Guerra Civil

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

Guerra Civil é o conflito entre os membros de uma comunidade política, seja um Império, tribo, califado ou república.

Também é definida como a guerra de um Estado contra um grupo de opositores (ou vice-versa) dentro do mesmo território.

Ao contrário da guerra entre nações, a guerra civil é uma luta de facções no interior de um mesmo grupo e não contra uma ameaça exterior.

Significado de Guerra Civil

As guerras civis existiram em todos os momentos da História da Humanidade. Basta lembrar que uma das causas do fim do Império Romano foram as lutas entre as diferentes partes do império.

Resistência Italiana
A partir de 1943, o povo italiano, mulheres incluídas, pega em armas para expulsar os fascistas
e os soldados alemães

A guerra civil acontece, normalmente, quando o poder central está fragilizado, deixando espaço para grupos armados ocuparem seu lugar.

Assim, ocorrem lutas fratricidas, onde o inimigo pertence à mesma comunidade. No entanto, os grupos envolvidos numa guerra civil podem receber ou não ajuda exterior.

Motivos que provocam uma Guerra Civil

As razões para que uma comunidade entre em conflito bélico são variadas. Desde motivos religiosos, como foi o caso das guerras no século XVI, até pretextos territoriais e econômicos.

No século XX, se registram vários conflitos civis contra a implantação de certos regimes políticos. Países como a Espanha, Rússia, Vietnã e Coreia entram em guerra civil por causa das opções políticas.

Exemplos de Guerra Civil

A História está cheia de exemplos de guerras civis. Escolhemos dois exemplos que ilustram bem um conflito dentro de um mesmo país.

1. Guerra Civil Americana ou Guerra da Secessão

A Guerra Civil Americana aconteceu nos Estados Unidos de 1861-1865. Nela, entraram em choque duas regiões geográficas, o norte e o sul. Estas regiões simbolizavam modos de vida e ideias políticas distintas.

Assim, quando os estados do sul decidiram continuar com a escravidão, em oposição ao norte, a ruptura está feita.

Desta maneira, os sulistas optam pela secessão, ou seja, pela separação entre aquelas que um dia foram as Treze Colônias. Criam os Estados Confederados da América, mas nenhuma nação reconhece o novo país.

O resultado foi um sangrento conflito entre dois grupos que partilhavam uma língua em comum e um histórico de colonização semelhante. Ambos possuíam exércitos profissionais, mas a população civil foi recrutada e atingida.

2. Guerra Civil Espanhola

Milícias Populares
Durante a Guerra Civil espanhola, os civis se organizaram em milícias e ajudaram o exército a combater

A Guerra Civil Espanhola (1936-1939) foi uma das conflagrações armadas mais importantes do século XX. Foi considerada um ensaio da Segunda Guerra Mundial, pois nela se enfrentaram no campo de batalha, fascistas, liberais e comunistas.

A luta dividiu a Espanha entre os que defendiam o governo republicano instalado em 1931 e aqueles que desejavam derrubá-la, os nacionalistas.

A contenda durou três anos e os nacionalistas, liderados por Franco e apoiados por Alemanha e Itália, saíram vitoriosos. Milhares de espanhóis morreram e dezenas de republicanos tiveram que se exilar.

Guerra Civil e Genocídio

Outra manifestação grave das guerras civis é o extermínio de uma população em particular. A partir da Segunda Guerra Mundial, após o Holocausto, tal situação foi chamada de genocídio.

O genocídio é apresentado por aqueles que o cometem como uma defesa. O Estado que ataca um determinado grupo religioso ou étnico, alega que sua integridade estaria sendo ameaçada e assim comete verdadeiras atrocidades.

No século XX, várias guerras civis utilizaram o genocídio como tática de batalha contra a população. Um dos exemplos é a Guerra de Ruanda (1994), quando a população tutis foi massacrada pelos hutus.

Igualmente, durante a Guerra Civil Iugoslava, croatas e sérvios, bósnios e muçulmanos, mataram-se entre si e utilizaram a violação para promover a limpeza étnica. Desta maneira, várias mulheres bósnias foram estupradas por soldados sérvios, para que engravidassem e gerassem filhos sérvios.

No Iraque, Saddam Hussein não hesitou em atacar os curdos, alegando que estes haviam se aliado a um inimigo externo e que ameaçava o Iraque.

A Convenção de Genebra e a Guerra Civil

Convenção de Genebra
Assinatura do primeiro tratado da Convenção de Genebra, em 22 de agosto de 1864.
Autor: Armand Dumaresq

Ao contrário do que possa parecer, numa guerra existe uma série de regras que são acordadas pelos adversários.

A fim de reforçar essas leis, o suíço Henri Dunant (1828-1910) convocou as potências do século XIX, para se reunirem na cidade de Genebra, Suíça, com o propósito de discutir os limites da guerra.

Sua prioridade era proteger a população civil e os prisioneiros. Assim, surge a Convenção de Genebra, a partir da qual são elaborados vários tratados internacionais entre 1864 e 1949.

A Convenção de Genebra estabelece regras como:

  • A população civil e seus meios de subsistência não podem ser atacados;
  • a Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho estão proibidos ser alvos de agressão;
  • os médicos e enfermeiros não podem ser impedidos de realizar seu trabalho;
  • os prisioneiros de guerra devem ser tratados com dignidade, receber alimentação e água;
  • armas químicas e minas terrestres são proibidas.

Esses tratados são constantemente revisados para estarem em sintonia com as novas tecnologias e formas de combate.

Curiosidades

  • A Guerra na Síria, conflito que segue acontecendo em 2018, é considerada um exemplo de guerra civil em curso.
  • Apesar de silenciadas em nossa História, o Brasil teve diversos exemplos de guerra civil, como os conflitos no Período Regencial e até no século XX com a Revolução de 1932.

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Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.