África do Sul: como é a vida no país, sua história e localização (com mapa)

Vinícius Marques
Vinícius Marques
Professor de Geografia

A África do Sul é um país localizado no extremo sul da África, entre os Oceanos Atlântico e Índico. Os principais idiomas são o inglês, língua oficial dos negócios, e o africâner, idioma local. Possui três capitais: Cidade do Cabo, capital legislativa; Pretória, capital administrativa e Bloemfontein, capital judiciária.

Coberto por planaltos, cordilheiras, desertos e savanas, ele apresenta um clima temperado e subtropical. Nele, vivem aproximadamente 60 milhões de pessoas, onde 79,2% são negros africanos.

Mapa da África do Sul

História da África do Sul (em resumo)

A África do Sul possui uma história muito antiga, pois sítios arqueológicos apontam para a existência de hominídeos cerca de 3 milhões de anos naquele território.

Ele era habitado por povos como os Khoisan, Xhosa e Zulu, até que, no século I, a região foi conquistada pelos bantus, os quais constituíram verdadeiras cidades durante o século V. Eles cultivavam diversos tipos de cereais e dominavam técnicas refinadas de metalurgia do ferro e tecelagem.

Em 1488, Bartolomeu Dias foi primeiro europeu a visitar a Ilha Robben. Este foi território de disputa entre portugueses, ingleses e holandeses, os quais saíram na frente quando fundaram a Cidade do Cabo no dia 6 de abril de 1652,

Posteriormente, durante os séculos XVII e XVIII, levas de calvinistas afluíram de diversas partes da Europa para colonizar a África do Sul.

Por conta da guerra dos Cafres, (1779-1981), era comum a importação de escravos da Indonésia, de Madagáscar e da Índia, cujo povo passou a fazer parte da composição étnica daquele país.

Em 1795, no contexto das Guerras Napoleônicas, os ingleses invadem e conquistam a Cidade do Cabo. A abolição da escravatura veio algum tempo depois, em 1835.

Com a descoberta de diamantes (1867) e ouro (1886) na região, diversos conflitos pelo controle da mineração tiveram início.

O mais notável deles foi a Guerras dos Bôers, onde os colonizadores derrotaram os invasores britânicos no primeiro confronto (1880-1881).

Contudo, entre 1899 e 1902, os ingleses retornam com tropas muito superiores, forçando os bôers a assinarem o Tratado de Vereeniging no dia 31 de maio de 1902, consolidando a dominação britânica sobre a região.

Por fim, vale destacar a criação da União Sul-Africana em 1910, quando foram unidos o Transvaal, a Colônia do Cabo, a Colônia de Natal e a Colônia do Rio Orange.

África do Sul e o Apartheid

Outra parte da história mais recente da África do Sul está marcada pelo “apartheid”, termo africâner para expressar a segregação causada pela dominação branca sobre a população negra naquele país.

Assim, quando foi estabelecida a União Sul-Africana em 1910, ja estava prevista na Constituição da União a proibição do voto aos africanos não brancos que residissem fora da região do Cabo.

No ano seguinte (1911), foi promulgada a Lei de Regulamentação do Trabalho Indígena, perante a qual somente se configurava o crime de quebra de contrato de trabalho quando os trabalhadores eram africanos.

A Lei da Terra de 1913 delimitou a posse de terras entre negros e brancos, onde os primeiros ficavam com 7,5% dos territórios e os outros com 92,5%.

Em 1917, o Primeiro Ministro Jan Smuts já empregava abertamente a palavra “apartheid” em seus discursos.

Este regime é admitido de fato em 1944, contudo, na medida em que era visto como uma forma de combater o comunismo, foi aceito pelas potências mundiais durante toda Guerra Fria.

Por sua vez, em 1960, a África do Sul é vetada na ONU e passa a sofrer sanções econômicas.

Posteriormente, no ano de 1972, ela foi impedida de participar dos Jogos Olímpicos de Munique, mediante um boicote de outros países africanos.

Um dos últimos esforços pelo apartheid foi a Lei da Proibição dos Casamentos Mistos de 1991. Entretanto, neste mesmo ano, o presidente Frederik de Klerk ja negociava a transição do regime racista.

Ela foi consolidada após a vitória democrática de Nelson Mandela em 1994, que se tornou o primeiro governante negro do país após 27 anos na prisão.

Economia da África do Sul

A África do Sul passou a se destacar economicamente após o fim dos embargos econômicos impostos pela ONU àquele país.

Ela desenvolveu uma boa estrutura financeira, jurídica, energética, de transportes e telecomunicações.

A moeda que circula no país é o Rand Sul-Africano e sua economia está situada no 39º lugar no ranking de PIB do mundo, com um valor estimado de US$ 411 bilhões.

Em seu setor primário, destaca-se a Mineração, visto que este país é um dos maiores produtores mundiais de ouro e diamantes. Merece destaque também a extração de platina, carvão, antimônio, minérios de ferro, manganês e urânio.

Sua agricultura é favorecida pelo clima temperado e por extensas terras férteis, onde se cultivam, sobretudo, cereais como o milho.

A África do Sul tem uma matriz energética diversificada, baseada em carvão mineral (75.4%), óleo (20.1%), nuclear (2.8%) e gás natural (1.6%).

No Setor terciário, merece destaque o seguimento do turismo, com seus safáris pela savana africana, os quais passaram a ser uma atração viável a partir de 1994, quando teve fim as sanções econômicas.

Cultura na África do Sul

Devido a imensa diversidade étnica que constituiu a cultura da África do Sul durante os vários séculos de sua história, este país possui uma vasta gama cultural e religiosa.

Vale salientar que os indianos, trazidos como escravos, preservaram sua herança cultural e os mulatos, denominados “malaios do Cabo”, são muçulmanos. O restante da população (a maior parte) esta distribuída entre cristãos e religiões tradicionais africanas.

A música local é cantada em afrikaans ou inglês e abrange todos os gêneros da música ocidental.

Existem também aquelas músicas cantadas em línguas africanas tradicionais. Um exemplo disso é o “gore rock'n roll” de Brenda Fassie.

Por fim, vale citar que a África do Sul já foi agraciada com 5 Prêmios Nobel: Desmond Tutu, em 1984; Nelson Mandela e Frederik de Klerk, em 1993; Nadine Gordimer, em 1991; e John Maxwell Coetzee, no ano de 2003.

Leia mais sobre o assunto em:

Referências Bibliográficas

LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Conecte: Território e sociedade no mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2014.

Vinícius Marques
Vinícius Marques
Formado pela UNESP - Rio Claro (2016), é professor de Geografia e Ciências Humanas. Atua na educação básica (Ensino Fundamental II e Médio) e cursos pré-vestibular desde 2012, tendo experiência em projetos sociais, escolas públicas e privadas.