Os maiores filósofos da história

Pedro Menezes
Pedro Menezes
Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação

Preparamos uma lista com alguns dos filósofos mais importantes da história. Esses pensadores foram autores de obras que influenciaram o pensamento e toda a cultura ocidental.

1.Tales de Mileto

Tales (c. 624-546 a.C.) nasceu na cidade de Mileto, na Grécia antiga. Tales é considerado o primeiro filósofo. Sua obra tem como objetivo buscar explicações racionais para o universo, dando início à filosofia.

Se dedicou também à matemática, criando o teorema que leva seu nome (Teorema de Tales), no qual demonstra relações de proporcionalidade de um feixe de retas paralelas cortadas por transversais.

Na filosofia, a busca pela essência do universo (physis), fez com que ele definisse a água como elemento primordial que constitui tudo aquilo que existe na natureza.

Saiba mais em Tales de Mileto.

2. Heráclito

Heráclito de Éfeso (540-470 a.C.), o Obscuro, foi um filósofo grego que desenvolveu sua filosofia tomando como base o tempo.

De acordo com Heráclito, todas as coisas estão situadas no tempo e, desse modo, tudo está em movimento, tudo está em constante modificação. O que é novo, envelhece; o que está vivo, morre; a semente vira árvore; o bebê vira um idoso.

Assim, o mundo só pode ser compreendido a partir dessa condição chamada de devir. O devir é a condição de tudo o que existe, de tudo que há na natureza e está em constante transformação.

Assim, diferente de Tales, o filósofo escolheu o fogo como elemento primordial por ser um elemento que transforma tudo aquilo que toca e, para ele, todas as coisas se modificam porque possuem o fogo em sua composição.

Principal obra de Heráclito:Sobre a Natureza.

Leia mais em: Heráclito.

3. Parmênides

Parmênides de Eleia (530-460 a.C.) desenvolveu seu pensamento em oposição ao pensamento de Heráclito. Para ele, o movimento é uma ilusão causada pelos sentidos. Na verdade, nada muda, tudo permanece.

Em outras palavras, a essência das coisas é permanente, não sofre ação do tempo. Parmênides afirma que se as coisas não possuíssem uma permanência e mudassem o tempo todo, nada poderia ser conhecido e o conhecimento seria impossível.

Para Parmênides, tudo o que pode ser pensado existe, já que não se pode pensar no não-ser. Não é possível pensar naquilo que não existe. Assim, a mudança seria falsa, baseada na ideia do que é (ser) se modificando para aquilo que não é (não-ser).

A principal obra de Parmênides é Fragmentos, uma coletânea de partes recuperadas de seus escritos.

Saiba mais em: Parmênides.

4. Sócrates

Sócrates (469-399 a.C.), apesar de não ser o primeiro filósofo, é conhecido como o “pai da filosofia”.

Foi responsável por uma mudança no modo de fazer filosofia. Dedicou-se a pensar sobre as relações humanas e a refletir sobre as condições do próprio pensamento.

Essa transformação rompeu com a jovem tradição da filosofia que era dedicada à compreensão da natureza e do universo.

Com isso, Sócrates inaugurou o período antropológico da filosofia - o conhecimento sobre o ser humano, fazendo a transição do período anterior chamado de cosmológico - conhecimento sobre o cosmos (universo).

Para Sócrates, o conhecimento das pessoas, mesmo os sábios, era parcial, já que era baseado na opinião e e na autoridade daqueles que se diziam sábios, e não no pensamento racional.

Por sua atitude crítica em relação ao conhecimento, por questionar e enfurecer os poderosos de Atenas, Sócrates foi condenado à morte, acusado de atentar contra os deuses gregos e corromper a juventude de ateniense. O julgamento de Sócrates está descrito no livro A República, de Platão.

Nenhuma obra de Sócrates foi escrita, ele acreditava que a escrita engessava o pensamento e que a verdadeira filosofia se fazia a partir da reflexão.

Assim, tudo o que se sabe sobre o pensamento socrático é mediado por seus críticos, como Aristófanes e seus discípulos Xenofonte e, principalmente, Platão.

Alguns estudiosos questionam se, de fato, Sócrates existiu ou é uma junção de diversas pessoas da época ou um personagem criado para personificar e exemplificar algumas ideias.

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5. Platão

Platão foi o principal discípulo de Sócrates, seu pensamento é um dos pilares da cultura ocidental.

As teorias desenvolvidas por Platão, sobretudo, seu mundo das ideias - a distinção entre aparência e essência - definem o pensamento e a alma como sendo superiores aos sentidos e o corpo.

Assim, Platão cria o seu chamado dualismo, divisão do mundo em dois, entre o mundo das ideias e o mundo sensível:

  • Mundo das Ideias (mundo inteligível) - Lugar onde residem as ideias, as essências das coisas, que só podem ser conhecidas através da razão. Lugar da alma, da pureza e da verdade.
  • Mundo Sensível - Lugar das imitações das ideias, onde residem as coisas que são conhecidas através dos sentidos. Lugar do corpo, do erro e da opinião.

Platão, por influência de Sócrates, escreveu suas obras em forma de diálogo, suas principais obras são:

  • A República
  • O Banquete
  • Fédon
  • Górgias
  • Teeteto
  • Timeu

Saiba mais sobre Platão em:

6. Aristóteles

Aristóteles foi um discípulo crítico de Platão. O filósofo tornou-se muito conhecido no mundo antigo, tornando-se até mesmo professor do imperador Alexandre, o Grande.

A produção de Aristóteles é muito vasta, seus escritos possuem como temas: ética, política, lógica, física, poética, retórica, etc.

Diferente de Platão, Aristóteles afirmava que o conhecimento tem início nos sentidos, mas que podem evoluir ao pensamento racional.

Seus escritos sobre a política afirmam que os seres humanos são determinados pela natureza a viver em sociedade.

Assim, para Aristóteles, fazer política é o que diferencia o ser humano dos outros animais.

No campo da ética, o filósofo acreditava que o objetivo da vida humana era a felicidade e o Bem, que só poderia ser alcançado através do conhecimento e da prática das virtudes.

Aristóteles contribuiu também para o desenvolvimento da lógica como "um instrumento para o correto pensar", ainda hoje, a lógica aristotélica é base para o conhecimento científico.

Principais obras de Aristóteles:

  • Política
  • Poética
  • Ética a Nicômaco
  • Organon

Veja mais sobre a filosofia aristotélica em:

7. Santo Agostinho

Agostinho de Hipona (354-430 d.C) foi um importante pensador da filosofia cristã desenvolvida na Idade Média.

O filósofo buscou unir a tradição da filosofia grega desenvolvida em um período politeísta, no qual se acreditava em muitos deuses, com a religião cristã, monoteísta (crença em apenas um Deus).

Para isso, Agostinho de Hipona, tomou como base o pensamento de Platão. A distinção feita por Platão entre aparência (falsa) e essência (verdadeira) e a compreensão da alma como sendo superior e mais pura que o corpo serviu de base para o desenvolvimento da doutrina cristã.

Assim, a busca pela verdade através da razão, encontrada no pensamento de Platão, tornou-se a busca pelo conhecimento baseado na fé de Santo Agostinho.

O filósofo é o grande representante de um período da filosofia chamado de "patrística", por ser desenvolvida pelos padres da Igreja.

Principais Obras de Santo Agostinho:

  • Confissões (400 d.C.)
  • A Cidade de Deus (426 d.C.)

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8. São Tomás de Aquino

Tomás de Aquino (1225–1274) foi o principal filósofo do período da filosofia escolástica. Assim como Agostinho de Hipona que resgatou o pensamento de Platão e ligou à religião cristã, Tomás de Aquino fundamentou sua filosofia cristã no pensamento de Aristóteles.

Ao longo de sua obra, o filósofo buscou criar fundamentações lógicas para a fé cristã. A união entre a lógica e a fé é uma marca importante do período podendo ser vista na obra Cinco provas da existência de Deus.

A principal obra de São Tomás de Aquino é a Suma Teológica. (1273).

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9. Maquiavel

O filósofo Maquiavel marca o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna.

Sua obra principal, o livro O Príncipe, é uma revolução no pensamento sobre a política. Nele, o filósofo separa a concepção tradicional da moral que orienta as ações dos indivíduos da razão que deve orientar as ações dos governos.

O que pode ser compreendido como bom e uma qualidade de um indivíduo pode ser mal e representar uma fraqueza para o príncipe. Ao pensamento de Maquiavel é atribuída a frase que afirma que “os fins justificam os meios”.

A principal obra de Maquiavel é O Príncipe (1532).

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10. Descartes

O filósofo René Descartes (1596–1650) é conhecido como o “pai do pensamento moderno”. É com Descartes que o pensamento racional atinge o patamar de superioridades a outras formas de compreensão e assim inaugura a corrente do racionalismo.

Desenvolveu um método (método cartesiano) que serviu de base para o desenvolvimento da ciência. O método cartesiano se fundamenta em quatro etapas:

  • Verificar - observar se aquilo o que se pretende estudar é real.
  • Analisar - desmembrar o objeto a ser conhecido em partes simples de serem compreendidas.
  • Sintetizar - reagrupar os conhecimentos obtidos em um todo verdadeiro e essencial.
  • Enumerar - definir e concluir todo o conhecimento que pode ser extraído do objeto estudado.

A Principal obra de Descartes é o Discurso do Método (1637). Nela, o filósofo desenvolve o princípio da dúvida como método para o conhecimento (dúvida metódica).

Descartes busca algo de concreto que possa servir de base para o conhecimento e, assim, duvida de tudo o que possa existir até chegar na certeza fundamental: o cogito.

O cogito ("penso, logo existo") é o fundamento para todo o conhecimento, tudo o que existe pode ser questionado, menos que se pode duvidar. Para duvidar de algo é preciso pensar e para pensar é necessário existir.

Veja mais em: Descartes.

11. Locke

John Locke (1632–1704) é conhecido como o ‘pai do liberalismo’, definiu que o direito à propriedade é um direito natural dos seres humanos.

O filósofo, de base empirista, criou a teoria do ser humano como tábula rasa, uma folha em branco que vai sendo preenchida através de suas experiências de vida. A experiência torna-se base para o pensamento e ponto de partida para o conhecimento.

Também foi responsável pelo desenvolvimento da teoria das leis e do surgimento do Estado. Para Locke, os seres humanos vivem em comunidade e essa experiência partilhada é fonte de litígios, disputas entre as pessoas, essas disputas só podem ser resolvidas por um terceiro elemento que possa agir como juiz.

Assim, o Estado surge como regulador da sociedade, como garantidor da liberdade e dos direitos fundamentais, sobretudo, o direito à propriedade privada. Os indivíduos firmam um "contrato social", no qual passam a viver sob as regras do Estado.

Essa teoria pertence a uma corrente de pensamento chamada de contratualismo.

A Principal obra de John Locke é o Ensaio Acerca do Entendimento Humano (1689).

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12. Kant

Immanuel Kant (1724–1804) é um dos principais filósofos da Idade Moderna. Ele buscou criar uma revolução do conhecimento filosófico assim como Copérnico havia realizado com a física.

Influenciado pelas ideias do iluminismo, demonstrou a importância da educação e para o esclarecimento e a autonomia moral dos indivíduos.

Para isso, Kant buscou unir as concepções empiristas e racionalistas e criar uma nova compreensão sobre a razão e os limites do conhecimento humano.

No campo da Ética, Kant buscou fundamentar a moral na própria razão, não mais em agentes externos como a religião e criar regras para o seu desenvolvimento.

Principais obras de Immanuel Kant:

  • Crítica da Razão Pura (1781)
  • Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785)
  • Crítica da Razão Prática (1788)
  • Crítica da Faculdade do Juízo (1790)

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13. Hegel

Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770–1831) foi um filósofo idealista alemão. É considerado um marco da filosofia moderna e uma influência para todo o pensamento posterior.

Seu pensamento é centrado na figura do ser, o sujeito, que compreende a si e a tudo o que existe através de sua estrutura dialética: tese, antítese e síntese:

  • Tese: aquilo que é dito ou pensado.
  • Antítese: o oposto da tese.
  • Síntese: união entre os opostos e formação de uma nova tese.

A Principal obra de Hegel é a Fenomenologia do Espírito (1807)

Leia mais em: Hegel.

14. Nietzsche

Friedrich Nietzsche (1844-1900) foi um pensador alemão que se dedicou a criticar duramente a tradição filosófica e a cultura ocidental, sobretudo, a moral judaico-cristã.

Boa parte de sua obra se desenvolve através de aforismos, frases curtas que transmitem uma ideia ou preceito, talvez isso faça com que o autor possua muitas frases conhecidas.

Para o filósofo, a cultura judaico-cristã é a negação da vida por estar fundamentada na morte e no desprezo ao corpo.

Sua filosofia buscou valorizar o ser humano tal como ele. Nietzsche a firma a necessidade do indivíduo superar a si próprio, rompendo com as amarras da "moral de rebanho", como chamou a moral cristã.

Essa superação levaria o ser humano a se tonar o super-homem ou o além do homem (übermensch, em alemão) e “viver a vida como uma obra de arte”.

Principais obras de Friedrich Nietzsche:

  • O Nascimento da Tragédia (1872)
  • Humano, Demasiado Humano (1878)
  • Gaia Ciência (1882)
  • Assim Falou Zaratustra (1883)
  • Para Além do Bem e do Mal (1886)
  • Genealogia da Moral (1887)

Veja também: Nietzsche.

15. Simone de Beauvoir

Simone de Beauvoir (1908–1986) foi uma filósofa feminista do existencialismo francês. Seu livro, O Segundo Sexo, é uma das principais obras do século XX. Nele, a filósofa desenvolve uma teoria crítica da sociedade que nega a mulher como sujeito.

Para ela, na perspectiva tradicional, o homem é tomado como o ser humano universal, enquanto a mulher é empurrada para uma condição de subalternidade, como o outro, o não-homem, o segundo sexo.

Com isso, a autora reforça a ideia existencialista de que as mulheres, enquanto seres humanos, não possuem uma essência predeterminada. É a partir da experiência que constroem o seu próprio ser.

Principais obras de Simone de Beauvoir:

  • A Ética da Ambiguidade (1947)
  • O Segundo Sexo (1949)
  • Memórias de uma Moça Bem-comportada (1958)
  • A Força da Idade (1960)
  • A Força das Coisas (1963)

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Pedro Menezes
Pedro Menezes
Licenciado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Porto (FPCEUP).