Sexta-feira 13: entenda aqui a origem desse mito

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

A Sexta-Feira 13 é considerada um dia de azar no Brasil, nos países anglo-saxões e em várias nações europeias.

O número 13 era considerado portador de má sorte em várias culturas ocidentais, assim como a sexta-feira. Por isso, quando os dois coincidiam, as pessoas acreditavam que as chances de algo sair errado se multiplicariam.

Esta crença popular tem origem nas lendas nórdicas, nos costumes do Império Romano e no cristianismo e o Toda Matéria vai mostrar para você como surgiu essa superstição.

O número 13 na mitologia nórdica

Mitologia Nórdica
Morte do deus Balder no banquete em que havia 13 pessoas à mesa

Um dos primeiros indícios que temos contra o número 13 está numa das histórias narradas na mitologia nórdica.

Certa vez, houve um banquete para 12 convidados no Valhala, a morada dos deuses. Loki, filho de Odin, apareceu de surpresa, indignado por não ter sido chamado à festa.

Como gostava de pregar peças, Loki instiga seu irmão cego Hoder a matar Balder, um deus muito querido por todos. Hoder atira uma flecha e mata Balder, o que causou uma profunda tristeza entre as divindades.

Desde então, muitas pessoas acreditam que traz azar ter treze pessoas sentadas à mesa.

Mais tarde, quando o cristianismo começou a fazer suas primeiras conversões, as deusas nórdicas foram transformadas em bruxas.

Suas práticas foram consideradas obras do mal e os padres começaram a dizer que a deusa Frida, esposa de Odin, se reunia na floresta com mais onze companheiras e o próprio demônio a fim de lançar maldições sobre a humanidade.

Desta forma, se reforçava a má fama do número 13 dentro da cultura escandinava.

Sexta-feira e número 13 na Roma Antiga

Roma antiga

Os romanos consideravam o 12 como um número perfeito. Afinal, 12 eram os signos do zodíaco, os deuses do Olimpo e as constelações. Por outro lado, o treze quebrava esta harmonia.

A sexta-feira também não era bem vista, pois era o dia quando eram realizadas as execuções dos condenados à morte. Não por acaso, Jesus Cristo foi crucificado numa sexta-feira.

Por isso, os romanos evitavam fechar negócios e se casar na sexta-feira.

Sexta-feira e número 13 no Cristianismo

Jesus e os 12 apóstolos
A morte de Jesus após a Santa Ceia reforçou a superstição que traz má sorte ter 13 convidados à mesa

Com o advento do cristianismo, a sexta-feira passou a ser considerado um dia aziago, pois Jesus Cristo havia sido morto neste dia da semana.

Desta maneira, a Igreja Católica recomenda os fiéis a refletirem sobre a Paixão de Cristo, seu sofrimento e sua morte na sexta-feira.

Também o mito dos 13 convidados à mesa foi reforçado com o fato de que na Última Ceia estarem presentes treze pessoas: Jesus e seus doze apóstolos.

Capítulo 13 do livro do Apocalipse

Igualmente, no Livro do Apocalipse, no capítulo 13, o autor descreve a besta que será responsável pelo fim dos tempos. Mais um motivo para que os supersticiosos vissem nesta dezena uma fonte de males inesgotáveis.

Cumpre dizer que essas interpretações são feitas por pessoas que não tinham estudos e que a Igreja nunca aprovou estas associações. Afinal, os cristãos acreditam na providência divina e não na sorte ou azar.

Dia 13 na Idade Média

Na Idade Média, houve um dia 13 particularmente funesto. Em 13 de outubro de 1307, o rei da França, Felipe IV (1268-1314), o Belo, mandou prender os Cavaleiros Templários, e seu Grande-Mestre, Jacques de Molay (1240-1314).

No final do processo, os membros da Ordem do Templo morreram queimados na fogueira.

As crenças populares fazem parte do folclore, por isso, não pare por aqui. Temos mais artigos interessantes para você:

Curiosidades

  • Na Espanha, na Grécia e na América Latina - exceto o Brasil - o dia de azar é a terça-feira e não a sexta-feira. Isso tem a ver com o fato de Constantinopla, capital do Império Bizantino, ter sido capturada no dia 29 de maio de 1453, numa terça-feira. O dia 13, porém, é mantido como agourento.
  • É na sexta-feira que ocorrem várias mutações descritas nas lendas brasileiras, como a do Lobisomem e a da Alamoa.

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Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.