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História da literatura (em ordem cronológica)

Rodrigo Luis
Rodrigo Luis
Professor de Português e Literatura

Antes de existir a escrita, seres humanos já tinham cultura e já contavam histórias. Mas, um dia, por volta de 3200 a.C., na Mesopotâmia, surgiu a escrita, provavelmente para fins muito mais práticos que a literatura, e de qualquer forma, não demorou muito para que a prática humana de contar histórias também passasse a ser registrada. Foi nessa região do mundo, onde hoje é o Iraque, que se encontrou a obra literária mais antiga que se tem notícia, o Épico de Gilgamesh, cujo rascunho mais antigo que se tem registro data de 1800 a.C.

O épico é considerado uma obra fundamental na tradição das sagas heroicas e influenciou heróis posteriores, como Hércules, além de ter sido traduzido para inúmeras línguas e referenciado em diversas obras de ficção popular.

Neste conteúdo você encontra:

Linha do tempo sobre a história da literatura

Antiguidade Clássica

No entanto, quando se trata da influência direta para a tradição europeia, surgem outros dois poemas épicos: a Ilíada e a Odisseia, atribuídas a Homero. Assim, pensar a história da literatura como conhecemos é pensar a partir da Antiguidade Clássica.

Nesse sentido, três gêneros principais moldaram a literatura como conhecemos hoje: o épico, o lírico e o dramático.

Épico

A palavra Épico deriva da palavra grega epos, que significa verso ou discurso. A epopeia, assim, surge como um ancestral do que conhecemos hoje por narrativa (cinematográfica, em quadrinhos, um romance etc.). Contudo, ela traz algumas diferenças tanto em relação à forma e conteúdo quanto ao seu conteúdo.

Isso porque a epopeia conta a história de um herói que vive em um mundo antigo, com outras questões envolvendo o ser e o ter. Assim, o gênero apresenta algumas características particulares na principal relação que norteia a literatura ao longo dos tempos: o sujeito e o mundo.

Lírico

Além da poesia épica, na Grécia Antiga também era praticada a poesia lírica. A poesia lírica é a poesia que se foca mais em sentimentos pessoais e sem as narrativas complexas dos poemas épicos. A poesia lírica recebe esse nome porque na Grécia ela era composta para ser acompanhada de instrumento musical, normalmente a lira.

Um exemplo de poesia lírica é o poema a seguir, do poeta grego Catulo:

Pássaro, delícias de minha amiga --
com quem brincar e ter no colo, a quem
no ataque dar a ponta dos dedinhos
e acres dentadas incitar costuma
quando lhe apraz ao meu desejo ardente
um capricho, um gracejo preparar,
não sei qual, só um consolo à sua dor,
creio, para acalmar o ardor assim --
pudesse eu como ela brincar contigo
e a mente esquecer pensamentos tristes!
Para mim é tão bom quanto à menina
veloz se diz que foi a maçã de ouro
que o cinto atado há muito enfim soltou.

trad. João Angelo Oliva Neto

Como se pode ver, o poema lírico é menor em escopo, e com isso tem maior capacidade de se focar na subjetividade do eu-lírico. Tanto a poesia lírica quanto a poesia épica se tornaram extremamente influentes na história da literatura europeia. Além dessas formas de poesia, os gregos antigos produziam também teatro, que se dividia entre tragédias e comédias.

Dramático

O drama tem origem na Grécia Antiga e a etimologia da palavra nos leva ao sentido de ação. É, afinal, o gênero que engloba o teatro, cuja característica principal é a encenação. Nele, ocorre a representação de uma determinada realidade. O texto dramático traz algumas características marcantes, como a sua estruturação por meio do diálogo, realizado em discurso direto.

No texto teatral, não há um narrador a relatar fatos, o tempo é dado no diálogo e nas ações das personagens. Além disso, o texto conta ainda com as rubricas, notações do dramaturgo, normalmente em itálico, com direcionamentos para o ator ou para a composição da cena. Esse elemento deixa bem clara a noção de que no teatro a relação entre o palco e o espectador é constantemente pensada.

O gênero dramático expõe dois subgêneros principais em sua gênese: a tragédia e a comédia.

Literatura Medieval

Pensar a história da Literatura é pensar os principais momentos de transformação. Assim, por mais que o Império Romano tenha se ocupado, em algum grau, da preservação da cultura helenística, a Idade Média trouxe mudanças significativas no modo de viver e pensar. Consequentemente, a literatura mudou.

O pensamento teocêntrico deu origem ao trovadorismo. Além disso, as transformações europeias foram moldando a sociedade. Nessa época, então, conseguimos falar do surgimento da nação e da literatura portuguesa. É, nesse meio, que as cantigas do trovadorismo vão despontar. Elas, tal qual a poesia lírica grega, eram produzidas para serem recitadas em público com acompanhamento musical.

Aprofunde os seus estudos sobre a literatura medieval.

Idade Moderna

Já no fim da Idade Média, surge o Renascimento, um movimento que buscou reavivar as formas e modelos da Antiguidade Clássica.

É importante também notar que é nesse período que uma grande inovação surge: as primeiras narrativas em prosa. Até então, toda a escrita literária era produzida na forma de poesia, e a prosa estava reservada para tratados filosóficos e outros tipos de documentos mais pragmáticos. Arte era poesia. Mas autores renascentistas começam a quebrar com esse paradigma, como Boccaccio fez ao compor o Decamerão.

As mudanças que estavam acontecendo na sociedade europeia na passagem do Renascimento para a Era Moderna estavam influenciando também a literatura. O crescimento das cidades, o individualismo e a alienação gerados por esse novo contexto social passaram a ser temas centrais nos romances modernos. Esses temas refletem a complexidade e a fragmentação do mundo contemporâneo.

É o caso de obras como "Dom Quixote", que deixa de representar um herói idealizado e adaptado ao mundo em que vive para apresentar um sujeito em constante conflito com a sua realidade. Além disso, na Literatura Portuguesa, as transformações ligadas ao surgimento do teatro para entretenimento e épicos como "Os Lusíadas" inauguram uma nova forma de pensar e agir no mundo.

As tensões da literatura na Idade Moderna são comumente estudadas através das escolas literárias. No entanto, a literatura já não era mais como na antiguidade clássica ou na idade média, agora ela seria para sempre uma literatura escrita, cada vez mais voltada para a leitura individual.

Século XX

Após cerca de quatro séculos de alternâncias entre escolas literárias, o século XX emerge como um novo marco de transformação em relação à arte. Isso porque é no século XX que se configura uma ruptura formal no fazer artístico. Assim, as vanguardas, influenciadas pelos eventos do início do século, passam a compreender o mundo sob uma nova ótica. A fragmentação do sujeito é evidente e, assim, a literatura abandona formas preestabelecidas e centra-se na liberdade: o verso livre, por exemplo.

Não somente, as transformações tecnológicas também irão influenciar e muito a produção literária, com os novos meios de difusão e propagação da literatura. Exemplo disso é a internet nos dias atuais, que amplia as possibilidades de se fazer lido.

História da literatura brasileira

A literatura brasileira é, claro, relativamente nova considerando toda a história da humanidade. As populações indígenas que viviam no território hoje conhecido como Brasil já tinham sua cultura e suas histórias, mas foram os portugueses que introduziram a língua escrita. Em função da colonização, por boa parte da sua história, a literatura brasileira existiu como reflexo e reprodução de modelos europeus, especialmente franceses.

No entanto, a partir de movimentos que buscaram isso de forma explícita, como o Modernismo, a literatura brasileira foi capaz de buscar autonomia e identidade. Nesse sentido, a história da literatura brasileira pode ser vista como uma série de sucessões desde a chegada dos portugueses até as produções nos dias atuais.

Veja mais sobre a história da literatura no Brasil e no mundo em:

Referências Bibliográficas

Dalley, Stephanie, ed. (2000). Myths from Mesopotamia: Creation, the Flood, Gilgamesh, and Others. Oxford University Press. ISBN 978-0-19-953836-2.

Catulo (Catullus) "O livro de Catulo". [tradução comentada, organização, introdução e notas de João Angelo Oliva Neto]. Edição bilíngue. São Paulo: Edusp, 1996.

Carpeaux, Otto Maria. História da Literatura Ocidental. Campinas: Sétimo Selo, 2021.

Rodrigo Luis
Rodrigo Luis
Professor de Língua Portuguesa e Literatura formado pela Universidade de São Paulo (USP) e graduando na área de Pedagogia (FE-USP). Atua, desde 2017, dentro da sala de aula e na produção de materiais didáticos.