Exercícios sobre o Keynesianismo (com gabarito explicado)
Teste seus conhecimentos com as 7 questões a seguir sobre Keynesianismo. As questões são feitas com o padrão do ENEM e buscam auxiliar seus estudos sobre este tema. Confira os comentários após o gabarito para tirar suas dúvidas sobre o assunto.
Exercício 1
O fato de maior importância é a extrema precariedade da base do conhecimento sobre o qual temos que fazer os nossos cálculos das rendas esperadas. O nosso conhecimento dos fatores que regularão a renda de um investimento alguns anos mais tarde é, em geral, muito limitado e, com frequência, desprezível. Se falarmos com franqueza, temos de admitir que as bases do nosso conhecimento para calcular a renda provável dentro de dez anos de uma estrada de ferro, uma mina de cobre, uma fábrica de tecidos, a aceitação de um produto farmacêutico, um navio transatlântico ou um imóvel no centro comercial de Londres pouco significam e, às vezes, a nada levam. De fato, aqueles que tentam, com seriedade, fazer um cálculo desta natureza constituem uma pequena minoria, cuja conduta não chega a influenciar o mercado.
KEYNES, J.M. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1996, p.161.
Com base no trecho acima, é possível compreender que Keynes problematiza a forma como se tomam decisões no âmbito dos investimentos de longo prazo. Nesse contexto, qual das alternativas expressa adequadamente a crítica feita por Keynes?
A) Os agentes econômicos costumam superestimar os lucros de curto prazo, o que compromete as projeções de longo prazo.
B) A racionalidade dos investidores garante a eficiência dos mercados, mesmo diante de incertezas futuras.
C) A dificuldade de prever rendas futuras mostra que o conhecimento técnico é suficiente apenas para decisões de curto prazo.
D) A tomada de decisão no mercado de investimentos baseia-se, frequentemente, em fundamentos frágeis ou incertos.
E) A maioria dos investidores recorre a métodos matemáticos rigorosos para prever, com exatidão, a rentabilidade de longo prazo.
Gabarito: D) A tomada de decisão no mercado de investimentos baseia-se, frequentemente, em fundamentos frágeis ou incertos.
Explicação:
Keynes destaca a incerteza radical que envolve os investimentos de longo prazo. Ele afirma que o conhecimento disponível sobre as variáveis que afetarão a rentabilidade futura é extremamente limitado e, muitas vezes, irrelevante. Portanto, a tomada de decisão é feita com base em fundamentos precários, o que leva à conclusão de que os investimentos frequentemente se baseiam mais em suposições frágeis do que em cálculos racionais e objetivos.
Exercício 2
"O objetivo deste título é contrastar a natureza de meus argumentos e conclusões com os da teoria clássica, na qual me formei, que domina o pensamento econômico, tanto prático quanto teórico, dos meios acadêmicos e dirigentes desta geração, tal como vem acontecendo nos últimos 100 anos"
KEYNES, John. A teoria geral do emprego, do juro e na moeda. 2 ed. São Paulo: Nova cultural, 1985.
No trecho, Keynes apresenta a motivação central de sua obra, que consiste em questionar a teoria econômica clássica. Considerando o contexto histórico e as críticas keynesianas, qual princípio básico da teoria clássica é diretamente contestado por Keynes?
A) A ideia de que o desemprego é estrutural e permanente nas economias.
B) A crença de que o mercado possui mecanismos automáticos de equilíbrio, capazes de garantir o pleno emprego.
C) A noção de que o aumento dos gastos públicos gera crescimento sustentável no longo prazo.
D) A defesa da intervenção do Estado como meio de garantir estabilidade econômica.
E) A percepção de que a inflação é causada exclusivamente pelo aumento dos salários.
Gabarito: B) A crença de que o mercado possui mecanismos automáticos de equilíbrio, capazes de garantir o pleno emprego.
Explicação:
Keynes critica fortemente o pensamento da teoria econômica clássica, que acreditava na capacidade dos mercados de se autorregularem, retornando automaticamente ao equilíbrio e garantindo o pleno emprego. Sua obra surge justamente para demonstrar que, na prática, isso não ocorre, especialmente em momentos de crise, quando há queda da demanda e aumento do desemprego.
Exercício 3
A Crise de 1929, também conhecida como a Grande Depressão, representou um colapso sem precedentes na economia mundial. Milhões de pessoas ficaram desempregadas, empresas faliram e a miséria se espalhou em diversos países. Esse cenário revelou os limites da teoria econômica clássica, que acreditava na autorregulação dos mercados. Foi nesse contexto que as ideias de John Maynard Keynes ganharam força.
Considerando a relação entre o Keynesianismo e a Crise de 1929, a proposta central defendida por Keynes para enfrentar crises econômicas como essa era:
A) A redução drástica dos impostos para grandes empresas, permitindo que elas resolvessem a crise sozinhas.
B) A eliminação dos salários mínimos para aumentar a competitividade e reduzir custos de produção.
C) O aumento dos investimentos públicos e dos gastos do governo para estimular a demanda e a geração de empregos.
D) A total retirada do Estado da economia, permitindo que o mercado ajustasse naturalmente a oferta e a demanda.
E) A adoção de políticas de austeridade, com corte de gastos públicos e aumento dos juros.
Gabarito: C) O aumento dos investimentos públicos e dos gastos do governo para estimular a demanda e a geração de empregos.
A principal proposta keynesiana frente à Crise de 1929 foi a defesa de que o Estado deveria intervir na economia, realizando investimentos públicos, ampliando obras, programas sociais e incentivos, com o objetivo de estimular a demanda agregada, gerar empregos e movimentar a economia. Essa abordagem rompe com a visão clássica, que defendia o livre mercado como único regulador.
Exercício 4
"No artigo publicado em junho de 1936 na Review of Economic Studies, David G. Champernowne afirma que a diferença entre a Teoria Geral de Keynes e a teoria clássica reside nos pressupostos sobre a variável que é determinada no mercado de trabalho: para Keynes, é o nível nominal de salários e para a teoria clássica, é o nível real de salários. Segundo Champernowne, esta diferença de visões está relacionada ao escopo de análise de cada teoria."
HELLER, Cláudia e SILVEIRA, Jaylson Jair da. Clássicos versus Keynes: a abordagem formal de David Champernowne. Estud. Econ. [online]. 2012, vol.42, n.1. pp.183-216.
Com base no texto e nos fundamentos econômicos, uma das principais diferenças entre a teoria keynesiana e a teoria clássica sobre o mercado de trabalho é:
A) Para Keynes, o mercado de trabalho se ajusta automaticamente por meio dos salários reais, eliminando o desemprego.
B) Na visão keynesiana, o ajuste no mercado de trabalho ocorre através dos salários nominais, que podem ser rígidos, impedindo o equilíbrio automático.
C) A teoria clássica defende que o Estado deve intervir para controlar os salários nominais, ajustando o mercado de trabalho.
D) Para Keynes, o desemprego é sempre voluntário e causado pela escolha dos trabalhadores em rejeitar salários baixos.
E) Segundo a teoria clássica, o aumento dos salários nominais gera crescimento econômico sustentável no longo prazo.
Gabarito: B) Na visão keynesiana, o ajuste no mercado de trabalho ocorre através dos salários nominais, que podem ser rígidos, impedindo o equilíbrio automático.
Explicação:
A teoria keynesiana considera que os salários nominais são rígidos, ou seja, não se ajustam facilmente para baixo devido a resistências sociais, sindicais e contratuais. Isso pode gerar desequilíbrios, como o desemprego involuntário, pois o mercado não se ajusta automaticamente. Já a teoria clássica trabalha com a ideia de ajuste pelos salários reais, acreditando que o mercado sempre tende ao equilíbrio.
Exercício 5
Durante boa parte do século XX, especialmente entre as décadas de 1940 e 1970, muitos países adotaram políticas inspiradas no Keynesianismo. Esse modelo defendia forte intervenção do Estado na economia para garantir pleno emprego, crescimento econômico e bem-estar social. Nesse contexto, os governos investiram na construção de infraestrutura, habitação, transportes e serviços, impactando diretamente o espaço geográfico, promovendo a urbanização, a industrialização e a ampliação das redes de serviços.
Do ponto de vista geográfico, as políticas keynesianas contribuíram diretamente para:
A) A concentração das atividades econômicas exclusivamente nas zonas rurais, com baixo impacto urbano.
B) O enfraquecimento dos serviços públicos e a priorização do setor financeiro.
C) A redução dos investimentos públicos em infraestrutura, priorizando apenas os mercados internacionais.
D) A retirada do Estado das atividades econômicas, transferindo todos os serviços à iniciativa privada.
E) A expansão da urbanização e a modernização das infraestruturas, redes de transporte e serviços nas cidades.
Gabarito: E) A expansão da urbanização e a modernização das infraestruturas, redes de transporte e serviços nas cidades.
Explicação:
O modelo keynesiano promoveu fortes investimentos em obras públicas, como estradas, portos, habitação e saneamento, além de serviços como saúde, educação e transporte. Isso gerou um crescimento acelerado das cidades e uma reorganização do espaço, estimulando a urbanização e a industrialização.
Exercício 6
O Keynesianismo também se refletiu na escala global. No pós-Segunda Guerra Mundial, instituições como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) foram criadas dentro de uma lógica keynesiana, voltada para a reconstrução dos países, o financiamento de obras e projetos de desenvolvimento. A intervenção estatal passou a ser vista como fundamental para superar crises econômicas e para impulsionar o desenvolvimento regional e nacional, gerando impactos diretos na organização dos territórios.
Considerando a lógica keynesiana, é correto afirmar que ela:
A) Promove a integração dos territórios por meio de investimentos públicos em infraestrutura, transporte e desenvolvimento social.
B) Defende a não intervenção do Estado na produção de infraestrutura e serviços básicos.
C) Desconsidera o papel do território, pois prioriza exclusivamente as dinâmicas financeiras.
D) Prioriza o desenvolvimento das regiões mais ricas, sem preocupação com a coesão territorial.
E) Baseia-se na ideia de que o mercado, sozinho, garante o equilíbrio dos territórios e o desenvolvimento regional.
Gabarito: A) Promove a integração dos territórios por meio de investimentos públicos em infraestrutura, transporte e desenvolvimento social.
Explicação:
O Keynesianismo, ao priorizar investimentos públicos, promoveu a integração dos territórios por meio da construção de rodovias, portos, ferrovias, usinas e serviços, além da ampliação dos direitos sociais. Isso estimulou o desenvolvimento de diversas regiões e ampliou as redes urbanas, favorecendo a coesão territorial e a redução das desigualdades regionais.
Exercício 7
Ao longo do século XX, dois modelos econômicos influenciaram diretamente a organização dos territórios: o Keynesianismo e o Neoliberalismo. O primeiro, predominante entre as décadas de 1940 e 1970, defendia forte intervenção estatal, com investimentos públicos, expansão dos serviços sociais e fortalecimento do mercado interno. Já a partir da década de 1980, o modelo neoliberal se consolidou, com propostas de redução do papel do Estado, privatizações e abertura dos mercados, priorizando a lógica do mercado sobre as demandas sociais. Ambas as lógicas impactaram diretamente a produção do espaço, as cidades e as desigualdades regionais.
A transição do modelo keynesiano para o neoliberal impactou os territórios, principalmente, por meio de:
A) Aumento dos investimentos públicos em infraestrutura, habitação e serviços básicos nas periferias urbanas.
B) Ampliação da atuação do Estado na economia, priorizando o pleno emprego e a equidade regional.
C) Redução das desigualdades territoriais, através da expansão dos serviços públicos gratuitos.
D) Enfraquecimento das políticas públicas, aumento das desigualdades socioespaciais e fortalecimento da lógica do mercado.
E) Controle estatal dos setores financeiros e produtivos, com fortalecimento das empresas públicas e dos serviços sociais.
Gabarito: D) Enfraquecimento das políticas públicas, aumento das desigualdades socioespaciais e fortalecimento da lógica do mercado.
Explicação:
O neoliberalismo, ao reduzir o papel do Estado, promover privatizações e flexibilizar direitos, resultou no enfraquecimento das políticas públicas e no aumento das desigualdades socioespaciais, especialmente nas periferias urbanas e em regiões menos desenvolvidas. Isso contrastou com o Keynesianismo, que buscava reduzir essas desigualdades por meio da ação estatal.
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MARQUES, Vinícius. Exercícios sobre o Keynesianismo (com gabarito explicado). Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/exercicios-sobre-o-keynesianismo-com-gabarito-explicado/. Acesso em: