A Mais Valia de Karl Marx

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

A mais-valia é um conceito criado pelo alemão Karl Marx (1818-1883), para entender as relações entre o tempo necessário para realizar um trabalho e sua renumeração.

Para a economia política marxista, o valor do trabalho e o salário recebido pelo trabalhador significa desigualdade. Ou seja, o esforço do trabalhador não é convertido em valores monetários reais, o que desvaloriza seu trabalho.

Em outros termos, a mais valia significa a diferença entre o valor produzido pelo trabalho e o salário pago ao trabalhador. É, portanto, a base de exploração do sistema capitalista sobre o trabalhador.

Note que, muitas vezes, o termo é utilizado com sinônimo de “lucro”. O lucro do sistema capitalista é gerado pela relação existente entre a mais-valia e o capital variável, ou seja, os salários dos trabalhadores.

Como exemplo, podemos pensar no seguinte: para suprir as necessidades básicas de vida (moradia, educação, saúde, alimentação, lazer, etc.) o salário de um trabalhador é atingido com o trabalho diário de 5 horas. Desta maneira, o trabalhador só necessitaria exercer sua função durante este período.

No entanto, o sistema capitalista lhe impede de trabalhar somente cinco horas diárias.

Assim, 3 horas a mais por dia (8 horas diárias), ele trabalha para suprir a necessidade de lucro do sistema capitalista, o que resulta na mais-valia.

Resumo do sistema de Mais-Valia

O sistema de mais-valia, explicado por Marx, é baseado na exploração do sistema capitalista, onde o trabalho e o produto produzido pelos trabalhadores é transformado em mercadoria com o intuito do lucro. Assim, os trabalhadores acabam recebendo um valor inferior que não condiz com o trabalho realizado.

Por exemplo, você é atendente de uma loja e além disso, você limpa, organiza estoque, carrega material, dentre outras funções. Portanto, ao invés do patrão contratar diversas pessoas e atribuir uma função especifica para cada, ele pratica a mais valia deste trabalhador que acaba por fazer todos os serviços.

Esse modelo corrobora a exploração do patrão para com o trabalhador que, na maior parte das vezes, se submete à situação por não ter nenhuma alternativa.

Vale lembrar que o lucro obtido pelo trabalho realizado tem como destino o patrão. Assim, o trabalhador que realiza, por exemplo, cinco funções (atender, administrar, limpar, contar estoque e pedir mercadoria), não recebe pelas cinco, ou seja, recebe somente por uma delas.

De tal modo, a classe detentora dos meios de produção - a burguesia - enriquece ao acumular riquezas, às custas da força de trabalho proveniente da classe operária. Esse movimento leva ao aumento das desigualdades sociais.

Tipos de Mais-Valia

Há dois tipos de mais valia:

  • Mais-Valia Absoluta: nesse caso, o operário realiza o trabalho em determinado tempo que, se fosse calculado em valor monetário, resultaria na desigualdade entre o trabalho e o salário. Ou seja, o lucro surge com a intensificação do trabalho pelo aumento de horas na jornada laboral.
  • Mais-Valia Relativa: nesse caso, a mais valia é aplicada através do uso da tecnologia, por exemplo, aumentar o número de máquinas numa fábrica, no entanto, sem aumentar o salário dos trabalhadores. Assim, a produção e o lucro aumentam ao mesmo tempo que os números de trabalhadores e o salário permanecem igual.

Alienação para Marx

No contexto da mais valia, um dos conceitos aprofundados por Marx foi o de alienação, uma condição do trabalhador que realiza seu trabalho alienadamente, ou seja, como um instrumento de escravização.

Esse processo leva a desumanização do ser humano, pois ao invés de se sentir realizado com seu trabalho ele é afastado - alienado - do que produz.

Por exemplo, numa fábrica de roupas de grife, os trabalhadores que produzem a mercadoria não possuem um salário que os permitem usufruir daquele produto. Assim, segundo Marx, o trabalhador é desumanizado por esse processo, se transformando numa peça da engrenagem capitalista.

Saiba mais sobre o assunto no artigo: Alienação na Sociologia e Filosofia.

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Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.