua força de trabalho.
O capitalismo também incita o princípio da competição e classifica o nível das pessoas baseado no capital e no consumo.
Por sua vez, o socialismo visa abolir a propriedade privada e, assim, erradicar a exploração entre as classes sociais. No entanto, até agora, as experiências socialistas não revelaram que houve uma superação efetiva na questão da desigualdade social.
Além do surgimento de um grupo dirigente que acaba detendo mais privilégios que os demais, no aspecto econômico, há países que vivem num período de recessão econômica e dificuldade na produção alimentar, como Cuba.
Tipos de desigualdades
Há outras maneiras de avaliar uma sociedade pela maneira que trata seus integrantes, do ponto de vista econômico, regional, racial e de gênero.
- Desigualdade econômica: desigualdade entre a distribuição de renda.
- Desigualdade racial: desigualdade de oportunidades para as diferentes raças: negro, branco, amarelo, pardo.
- Desigualdade regional: disparidades entre regiões, cidades e estados.
- Desigualdade de gênero: diferenças entre homens e mulheres, homossexuais, trans e demais gêneros.
Curiosidades
- Segundo a ONU (2024), o Brasil é o 89.º país no índice de desenvolvimento humano (iDH) do mundo.
- O Coeficiente de Gini é uma medida utilizada para mensurar o nível de desigualdade dos países segundo a concentração e distribuição de renda entre grupos sociais.
- Na União Europeia, o país que apresenta maior índice na desigualdade e distribuição de riqueza em 2024, segundo o Índice Gini, é a Alemanha.
- O país com menor desigualdade social é a Islândia.
- Os países que apresentam maiores desigualdades sociais, pelo Índice Gini de 2021, são do continente africano: África do Sul e Namíbia.
Veja também:
- Desigualdade social no Brasil
- Os maiores exemplos de desigualdade social no Brasil
- Questões sobre desigualdade social
Referências Bibliográficas
ALEJANDRO, P. V. “Por que Cuba não consegue traduzir seus índices sociais em produtividade”. El País. Publicação de Nov. 2016.
ALMEIDA, S. O que é Racismo Estrutural? Belo Horizonte: Grupo Editorial Letramento, 2018.
BERMÚDEZ, A. “Qual a gravidade da crise vivida por Cuba e como ela se compara ao período após colapso da URSS”. BBC News Mundo. Publicação de Mar. 2024.
COSTA, S. “Desigualdade, Interdependência e Políticas Sociais no Brasil”. In PIRES, R. R. C. (org.). Implementando Desigualdades Reprodução de Desigualdades na Implementação de Políticas Públicas. Rio de Janeiro: Ipea, 2019.
GIDDENS, A. Sociologia. 6ª Ed. Tradução de Alexandra Figueiredo et al. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2008.
IBGE. “PNAD Contínua Trimestral: desocupação cresce em oito das 27 UFs no primeiro trimestre de 2024”. Agência de Notícia IBGE. Publicação de Mai. 2024.
JOHNSON, A. G. Dicionário de Sociologia: guia prático da linguagem sociológica. Tradução de Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
OLIVEIRA, L. F.; COSTA, R. C. R. Sociologia para Jovens do Século XXI. Sociologia Ensino Médio, 4ª Ed. v. único. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016.
ONU NEWS.”Desigualdade sobe para mais de 70% da população global, mas pode ser combatida”. Onu News. Publicação de Jan. 2020.
ONU NEWS. "Índice de Desenvolvimento Humano revela aumento de desigualdade e polarização”. Onu News. Publicação de Mar. 2024.
WOLFFENBÜTTEL, A. O que é? - Índice de Gini. In IPEA. Desafios do Desenvolvimento. a. 1, 4ª ed., Nov. 2004.
YANATMA, S. “Onde é que na Europa existe maior desigualdade de riqueza?”. EuroNews. Publicação de Abr. 2024.
AGUENA, Anita. Desigualdade Social. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/desigualdade-social/. Acesso em: