Zika

Lana Magalhães
Lana Magalhães
Professora de Biologia

A zika, febre zika ou doença do zika vírus é uma doença causada por um vírus da mesma família da dengue.

É transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que é também responsável pela transmissão da dengue e da chikungunya no Brasil.

O vírus foi identificado pela primeira vez no Brasil no ano de 2015. Em 2018, foram registrados 5.941 casos prováveis do zika no Brasil, sendo 41% desses confirmados.

Além disso, o Ministério da Saúde alertou para o risco de surtos da zika e chikungunya no ano de 2019.

Modos de Transmissão da Zika

Transmissão da zika
Formas de transmissão da zika

O principal meio de transmissão é pela picada de mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue e da chikungunya. Esse mosquito vive no Brasil desde finais do século XIX e está muito bem adaptado, o que facilita a sua proliferação.

Há alguns casos comprovados de transmissão por via sexual. Isso ocorre porque o vírus pode permanecer no sêmen e nos fluidos vaginais das pessoas contaminadas, mesmo sem a presença de sintomas. Porém, ainda não se sabe por quanto tempo ele pode ser transmitido dessa forma.

Também já houve relatos na literatura científica de transmissão do vírus em outras secreções como sangue, urina e saliva. Desse modo, o vírus poderia ser transmitido por transfusões de sangue ou através de objetos contaminados como talheres e copos usados por alguém que esteja com o vírus ativo no corpo.

Sintomas da Zika

Sintomas da zika
Sintomas da zika

Após ser infectada pelo vírus, o período de incubação é curto. Entre dois dias a uma semana após ser picada pelo mosquito, a pessoa pode manifestar os primeiros sinais como febre e manchas vermelhas no corpo.

Os sintomas da zika são semelhantes aos de outras doenças como a dengue, embora mais leves. Porém, na maioria dos casos não surgem sintomas, mas quando presentes os principais são:

  • Febre moderada;
  • Dor de cabeça constante;
  • Prurido (coceira) intenso no corpo;
  • Manchas vermelhas no corpo, especialmente nos braços, pernas e abdome;
  • Conjuntivite (inflamação das conjuntivas que causa vermelhidão e sensibilidade nos olhos);
  • Dores no corpo e articulações, especialmente das mãos e pés;
  • Cansaço e mal estar.

A relação entre a Zika e a Microcefalia

Na maioria das pessoas a doença tem sintomas leves e não possui complicações graves, mas há exceções para alguns casos de doentes que manifestaram a Síndrome de Guillain-Barré, uma doença autoimune que provoca paralisia cerebral.

O maior risco de complicações existe para mulheres grávidas, principalmente no primeiro trimestre. Descobriu-se a relação do vírus com a microcefalia em recém-nascidos, o que seria um problema congênito, ou seja, se a mãe for infectada pelo vírus ele passa pela placenta para o bebê.

É um fato inédito no mundo e por isso mesmo ainda carece de mais investigação. Até onde avançaram os estudos, o vírus parece ter grande poder destrutivo no sistema nervoso, sendo por isso tão perigoso para os bebês que estão com o cérebro em formação.

Zika
Mulheres grávidas podem transmitir a doença para os bebês ainda no útero

O que é microcefalia?

A microcefalia é caracterizada pela redução no tamanho da cabeça (ossos cranianos fecham precocemente, impedindo o desenvolvimento normal do cérebro) e afeta o desenvolvimento motor e cognitivo, geralmente provocando retardo mental.

As causas da microcefalia podem ser genéticas, ou provocadas por vários fatores, entre eles infecções durante a gestação que afetem a formação do sistema nervoso central.

Inúmeros casos foram confirmados e outros permanecem em investigação em diversos municípios brasileiros. A maior prevalência dos casos está nos estados da região Nordeste (com mais casos em Pernambuco) e no Sudeste.

Os recém-nascidos com microcefalia confirmada tiveram o genoma do zika vírus detectado em seu sangue, confirmando a relação.

Como se prevenir da Zika?

O melhor modo de prevenir a doença é evitar a picada pelo mosquito transmissor. Para isso, as pessoas em locais onde há maior incidência do mosquito devem tomar os seguintes cuidados:

  • Evitar a proliferação do mosquito acabando com todos os focos de transmissão (locais com água limpa e alimento disponível, necessário para ele se reproduzir);
  • Manter janelas e portas fechadas ou protegidas com telas anti-mosquito;
  • Usar repelentes com as sustâncias DEET e icaridina que são comprovadamente eficientes contra o mosquito e não prejudiciais para grávidas em concentrações adequadas;
  • Usar roupas claras para proteger o corpo das picadas (calça e camisa de manga comprida);
  • Dormir sobre mosquiteiros para evitar as picadas;
  • Uso de preservativos para evitar a transmissão por via sexual;
  • Não compartilhar objetos como talheres e copos.

Diagnóstico e tratamento da Zika

Assim que a pessoa manifestar qualquer sintoma, deve procurar imediatamente o médico para fazer o diagnóstico.

Geralmente, o diagnóstico é feito apenas através da observação dos sintomas, pois sendo uma doença recente e ainda pouco conhecida, não há exames específicos disponíveis no sistema de saúde para detectar a presença do vírus no corpo.

Os resultados dos testes sorológicos podem se confundir com as outras doenças como a dengue. O método de diagnóstico mais eficiente é através de PCR, realizado somente em casos especiais em centros de referência e investigação em algumas cidades brasileiras.

Não há um antiviral específico para o tratamento da doença, é indicado apenas repouso e ingestão de líquidos.

Nos casos de dor e febre, recomenda-se analgésicos e antitérmicos comuns, mas deve-se evitar os medicamentos que contenham ácido salicílico, pois podem causar complicações como hemorragias.

Histórico de disseminação da Zika

Propagação da zika
Propagação da zika no mundo

O zika vírus foi identificado pela primeira vez na Uganda, país africano, no ano de 1947. Ele foi detectado em macacos Rhesus na Floresta Zika e por isso recebeu esse nome.

Inicialmente, foi considerado endêmico da África, sendo detectado em testes sorológicos nos seres humanos a partir de 1951. No entanto, por volta dos anos 1960 o vírus também foi detectado em pessoas de países asiáticos e da Oceania.

E mais tarde, ocorreram casos esporádicos em países como Canadá, Alemanha, Itália, Japão, Estados Unidos, Austrália, provavelmente levado por viajantes contaminados. A Ilha de Páscoa, no Chile, foi o primeiro registro nas Américas.

Acredita-se que o vírus zika chegou ao Brasil trazido por turistas em 2014 durante os jogos da Copa do Mundo. Outros estudos sugerem que vírus foi introduzido no país vindo do Haiti no fim de 2013. O primeiro caso foi confirmado no estado do Rio Grande do Norte, em 2015.

Vídeo sobre a Zika

Conheça mais sobre a Zika assistindo ao vídeo abaixo:

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Lana Magalhães
Lana Magalhães
Licenciada em Ciências Biológicas (2010) e Mestre em Biotecnologia e Recursos Naturais pela Universidade do Estado do Amazonas/UEA (2015). Doutoranda em Biodiversidade e Biotecnologia pela UEA.