Projeto Manhattan

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

O Projeto Manhattan foi uma pesquisa realizada durante a Segunda Guerra Mundial a fim de construir armas nucleares de 1942 a 1946.

Além dos Estados Unidos, Canadá e Inglaterra colaboraram com cientistas e abrigando fábricas necessárias para a construção de materiais.

É considerado o projeto científico mais caro da história.

Criação do Projeto Manhattan

O Projeto Manhattan foi criado quando começou o conflito europeu em 1939. Neste mesmo ano, o presidente Roosevelt foi alertado, através de uma carta escrita pelo cientista húngaro Leo Szilard e assinada por Albert Einstein, sobre as pesquisas que os nazistas estariam fazendo para desenvolver uma arma atômica.

Desta maneira, aconselhavam o presidente que os americanos deveriam tomar à dianteira e produzir armas atômicas antes que os nazistas.

Inicialmente, o projeto contava com um pequeno orçamento e um punhado de cientistas. Porém, após o ataque japonês a Pearl Harbour, em 1941, os Estados Unidos entram na guerra ao lado dos Aliados e buscam desenvolver armas cada vez mais poderosas. Desta maneira, o Projeto Manhattan passa a ser prioritário e recebe apoio massivo do governo.

Leia mais sobre Pearl Harbour.

Sedes do Projeto Manhattan

Em dois anos, o Projeto Manhattan rivalizaria em importância com a indústria automobilística em tamanho e pessoal empregado. Para se fazer uma ideia da dimensão, suas fábricas consumiam a décima parte da energia dos EUA.

A fim de manter o projeto em segredo foram construídos fábricas e laboratórios em 14 diferentes pontos da geografia americana e canadense.

Uma das sedes escolhidas foi Los Álamos, no norte estado do Novo México, para estar longe de possíveis ataques navais e só acessível por estrada. Em 1944, moravam seis mil pessoas em Los Álamos entre físicos, metalúrgicos, químicos.

Outra sede do Projeto estava em Oak Ridge, em Tennessee, que se tornou, em dois anos, a 5º cidade do estado. Chegariam a viver ali 55 mil pessoas entre cientistas, secretárias, soldados e trabalhadores em geral.

Em Chicago, o Laboratório de Metalurgia da Universidade de Chicago reuniu 2.003 cientistas que se dedicavam exclusivamente para o Projeto Manhattan.

Os trabalhadores envolvidos se comprometiam em não revelar nada do que estava acontecendo ali. Igualmente, tinham suas cartas censuradas, telefones grampeados e estavam proibidos de receber visitas externas.

Projeto Manhattan

Aspecto de Los Álamos na época do Projeto Manhattan

História do Projeto Manhattan

O Projeto Manhattan foi dirigido pelo físico americano Julius Robert Oppenheimer e pelo general Leslie Groves.

Oppenheimer era um importante estudioso e dava aulas em várias universidades americanas. Não parecia a pessoa mais indicada para coordenar o projeto, pois era introvertido e somente se interessava pelos estudos. No entanto, foi responsável por 150 mil pessoas que estavam envolvidas direta ou indiretamente com o Projeto.

Vários problemas científicos foram superados durante a pesquisa: a separação de átomos de urânio, criar a maneira de obtê-los em quantidade suficiente, como seria o funcionamento do reator, qual seria o design da bomba, etc.

Tudo isso deveria ser solucionado rapidamente, a fim de que que os nazistas não obtivessem armas nucleares antes dos americanos.

Saiba mais sobre a Bomba Atômica.

No dia 16 de julho de 1945, no deserto do Novo México, a primeira arma nucelar foi testada com êxito e os cientistas puderam continuar o seu trabalho.

No entanto, o cenário da guerra havia mudado, pois os alemães tinham assinado a rendição em 8 de maio de 1945 e a paz regressava ao continente europeu. Somente no Pacífico a guerra continuava e os japoneses se recusavam a depor armas. Assim foi contra esse povo que o presidente americano Truman resolveu lançar as bombas atômicas.

A justificativa do presidente e do seu Estado-Maior era simples: uma invasão por terra no Japão custaria, no mínimo, um milhão de baixas americanas e incontáveis perdas materiais. Por conseguinte, seria mais fácil forçar a rendição japonesa usando a primeira arma nuclear construída no mundo.

Além disso, os Estados Unidos mandariam um claro recado aos outros países sobre o poderio militar americano.

Leia sobre as Consequências da Segunda Guerra Mundial.

Projeto Manhattan Oppenheimer e Groves

O cientista Oppenheimer analisa junto ao General Groves o primeiro teste da arma atômica em julho de 45.

Cientistas do Projeto Manhattan

O Projeto Manhattan contou com a colaboração de físicos, químicos, engenheiros e matemáticos. Abaixo uma pequena lista daqueles que participaram dessa pesquisa:

Enrico Fermi – italiano naturalizado americano. Foi o criador do primeiro reator nuclear e ganhou o prêmio Nobel de Física em 1938.

James Chadwick – físico inglês que descobriu o nêutron em 1932 e fez parte da equipe de cientistas britânicos que colaboravam com o Projeto Manhattan. Foi agraciado com o Nobel de Física em 1935.

Felix Bloch – judeu suíço emigrado aos Estados Unidos. Criou o método das ondas de Bloch para descrever a trajetória de um elétron. Recebeu o prêmio Nobel em 1952.

Frank Oppenheimer - americano, irmão de Julius Robert Oppenheimer. Conduziu pesquisas sobre o enriquecimento do urânio e aspectos da física nuclear durante o Projeto Manhattan.

Edward Teller – húngaro naturalizado americano. Desenhou a bomba de hidrogênio e esteve envolvido no Projeto Manhattan desde o princípio.

Robert Serber - físico americano e amigo de Oppenheimer na Universidade de Berkley. Foi o responsável por explicar aos cientistas os objetivos e propostas do projeto em uma série de conferências. Vistou Hiroshima e Nagasaki após a explosão das bombas para estudar o efeito da radiação sobre o terreno.

Philip Morrison – físico americano que desenvolveu lentes explosivas e ajudou a criar os reatores nucleares usados na sede de Los Álamos.

Eugene Wigner – húngaro naturalizado americano. Esteve presente na reunião de cientistas que escreveu a carta ao Presidente Roosevelt. Durante o Projeto Manhattan, elaborou reatores nucleares para converter urânio em plutônio. Recebeu o prêmio Nobel em 1963.

Edward Condon – físico americano, pioneiro no estudo da mecânica quântica.

Hans Bethe – físico de nacionalidade americana e alemã. Era o responsável pelos cálculos de massa crítica necessária para desencadear a fissão nuclear. Ganhou o prêmio Nobel de Física em 1967.

Stanislaw Ulam - matemático polonês naturalizado americano. Trabalhou nos cálculos hidrodinâmicos das lentes explosivas necessárias para a implosão da bomba.

Robert Bacher - físico americano. Trabalhou ao lado de Oppenheimer em Los Álamos e liderou a divisão de Física e, mais tarde, a Divisão de Gadgets.

Fim do Projeto Manhattan

O Projeto Manhattan funcionou até 1946 quando foi oficialmente desativado e transformado na Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos pelo presidente Truman.

Em seguida, duas bombas que haviam sido fabricadas foram explodidas no Atol de Bikini em 1º e 25 de julho de 1946.

Vários cientistas que participaram do projeto voltaram a dar aulas em universidades americanas. Alguns receberiam prêmios por suas pesquisas e outros se tornariam ferrenhos defensores do uso pacífico da energia atômica.

Atualmente cinco países possuem armas atômicas: Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Rússia reconhecidos pelor Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

Por outro lado, Índia, Coreia do Norte e Paquistão, possuem ditas armas, mas não são signatários deste tratado o que impede que sejam fiscalizados e sancionados.

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.