Descolonização da África

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

A descolonização da África ocorreu durante no século XX quando as populações dos territórios africanos ocupados conseguiram expulsar o invasor europeu e assim, conquistar a independência.

O primeiro país africano a ser independente foi a Libéria, em 1847; e o último, a Eritreia, em 1993.

Contexto Histórico

Os processos de independência na África se iniciaram no início do século XX, com a independência do Egito. No entanto, somente após Segunda Guerra Mundial, com as potências europeias enfraquecidas, os países africanos alcançaram a independência.

As populações dos países africanos foram convocadas para participar do esforço de guerra e muitos lutaram no conflito. Ao terminar, imaginaram que teriam mais autonomia, porém não foi isso que aconteceu. O colonialismo continuou como antes da guerra.

Causas

Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, a ONU passa a pressionar as potências imperialistas para que ponham fim à colonização.

Descolonização Africana
Monumento ao "Renascimento Africano" erguido em Dacar, Senegal.

Igualmente, o mundo vivia a Guerra Fria, a disputa pela hegemonia mundial entre Estados Unidos (capitalismo) e URSS (socialismo).

Ambos os países apoiavam o lado rebelde que mais se aproximava às suas ideias a fim de cooptá-los para sua esfera de influência.

Do mesmo modo, as ideias pan-africanistas conquistavam o continente africano com seu pensamento pela unidade africana.

Pan-Africanismo

Descolonização Africana
As cores da bandeira Pan-Africana representam o sangue, o povo negro e a natureza africana

No período entre guerras, começou a se gestar a ideia que os africanos tinham mais semelhanças entre si do que diferenças.

Praticamente todo o continente havia sofrido com a colonização europeia e o tráfico de escravos. Desta forma, foi criado o pan-africanismo que pensava uma identidade comum aos africanos a fim de uni-los contra o invasor europeu.

Um dos líderes mais proeminentes do pan-africanismo foi o americano W.E.B Du Bois (1868-1963), que se destacou escrevendo sobre as questões raciais do seu tempo e apoiando os movimentos de independência do continente africano.

Du Bois foi um ativo participante e organizador do Congresso Pan-Africanos que se realizava periodicamente para discutir temáticas relevantes ao povo negro.

Resumo

Os processos de independência no continente africano ocorreram em momentos diferentes. Por exemplo, as nações do norte da África Ocidental e Oriental estavam livres a partir da década de 1950.

Já os pertencentes à África Subsaariana, em 1960, os integrantes da África Austral e região do Oceano Índico entre 1970 e 1980.

O Egito consegue sua independência em 1922, mas será na década de 50 que vários estados conseguem sua autonomia como a Líbia (1951), Marrocos e Tunísia (1956) e Gana (1957).

Entre 1957 e 1962, 29 países passaram à condição de novos estados independentes e contribuíram para acelerar o processo de descolonização africana.

Cada país imperialista desocupou a África de maneira distinta. Vejamos:

  • O Reino Unido aceita se retirar de certos territórios e transferir o poder para líderes escolhidos pela metrópole. Para mantê-los como aliados, cria-se a Commonwealth.
  • A França muda o status de suas colônias para Províncias Ultramarinas e, mais tarde cria a Comunidade Francesa onde vai reunir suas antigas possessões mantendo o francês como idioma oficial e uma moeda em comum. A exceção será a sangrenta Guerra da Argélia.
  • A Espanha transforma a Guiné-Equatorial em província ultramarina, em 1960 e Ceuta e Melila, em cidades. Em 1968, a Guiné-Equatorial é declarada independente.
  • A Bélgica se envolverá na Guerra do Congo.
  • Portugal não aceita se desfazer de suas colônias e só mudará o status desses territórios em 1959. Mesmo assim, as décadas de 60 e 70 são marcadas por conflitos armados apenas solucionados com a Revolução dos Cravos, em 1974.

Depois da Independência

Descolonização da África
Para muitos países, não houve mudanças significativas e a população continuou oprimida pela elite. Charge do jornal alemão "Nova Gente", janeiro de 1960.

O custo da luta para a independência foi elevado, em consequência de guerras coloniais que ocasionaram na vida de milhões de pessoas e minaram a capacidade produtiva dos países.

Após o fim da descolonização da África, a maioria dos novos países entra em guerra civil. Isso porque haviam povos que eram historicamente inimigos e agora viviam dentro da mesma fronteira.

Também as diferentes ideologias - capitalismo e socialismo - fizeram enfrentar vários grupos pelo poder.

Além disso, os antigos colonizadores tentam manter as novas nações como aliadas. Para isso, se tornam sócios e compradores das matérias-primas desses países.

Embora o continente tenha mostrado um crescimento nas últimas décadas, os países africanos ainda sofrem as consequências da colonização e dos maus governos.

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Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.